Análise: Gal*Gun Returns (PC/Switch) é um jogo de tiro com garotas zumbificadas pelo amor

Combinação inusitada de rail shooter e dating sim precisava de um pouco mais de polimento.

em 17/02/2021

Iniciada em 2011, a série Gal*Gun tem uma premissa inusitada. Com gameplay estilo rail shooter, o jogador precisa atirar em garotas apaixonadas que querem se declarar para o protagonista. Gal*Gun Returns é uma edição remasterizada do primeiro jogo da série, que ainda não havia sido lançado no Ocidente.

Um dia especial

A primeira opção de jogo de Gal*Gun Returns é o modo história. Nela, o protagonista, Tenzou Motesugi, recebe flechas de cupido que teriam o objetivo de dar ao rapaz uma boa oportunidade de romance naquele dia. No entanto, Patako, a garota anjo em treinamento, errou a dose e atirou o suficiente para que o garoto tivesse toda a sorte de uma vida em um único dia.


Isso significa que, apesar da sua popularidade excessiva não parecer a princípio um problema, o rapaz nunca mais terá a oportunidade de fazer sucesso com ninguém. Por conta disso, ele precisará então escolher uma garota para a qual gostaria de se declarar, fugir das loucas correndo atrás dele freneticamente e se esforçar para conquistar um final feliz.

O gameplay funciona como um rail shooter com visão em primeira pessoa. O protagonista anda por cenários da escola e algumas garotas que desejam se declarar para ele aparecem na tela. Para avançar é necessário atirar feromônios nelas para deixá-las em êxtase e evitar os seus ataques.

Além de avançar em direção ao jogador para entregar cartinhas ou conversar, algumas garotas podem gritar para atingi-lo à distância. Tenzou pode interceptar esse ataque atirando nas palavras em japonês, cujo ponto fraco são os ideogramas vermelhos.

Um detalhe interessante é que todas as garotas têm algum ponto fraco. Movendo o cursor em cima da personagem, uma mensagem indica essa fraqueza com a cor específica. Gravando o padrão, podemos então atacar o ponto correto, derrubando as garotas em um único ataque, chamado de Ecstasy Shot.

Outra forma importante de lidar com essas adversárias do romance de Tenzou é ativando o Doki Doki Field. Ao preencher um pouco a barra de coração no canto inferior direito da tela, o rapaz ganha a oportunidade de usar esse poder especial, que o transporta para uma espécie de mundo alternativo no qual é possível focar em uma única personagem.

Lá, o jogador deve procurar os pontos fracos da garota, se aproximar deles e atirar até preencher a barra Doki Doki dela. Quanto maior a interjeição mostrada ao mover o cursor para o ponto selecionado, mais poderoso será o ataque. Vale destacar que a personagem tentará se defender ocasionalmente, então é vantajoso alternar entre as áreas de vez em quando.


Fazer o Doki Doki traz também algumas vantagens. A primeira delas é o fato de que a personagem explode em euforia, atingindo as garotas em seu entorno. Ou seja, em situações onde o jogador está cercado, essa pode ser uma excelente forma de resolver o problema rapidamente.

Outra vantagem é a mudança de estatísticas do protagonista. Tenzou possui quatro atributos (inteligência, atletismo, fashion e perversão) e eles podem ser alterados para mais e para menos ao realizar o Doki Doki. Por fim, detalhes do perfil da personagem são adicionados a um menu separado.

Realizar o Ecstasy Shot e o Doki Doki são importantes técnicas para obter pontuações mais altas. Vale destacar que o jogo conta com um sistema de High Scores e também com um modo Score Attack. Ou seja, fãs de títulos mais arcade se sentirão bastante recompensados em dominar as técnicas de tiro.

Com bala na agulha para o romance

Um detalhe curioso de Gal*Gun Returns é a sua combinação desse aspecto mais arcade de tiro com o funcionamento de um dating sim. A ideia é que cada personagem tem sua própria rota e, para conquistá-la, Tenzou terá que suar a camisa.

Primeiramente, cada personagem tem uma preferência em termos de atributos. Ou seja, pode ser necessário ter muita inteligência para uma e muito atletismo para outra. Ao final de cada fase, o jogador recebe uma avaliação e é visível o brilho nas barras de atributos que atendem à condição desejada.


Outro aspecto fundamental são as escolhas. Cada fase é composta por áreas em que é necessário atirar em garotas e encontros com a potencial namorada. Nesses trechos de diálogo, o jogador conta com três opções de resposta e escolher a opção correta irá favorecer a obtenção do melhor final.

Além disso, os encontros com as personagens também levam a minigames especiais. Cada personagem tem o seu próprio, incluindo atirar em carneirinhos após escolher uma pose, acertar uma criatura com tentáculos e derrubar as portas de uma jaula que está sendo carregada por um helicóptero.


As situações são super exageradas e combinam bem com a proposta bizarra do jogo. Além disso, esses minigames ajudam a oferecer variedade de gameplay, quebrando a estrutura das fases. Ao final, é necessário utilizar o Doki Doki Field também na garota desejada, mas ao contrário das personagens comuns, ela estará protegida por guardiões, sendo necessário se defender dos seus ataques. Há também uma batalha final com ela que envolve evitar projéteis e derrubar a garota.

Obter o final verdadeiro também libera o modo Doki Doki Carnival. Nele, o jogador passa por fases que cobrem exclusivamente o Doki Doki Field. Porém, ao invés de ter apenas uma personagem por vez, é preciso equilibrar várias garotas ao mesmo tempo para obter uma boa pontuação.

Em todos os modos do jogo, são obtidas penas que servem para desbloquear artes na galeria. Elas incluem imagens conceituais, artes promocionais, ilustrações de convidados, entre outras coisas.

Um remaster mais simples do que deveria

Infelizmente, apesar de todos os elementos interessantes de gameplay, o jogo peca em alguns aspectos. O primeiro deles é a falta de um tutorial que dê conta das nuances de gameplay. Há muitos pequenos detalhes que valeriam uma boa explicação.

Além disso, mesmo com o visual remasterizado, Gal*Gun Returns é um tanto datado e feio. As áreas são pouco detalhadas e há até mesmo um ponto do jogo em que uma imagem horrorosa de uma casa é colocada em uma janela para simular o exterior, algo que simplesmente não funciona. O visual é, na maior parte do tempo, aceitável para quem está acostumado a jogos de fanservice similares, mas poderia ter recebido mais polimento.


De forma geral, Gal*Gun Returns é uma mistura curiosa e divertida de jogo de tiro com dating sim. Mesmo que a premissa de atirar em garotas sedentas pelo protagonista possa parecer um tanto fraca, o título oferece uma experiência sólida do gênero. Com mais polimento, essa edição remasterizada poderia ter demonstrado melhor as suas qualidades, mas não foi desta vez.

Prós

  • Sistema de tiro detalhado, cheio de pequenas mecânicas como o Ecstasy Shot;
  • O sistema de pontuação e o modo Score Attack incentivam o domínio de jogo;
  • Os minigames ajudam a dar variedade ao gameplay;
  • Elementos de dating sim, como estatísticas e escolhas que podem alterar o final.

Contras

  • Explica mal elementos importantes do gameplay;
  • Graficamente feio e datado.

Gal*Gun Returns – PC/Switch – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela PQube Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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