Em 18 de dezembro completei oito meses de muito entusiasmo por estar escrevendo sobre jogos eletrônicos no GameBlast. Foi nesse espaço que eu conheci novas pessoas, tive a oportunidade de testar grandes jogos e, é claro, compartilhar minhas visões sobre eles, tentando sempre estabelecer conexões entre nossa inestimável vida que, às vezes, é um sopro.
Em julho, publiquei uma crônica chamada "Uma reflexão pessoal sobre videogames e identidade", na qual expressei todo o meu amor pelos jogos em um texto repleto de suavidades. Eu acredito que, ao fazer isso, estou ajudando as pessoas a prosperarem e compartilharem suas histórias, ao mesmo tempo que busco encontrar em mim a superação dos meus próprios medos, que às vezes me consomem.
O GameBlast também ajudou a ressignificar o meu próprio estilo de vida e a tratar minhas imperfeições de maneira mais otimista. Sou grato por ter percebido que este é um dos melhores lugares que poderia estar, principalmente em um ano tão atípico quanto esse; certamente, foi um período extremamente pesado e psicologicamente desgastante para todos nós, no qual vidas e sonhos foram interrompidas abruptamente. Particularmente acho que ele teria sido muito pior para mim se não tivesse divulgado esse texto hoje, dia 25 de dezembro.
Sem mais delongas, trago a vocês uma lista especial dos cinco jogos que me trouxeram leveza, alegria e que aqueceram o meu coração neste ano turbulento. E, nada melhor que falar sobre isso no dia de Natal, uma época agradável e cheia de esperança.
Crash Bandicoot 4: It's About Time (PS4/XBO)
Crash Bandicoot é uma série extremamente popular e, não há como negar a influência que ela tem na indústria desde a sua criação, no final da década de 90. Foi a partir desse sucesso todo e também por causa da remasterização de 2017 que a Activision resolveu lançar Crash Bandicoot 4: It's About Time e, graças ao GameBlast, pude experimentar essa nova e alucinante aventura do marsupial.
Com muitos saltos, giros e coisas malucas, como só esse personagem sabe proporcionar para o público, acabei sendo arrastado pelo espaço-tempo em uma jogatina viciante e ao mesmo tempo cruel. It's About Time sabe muito bem como dosar e integrar elementos da trilogia original com novas ideias, e isso o tornou verdadeiramente desafiador – e um pouco terrível também. No final das contas, foi uma experiência muito satisfatória, cheias de surpresas e diversão. Acho que nenhuma outra mídia me fez rir tanto com sua narrativa inteligente e repleta de humor.
Bugsnax (Multi)
Quando Bugsnax foi anunciado em julho, não consegui ver nada de convincente ou interessante no título da Young Horses Inc. Para mim, era mais um daqueles jogos desenvolvidos sem criatividade alguma e que resultaria em nenhum grande retorno emocional. O tempo foi passando e, em novembro, resolvi me candidatar para analisar o jogo, já que estava acostumado a pegar os "defeituosos" – Ary and the Secret of Seasons (Multi) e Tamarin (PC/PS4), me perdoem por citar vocês aqui. Mas, o que era pra ser um desastre iminente, logo se tornou uma das experiências mais bonitas do ano.
Bugsnax não é perfeito, mas a fórmula brilhante utilizada pelo estúdio fez com que ele fosse divertido e ao mesmo tempo aconchegante. Temas como saúde mental, união e amizade são tratados com delicadeza e os personagens adoráveis farão você se sentir confortável. Além disso, ele utiliza uma combinação sem igual de elementos da série Pokémon e Pokémon Snap para manter você atento enquanto explora o mundo em busca de criaturas metade inseto, metade lanche.
Estamos presenciando uma era de mudanças na indústria do entretenimento e jogar títulos com gráficos modernos e quase fotorrealistas é muito mais fascinante. Eu tive essa mesma concepção até o lançamento de Bugsnax e, apesar de já amar jogos independentes como Celeste (Multi) e Ori and the Blind Forest (Multi) bem antes de 2020, os AAA sempre foram mais importantes. Acredito que, desde que todos ofereçam estabilidade para jogar, gráficos ou performances absurdas não são necessários para você se sentir bem ou se divertir.
Sackboy: A Big Adventure (PS4/PS5)
Uma das coisas que mais gosto em qualquer obra interativa é a capacidade que elas têm de aguçar a nossa imaginação. Sackboy: A Big Adventure faz exatamente isso, trazendo características criativas e originais de forma significativa enquanto coloca o jogador para explorar um mundo visualmente impecável, repleto de cor, música e alegria. O título da Sumo Digital me fascinou desde o seu anúncio, e é claro que eu não poderia deixar o ano acabar sem tê-lo explorado.
Um jogo de plataforma 3D como este merece atenção pelo simples fato de ser descomplicado. Os níveis musicais me encantaram de uma forma absurda, principalmente porque eu comecei a cantar e dançar junto com o controle em mãos no sofá da minha casa, querendo absorver toda a felicidade transmitida. É realmente uma grande aventura e um jogo que me fez sorrir como se não restasse mais nada a fazer no mundo.
The Last of Us Part II (PS4)
Se The Last of Us não fosse tão bom pela sua impressionante narrativa, eu continuaria apaixonado por sua ambientação, que considero uma das melhores da década. Costumo dizer para uma amiga que meu maior sonho é ver "o mundo se tornar The Last of Us", porque é muito instigante imaginar cidades inteiras sendo retomadas pela natureza.
Ao jogar os títulos da franquia, me sinto abraçado pelos ambientes, onde o silêncio e a solidão reinam e são representados por áreas com diferentes tons sombrios, impregnadas pela destruição. Mas querer um apocalipse em meio a maior crise de saúde pública mundial do último século é uma ideia meio cruel, então ele está na minha lista somente porque é uma excelente obra fictícia.
Em The Last of Us Part II novamente sou atraído pela ambientação, e posso afirmar que ao explorar Seattle me senti verdadeiramente imerso em um mar de emoções. Ficar analisando cada casa, imóvel ou prédio e observar as ruas alagadas foram atividades prazerosas de se fazer. O horizonte afirmava que um apocalipse havia devastado aquelas áreas inabitáveis e elas eram simplesmente bonitas demais para serem ignoradas.
Em relação à narrativa, a sequência de The Last of Us (PS3/PS4) entrega – de novo – uma das mais importantes abordagens dos últimos anos, trazendo à tona assuntos pesados, como ódio e vingança, assim como tema mais sutis, como empatia e perdão. Todos eles são transmitidos em uma história poderosa, que eu particularmente demorei para digerir; foram semanas de reflexão sobre o quão humanos ou não podemos ser. No fim das contas, o novo jogo da Naughty Dog foi um lançamento essencial, embora o estúdio tenha sido um tanto quanto irresponsável por criar um ambiente interno de desenvolvimento à base de crunch time.
The Last Campfire (Multi)
Todos os jogos destacados acima foram especiais, mas aquele que mais me tocou com sua suavidade foi The Last Campfire, um título indie publicado pelo mesmo estúdio de No Man's Sky (Multi). O jogo conta com uma direção artística e uma trilha sonora que encantam os olhos e ouvidos do jogador.
Para um ano tão difícil como 2020, a busca por histórias que transmitem sentimentos de esperança foi uma tarefa desafiadora, mas aparentemente The Last Campfire chegou no momento certo, com belas mensagens sobre seguir em frente e não desistir. É uma radiante fábula interativa sobre a luz e a bondade que existem em cada um de nós e apresenta personagens adoráveis para aquecer nossos corações.
Novo ano, novas aventuras
Além dos meus cinco jogos preferidos de 2020, listados acima, posso citar outros lançamento que pude experimentar, como Cloudpunk (Multi), A Tale of Paper (PS4), Wildfire (Multi), Space Invaders Forever (PS4/Switch), Shady Part of Me (Multi), A3: Still Alive (Mobile), Tamarin (PC/PS4) e Ary and the Secret of Seasons (Multi). Alguns foram satisfatórios, outros não, mas ainda assim trouxeram algum significado, mesmo que superficial. Também joguei alguns lançamentos de anos interiores, como Monument Valley 2 (Mobile), Florence (Multi), Starlit Adventures (Multi), Super Mario Odyssey (Switch) e Prune (Mobile) – esse último é simplesmente magnífico e um dos melhores títulos para dispositivos móveis da última década.
Entre os lançamentos mais esperados do próximo ano, a meu ver, estão Hitman III (Multi), Kena: Bridge of Spirits (Multi), Horizon Forbidden West (PS4/PS5), Stray (Multi) e Open Roads (Multi). Sou fascinado por jogos minimalistas e com narrativas de significado profundo, por isso espero mais dessas experiências em breve.
Que venham novas jornadas inesquecíveis no ano que se aproxima. Boas festas e um excelente e seguro 2021!
Revisão: José Carlos Alves