A Revolução de Abe
Soulstorm acontece logo após os eventos de New 'n' Tasty, onde Abe liberta seus colegas da RuptureFarms, fábrica que usaria carne de Mudokons em seu novo produto. Com isso, o protagonista é venerado pelos demais de sua raça, que iniciam rebeliões em todas as fábricas de Modus.
Após ajudar seus companheiros a fugir de seu esconderijo, descoberto pelo vilão Mullock, Abe deve encontrar The Keeper ao mesmo tempo que precisa curar os outros Mudokons de uma doença causada pelo Soulstorm, uma bebida que os torna dependentes e obedientes aos Glukkons.
O jogo conta com um enredo interessante e personagens divertidos, além de ter um humor um tanto quanto antiquado mas característico da franquia e que deve agradar aos fãs de longa data. A evolução da história acontece a passos largos e conta com dois finais, deixando abertura para a continuação da série, programada para ter cinco jogos. Soulstorm possui 15 fases, além de duas secretas, e, em sua grande maioria, têm um enorme tempo de duração, levando mais de uma hora para serem concluídas.
Evoluiu nos gráficos, mas não na experiência
Como um jogo de plataforma e ação, Oddworld: Soulstorm possui uma jogabilidade um tanto quanto datada, tendo elementos ultrapassados misturados com recursos comuns de hoje em dia, porém aplicados de forma equivocada e desnecessária.
Abe pode realizar pulos duplos, escaladas, mover-se lentamente para não fazer barulho e arremessar diversos itens para distrair inimigos ou liberar sua passagem. Ele também pode cantar para controlar a mente de inimigos e ativar o Portal de Pássaros para deixar Mudokons resgatados em segurança.
Por diversas vezes, a jogabilidade do título foi bastante falha e irritante: arremessos de objetos com péssima precisão, assim como pulos e subir em plataformas; ações que não são realizadas e até mesmo vasculhar algum armário ou lata de lixo já revirado, próximo ao que o cursor realmente apontava. Diversas mortes acontecem por falhas de comandos ou alta imprecisão nos movimentos de Abe.
Como já dito, o personagem pode procurar por itens que auxiliam no avanço das fases e resolução de puzzles, além de objetos para criar outros artefatos após ter as receitas liberadas. O sistema de crafting foi implementado de forma equivocada e torna-se completamente desnecessário. São poucos momentos em que de fato o recurso é utilizado, já que a maioria dos itens necessários nas fases são encontrados pelos cenários. Na metade do jogo, eu possuía apenas duas receitas liberadas, e em uma fase em que eram inúteis.
Ao longo das fases, encontramos Mudokons doentes ou escravizados, que podemos curar ou libertar de seus trabalhos e conduzir para o Portal de Passáros mais próximo. Para controlar os companheiros, que fornecem energia extra para o canto de Abe, há comandos para mandá-los parar ou segui-lo.
Como eles seguem todos os seus passos, são vulneráveis a qualquer ameaça dos cenários e morrem com apenas um dano, depende totalmente de Abe conseguir levá-los ao portal da forma mais segura possível. A quantidade de Mudokons salvos por fase definem qual final o jogador presencia.
O sistema de salvamento também é um problema por vezes. Pelo fato de as fases serem muito longas, há diversos checkpoints espalhados. Porém, não é possível salvar o jogo novamente no último totem utilizado, sendo necessário aguardar o próximo para salvar o progresso.
Com isso, ao morrer, deve-se coletar todos os itens e segredos novamente, resgatar os Mudokons de novo e refazer outras tarefas até encontrar o próximo ponto de controle. Durante a jogatina, isso se torna maçante e cansativo ao ponto de você querer desistir de itens e aliados e apenas seguir com a fase.
Soulstorm é um jogo de plataforma 2.9D. Isso significa que o jogo é todo em 3D, mas segue no formato side-scrolling. Infelizmente, alguns elementos clássicos do gênero não aparecem no título, como fugas com obstáculos e lutas com chefões, mesmo que fosse com interações no cenário para causar dano ao adversário. A variedade de inimigos também é baixíssima, contando com os famosos Sligs, além de uma ou outra nova criatura.
Para finalizar, o título é bastante repetitivo, com fases que possuem objetivos finais distintos mas poucas diferenças de jogabilidade ou desafios entre si. No final, a campanha se resume a resgatar Mudokons, passar por Sligs e arremessar objetos com pouca precisão até se tornar cansativo e desinteressante. Ao menos os gráficos tiveram uma grande evolução, se comparados com os do jogo anterior, e as cinemáticas são dignas de animações de grandes estúdios.
Algo velho que quer se passar por novo
Oddworld: Soulstorm nos passa a impressão de ser um jogo de PS1 jogado no PS4 ou PS5. Apesar da história interessante e dos belos gráficos, ele é repetitivo, cansativo, datado e com jogabilidade imprecisa que torna alguns desafios mais difíceis do que realmente deveriam ser, além de sistemas de crafting e salvamento que não funcionam muito bem. Para os fãs mais antigos da franquia e quem adicionou à biblioteca do PS5 pela PS Plus, vale tentar. Já para os que querem ter uma boa experiência de plataforma, é melhor passar longe.
Prós
- História interessante;
- Ótimos gráficos.
Contras
- Jogabilidade com muitas falhas e imprecisa;
- Crafting e salvamento mal-implementados;
- Fases repetitivas;
- Pouquíssima variedade de inimigos.
Oddworld: Soulstorm - PS4/PS5/PC - Nota: 5.0Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Microids