Onimusha 3: Demon Siege (PS2) é uma aventura formidável que não merece se perder no tempo

Relembre um dos mais cultuados títulos da biblioteca do PlayStation 2 em uma das franquias da Capcom que ainda vive de forma tímida na geração atual.

em 09/03/2021

Tenho um apreço mais que especial pelo PlayStation 2 por vários motivos. Não apenas por ser um dos melhores consoles da história, mas também por ter sido o primeiro videogame que tive o prazer de comprar graças ao meu trabalho. O console que adquiri em 2004 continua funcionando perfeitamente até hoje e até serviu de modelo para uma matéria especial sobre os 20 anos de seu lançamento que tive o prazer de produzir no ano passado.


Mas como falar de um aparelho tão importante para a indústria sem mencionar seus jogos? Por isso, escolhi um em especial que foi o que me apresentou para a então nova geração naquela época. Ainda me lembro de quando cheguei na locadora que costumava frequentar para jogar desde a época do ensino médio e vi a abertura de Onimusha 3: Demon Siege, um lançamento recente, na TV da loja. Eu fiquei literalmente apaixonado e hipnotizado com o que estava passando na minha frente, e foi naquele momento que decidi que queria um PS2.

De volta para o futuro, no passado

A trama de Onimusha 3 tem início em um momento decisivo no ano de 1582. Depois de um período desaparecido, decorrente dos acontecimentos do primeiro jogo, o nobre Samanosuke Akechi retorna não só como protagonista, mas também para comandar uma investida final no Castelo Honnoji. O herói ficou ausente durante um período para aperfeiçoar suas habilidades, principalmente o controle dos poderes provenientes da Manopla Oni, que lhe permitiu se transformar no lendário guerreiro Onimusha.

Na abertura do jogo é possível ver que Samanosuke está em uma missão importante para evitar que uma massiva tropa de guerreiros Genma chegue para dar assistência a seu mestre sombrio, Nobunaga Oda. A investida do clã Akechi em Honnoji culmina em um embate final entre o samurai e seu nêmesis, mas algo improvável acontece, podendo mudar para sempre o rumo desta história. Prestes a receber um ataque mortal de Nobunaga, Samanosuke é sugado por um portal temporal que o leva para outro lugar, em outra época.
A vida de Samanosuke fica por um fio no duelo contra Nobunaga
Em 2004, na cidade de Paris, tropas Genma misteriosamente invadem e massacram a população local. Dando assistência no que é possível, um implacável policial chamado Jacques Blanc, interpretado pelo ator francês Jean Reno, luta com todas as forças para defender os cidadãos. Neste momento, Samanosuke surge na Paris de 2004, perdido e sem saber o que está acontecendo. Os dois heróis têm um breve encontro até que o samurai, ao ver a ameaça dos Genma contra os franceses, parte para o ataque enquanto um segundo portal se abre levando Jacques para o Japão do século XVI, 10 dias antes do ataque a Honnoji.
O policial linha dura e o samurai têm um breve encontro antes de seus caminhos divergirem
No passado, o policial é assistido por um espírito Oni que, assim como Samanosuke, também o equipa com uma arma especial, um chicote, e uma Manopla Oni para lutar contra os inimigos no passado e ajudar o Samanosuke daquela época a cumprir seu objetivo. Cabe agora aos dois heróis lutarem juntos, mas em épocas diferentes, contra a iminente ameaça Genma que quer não só destruir tudo, mas também criar um verdadeiro caos em diferentes épocas da história.

Ação de qualidade em sua melhor forma

A jogabilidade de Onimusha 3 segue a mesma receita de seus dois antecessores, lembrando muito os tempos de outros jogos clássicos da Capcom como Resident Evil e Dino Crisis, e os jogos da série Devil May Cry, que também surgiram na mesma época. Muitos jogos da empresa seguiram essa fórmula, o que acabou sendo um estilo bastante popular para diversos jogos lançados durante a vida do PlayStation 2.

Samanosuke e Jacques lutam de forma parecida, apesar de algumas peculiaridades. O francês tem a vantagem de poder se locomover verticalmente em pontos específicos graças ao uso de seu chicote e armas que lhe dão uma vantagem no quesito de alcance, como lanças e maças. Já o samurai dispõe de um arsenal de armas mais poderosas, como espadas e flechas imbuídas de poder elemental.
Samanosuke é extremamente habilidoso com a espada
Uma mecânica bem interessante que o jogo apresenta, por possuir a premissa da viagem no tempo, é a interação entre os dois. Ako, uma Tengu que começa a aventura ajudando Jacques no passado, é capaz de dar saltos temporais para ajudar Samanosuke no presente. Em determinados momentos estamos jogando com os dois heróis no mesmo local, cada um em sua época, e é a Tengu quem oferece uma assistência extra quando algo que Jacques realiza no passado influencia no futuro para Samanosuke, e vice-versa em alguns momentos. Além de permitir o transporte de itens importantes ou comuns, como cura ou recuperação de magia, de um para o outro.
Jacques é ágil e capaz de realizar vários truques contra os inimigos
Derrotar inimigos libera vários orbes no ambiente que devem ser absorvidos pela manopla dos heróis para recuperar pontos de vida, magia e almas, usadas para fazer melhorias nas armas e na armadura de Samanosuke e no traje de Jacques para que assim possamos aguentar o tranco até o fim do jogo, visto que os inimigos começam a se tornar cada vez mais fortes e resistentes. Fora a capacidade de se transformar no lendário guerreiro Onimusha para desferir poderosos golpes, principalmente contra os chefes.
Alguns baús possuem trancas na forma de quebra-cabeças
Há momentos, inclusive, em que assumimos o papel de uma terceira personagem. Michelle é membro da elite da polícia e namorada de Jacques, e não é bem aceita por Henri, o filho do policial. Além de a história também mostrar que ela e o garoto acabam precisando se entender para poderem ajudar o pai que está preso no passado, nos momentos em que jogamos com ela temos um “descanso” das lutas com espadas e chicotes, podendo matar os nefastos Genma usando metralhadoras, fuzis e granadas. Dá até pra dizer que é uma pitada de Resident Evil na aventura.
Quem não tem Jill, vai de Michelle
Após uma intensa campanha recheada de inúmeros inimigos, desafios de habilidade, quebra-cabeças, chefes e uma história com vários momentos emocionantes, Samanosuke e Jacques conseguem voltar para suas respectivas épocas e colocar o tempo em ordem. O francês consegue ajudar o Samanosuke do passado a chegar até Honnoji enquanto, no presente, o implacável samurai consegue acabar com os planos dos Genma de dominar o mundo naquela e em outras épocas da história.
Os heróis triunfam em sua grandiosa aventura

Uma série levemente adormecida

O último lançamento da série principal ocorreu em 2006, com Onimusha: Dawn of Dreams. Desde então, a série é mais uma de várias da Capcom que permanecem adormecidas, mas sempre lembradas com carinho pelos fãs. Em 2019, Onimusha: Warlords, primeiro jogo da franquia, foi remasterizado e lançado para PC, PS4, Xbox One e Switch. E bem recebido pelos fãs de longa data da franquia, além de dar um ar de esperança para o retorno de Onimusha.

Seria essa uma tentativa da Capcom de ver a relevância da série atualmente para trazer os demais jogos de volta, ou quem sabe até mesmo um novo? Capcom, seu filho está pronto! Pode mandar os outros jogos de volta também! Um motivo que pode impedir isso são os direitos do personagem Samanosuke, que não pertencem à Capcom por conta dos direitos de imagem do ator Takeshi Kaneshiro, que empresta seu rosto e sua voz para a versão japonesa do game.
Takeshi Kaneshiro em A Batalha dos Três Reinos (2008)
Mas até que este dia chegue fico com as boas lembranças de Onimusha 3: Demon Siege. Um título obrigatório para todo dono de PS2 naquela época, e sempre. Uma série que, pra mim, acho que teve suas pitadas de inspiração para outros que temos atualmente, como Nioh, Sekiro: Shadows Die Twice e Ghost of Tsushima. Os samurais nunca estiveram, e jamais ficarão fora de moda.

Revisão: Ives Boitano

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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