Análise: Controle Hyperkin Duke (XBO/PC) é o remake do controle do Xbox original

Para jogar os clássicos como eles foram imaginados.

em 18/02/2021

O Hyperkin Duke é uma recriação do primeiro controle clássico do Xbox original, combinando a estética e as características físicas do periférico original com funções modernas e compatibilidade com as plataformas mais recentes da Microsoft.

Se você consultar qualquer lista de "piores controles de videogame de todos os tempos", encontrará nela três presenças garantidas: os controles do Jaguar, do Dreamcast e do primeiro Xbox, carinhosamente apelidado de "Duke". Mas será que o primeiro controle para consoles Microsoft é tão ruim assim? E por que a Hyperkin decidiu relançá-lo? E por que tem gente como eu que compra?
 
Meu primeiro contato com o Duke foi em um evento do Museu do Videogame Itinerante, onde tive a oportunidade de jogar um Xbox original com o famoso controle. Ele era enorme, de fato, mas para minha surpresa, o periférico se mostrou surpreendentemente confortável e leve, apesar de sua aparência não passar essa impressão.

Infelizmente não era possível usar estes controles para jogar nos computadores ou consoles modernos, porque seu conector era específico para aquele console. Pensando nas pessoas que gostam de retrogaming ou que sentem nostalgia pelo primeiro Xbox, a Hyperkin decidiu lançar um “remake” do Duke, compatível com PC e consoles atuais da Microsoft.




À primeira vista, o Duke parece um trambolho. Mede quase 17 cm de largura e pesa 340 g, o que faz duvidar que ele seja ergonômico. Mas o impressionante é que ele de fato o é, pelo menos para pessoas com mãos grandes como as minhas. Sua construção é bem sólida e robusta e os materiais são de alta qualidade, passando uma sensação de durabilidade.

Melhorias em relação ao original

O que mais chama a atenção no Duke, depois do tamanho, é seu colossal botão central. No controle original esse botão não possui função alguma além de ser uma bolha gigante no meio do dispositivo. Na versão moderna essa bolha é funcional, agindo como o botão Home do Xbox. Esse botão central agora possui uma tela de OLED que exibe a animação de inicialização do Xbox original sempre que é pressionado. Essa função estava prevista para o controle original, mas foi cortada por motivos de custo, e para nossa alegria ela foi resgatada e introduzida no remake da Hyperkin. Sua função é meramente estética, mas incrivelmente legal.




Outra melhoria sutil é na borracha que recobre as alavancas analógicas, que agora têm mais qualidade, melhor sensação ao toque e melhor aderência em relação ao original. O curso das alavancas é ligeiramente maior, o que melhora a precisão em jogos de tiro e corrida.

Dois botões de ombro extras, inexistentes no original, foram acrescentados para facilitar o uso de LB e RB. Esses gatilhos possuem as mesmas funções dos botões branco e preto na face e possivelmente foram criados para aqueles que não estão habituados com o padrão de seis botões e preferem pressioná-los com os indicadores, como nos controles modernos. Porém eles são pequenos e seu posicionamento é estranho, distantes dos gatilhos LT e RT, o que faz com que esses botões acabem sendo deixados de lado pela falta de ergonomia.




Os slots para cartões de memória do controle original não estão presentes em sua versão moderna, o que faz todo sentido já que esses cartões são desnecessários nas plataformas atuais. Naquela época, os fones de ouvido eram conectados através desses slots e na versão moderna do controle foi acrescentado um conector de áudio padrão de 3,5 mm, uma solução muito mais prática e compatível com a maioria dos fones de ouvido e headsets existentes no mercado.



Somente com fio

O controle acompanha um cabo Micro-USB de 2,7 m de boa qualidade. Isso é importante, pois ele só funciona com fio, não possuindo conectividade wireless, que é reservada exclusivamente para controles fabricados pela Microsoft. Sem dúvida o aparelho seria mais prático se tivesse a opção de funcionamento sem fio. Por outro lado, quem compra este controle está procurando a experiência de jogar com um controle Duke clássico, e essa sensação é melhor obtida em um controle com cabo.
    


Na minha opinião o acessório deveria utilizar o padrão USB-C, mais moderno, mais robusto e com conexão reversível. O conector fica dentro de um buraco quadrado, então não é qualquer cabo USB que se encaixa no aparelho e ele só se entra em uma posição específica.

Por possuir seis botões de face, tal qual um fighting pad, imaginei que o Duke seria bom para jogos de luta. Mas a verdade é que… infelizmente não. Apesar de a posição e a qualidade dos botões serem muito boas, o D-pad é fiel ao controle original, com um relevo estranho para os dias de hoje. Embora seja confortável para repousar o polegar, sua responsividade é inferior aos controles Xbox modernos, especialmente os modelos Elite ou o novo controle com D-pad híbrido do Xbox Series. Porém, nos meus testes práticos eu achei o layout com 6 botões de face bastante interessante para curtir jogos do Sega Saturn no PC.




Mas se o seu objetivo é jogar os clássicos de Xbox neste controle, prepare-se para uma experiência fascinante. Abrir a Master Chief Collection e jogar Halo: Combat Evolved da maneira como ele foi idealizado pelos desenvolvedores é fantástico. O mesmo se aplica a clássicos como Crimson Skies e Indiana Jones and the Emperor's Tomb.

Vale a pena?

É interessante ver como o design de controles evoluiu nas últimas duas décadas. Do ponto de vista prático, os controles modernos de Xbox são mais baratos e superiores ao Duke em todos os critérios técnicos. Para a maioria dos jogadores, os controles atuais são uma escolha mais racional do que o acessório da Hyperkin.

Mas trata-se de um item de colecionador e, para esse tipo de artigo, o ponto de vista prático não é realmente importante, mas sim as sensações que ele traz. Podemos fazer um paralelo com o relançamento do Game&Watch comemorativo da Nintendo, que não supera nenhum videogame portátil moderno no aspecto técnico, mas é um produto legal com apelo à nostalgia e boas lembranças.




O Hyperkin Duke é um periférico de nicho que cumpre muito bem sua proposta de entregar com fidelidade a sensação de sua versão original. Fidelidade tal que a maioria das críticas que se aplicam à ergonomia da versão original também se aplicam a esta, mas esse é exatamente o charme e o apelo deste acessório. Não é um controle que agradaria a todos, mas acredito que aqueles que têm uma sensação nostálgica em relação ao Xbox original ou que se interessam pela história dos videogames verão no Hyperkin Duke uma visita deliciosa ao passado que enriquece consideravelmente a experiência de retrocompatibilidade no Xbox.

Prós

  • Fidelidade à versão original;
  • Compatibilidade com sistemas Xbox One, Xbox Series e PC;
  • Acréscimo de facilidades modernas como botão home e conector para fone de ouvido;
  • Botão central funcional e com um bonito efeito visual;
  • Construção de alta qualidade, robusta e durável.

Contras

  • Tamanho grande pode ser desconfortável para alguns jogadores;
  • Não possui conexão sem fio;
  • Conector Micro-USB poderia ser USB-C;
  • Gatilhos extras em posição pouco ergonômica;
  • Mais caro que um controle padrão de Xbox One/Series.

Controle Hyperkin Duke – XBO/PC – Nota: 8.0
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com periférico adquirido pelo redator

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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