Meus jogos favoritos de 2020 — Mário Carvalho

Os redatores do GameBlast falam sobre os títulos que mais curtiram entre os lançamentos deste ano.

em 11/12/2020


Meu 2020 foi um ano repleto de altos e baixos. Os problemas gerados em decorrência da pandemia do Covid-19 afetaram a rotina e os planos de todos de forma drástica. Ainda assim, mesmo com tantos contratempos, acredito que foi um ano incrível para a indústria dos jogos. Tivemos o lançamento de títulos memoráveis, além da chegada da nova geração de consoles.  

Pessoalmente, me considero um felizardo por ter a oportunidade de desempenhar meu trabalho de casa, resguardando minha saúde e da minha família. Em contrapartida, fui pego pela ilusão de que teria mais tempo para me dedicar a outros hobbys por estar em isolamento, quando na verdade as cobranças com o trabalho nunca estiveram maiores. Contudo, faço parte do grupo que acredita veemente que reclamar e alimentar pensamentos negativos, principalmente nesses momentos, só gera ainda mais problemas. Então, que sejamos positivos e ressaltemos os bons momentos. Fazer uma lista das coisas que nos marcaram ao longo do ano é uma maneira interessante de exercitar isso e, obviamente, não poderia deixar o meu lazer favorito de fora dessa prática.

Othercide

Pegue um momento extremamente difícil e traumático da sua vida e transforme em uma obra de arte. Foi justamente o que a equipe da Lightbulb Crew fez em Othercide ao combinar um estilo artístico muito peculiar, que remete a obras consagradas no estilo noir, protagonistas estilosas e com uma vasta gama de habilidades, além de um sistema de jogo extremamente desafiador. Diante de um mundo tomado pelas trevas, cabe ao jogador extrair o melhor das habilidosas combatentes, conhecidas como Filhas, na caçada incessante contra as criaturas geradas pela Criança. A jogabilidade baseada no sistema de estratégia por turnos traz uma curva de aprendizado tremenda, graças a características como morte permanente, poucos tutoriais, dentre outros típicos de um roguelike. Planejar meus movimentos e antever os dos inimigos foi um misto de raiva pelas decisões erradas ao sentimento de conquista ao sobrepujar cada etapa.



Desperados III

Desperados III representa um novo ar para uma franquia que teve seus momentos memoráveis no PC, plataforma considerada como a casa dos jogos de estratégia. Para minha surpresa, os comandos foram muito bem adaptados às limitações dos controles de consoles. A movimentação, interação e ação nos cenários funciona de forma fluida, o que contribuiu na imersão em um velho oeste marcado por suas histórias de foras da lei, tiroteios e o famoso acerto de contas.
 


Aqui você controla John Cooper, um exímio caçador de recompensa, que tem uma dívida de sangue com o seu passado. Junto de um bando repleto de figuras carismáticas, como o sagaz Doc McCoy, o gigante Hector, dentre outros, você terá que infiltrar-se em diversos locais e executar alvos específicos, sempre fazendo uso da boa furtividade e de uma abordagem bem planejada. Para isso é possível pausar o tempo, programando e sincronizando ações dos membros de sua equipe, o que garante momentos únicos de execuções de múltiplos vilões. Os vastos mapas repletos de atividades extras e múltiplas formas de completá-las garantem uma boa diversidade, além de desafios especiais para speedrunners.

Genshin Impact

Temos aqui a prova de que não é preciso ser um título de grande orçamento para entregar um resultado de alto nível. Genshin Impact traz o ápice de efeitos visuais nos smartphones enquanto nos consoles surpreende ao utilizar muito bem a mesma engine de The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Por se tratar de um jogo no estilo gacha (gênero famoso no oriente por incentivar o uso de dinheiro real para obter vantagens), seu mundo e enredo ainda tem um longo caminho pela frente, com novas áreas e capítulos liberados através de atualizações.



Controle o Viajante, um ser de outra realidade que ficou preso no mundo de Treyvat com sua irmã gêmea após enfrentar uma misteriosa divindade e sair derrotado. Com ajuda de aliados recrutados durante a campanha, além de outros que podem ser invocados ao gastar o recurso do jogo, você deverá encontrar sua irmã desaparecida, recuperar seu poder e voltar para casa. Como todo bom RPG de ação em mundo aberto, Genshin traz uma vasta lista de missões principais e secundárias a serem completadas, localidades variadas para explorar e um sistema de combate simples, mas que traz uma mecânica diferenciada que envolve a troca dos membros do time durante a batalha a fim de combinar reações elementares, desencadeando efeitos cada vez mais poderosos.




Dragon Ball Z: Kakarot

Os fãs da série Tenkaichi que me perdoem, mas Dragon Ball Z: Kakarot trouxe a experiência narrativa mais completa e imersiva que já tive a oportunidade de experimentar no controle de Goku e seus amigos. Por se tratar de um jogo de RPG, sua campanha traz um desenrolar de história denso, indo bem a fundo em cada fase dos Guerreiros Z. Ele ainda traz um sistema de progressão bem amplo, que permite progredir o nível de poder de todos os personagens jogáveis, desbloquear e aprimorar novas técnicas e aumentar os atributos através de recursos encontrados. 

O mais interessante é que novos conteúdos vêm sendo disponibilizados de forma gratuita. As sagas referentes à fase Super vêm sendo adicionadas aos poucos, expandido a história e trazendo novas figuras que já conquistaram os fãs, como Bills, Whis e até mesmo a impressionante transformação do Instinto Superior alcançada por Goku. E se não fosse o bastante, um jogo de cartas chamado Card Warriors foi adicionado, nos dando a opção de colecionar as cartas dos famosos lutadores, montar um baralho poderoso e enfrentar outros jogadores no melhor estilo Magic e Hearthstone.



Ghost of Tsushima

O mais recente título da Sucker Punch Productions me conquistou desde seu trailer revelação, seja pela proposta de explorar em primeira mão um período histórico muito importante na rica cultura japonesa, seja por sua jogabilidade, que traz uma forte influência da série Assassin’s Creed e InFamous, franquias que sempre fui fã. Na prática, o resultado final não poderia ser mais surpreendente. Ghost of Tsushima traz os gráficos mais impressionantes que vi nessa geração. Foram muitas as vezes que me vi hipnotizado com a beleza das paisagens da ilha de Tsushima. 




Seu sistema de combate traz uma combinação muito equilibrada entre furtividade e ação desenfreada, satisfazendo o gosto de muitos jogadores. Você pode bancar o samurai honrado, enfrentando a ameaça mongol de frente, prezando pelos princípios de honra e retidão nos quais Jin foi criado, ou pode agir nas sombras como o Fantasma, tirando proveito das brechas dos oponentes para um abate letal. 

Recentemente tivemos a adição do Novo Jogo +, além de um modo online chamado Lendas, que trouxe ainda mais conteúdo de qualidade a uma experiência que já era vasta em sua forma original. Poder experimentar uma nova vertente da história de Ghost of Tsushima, através da campanha multiplayer com os amigos, só agregou ainda mais valor e longevidade ao título, tornando-o um dos jogos mais completos da geração. Ele só não está no topo dessa lista pois os dois próximos jogos mexeram com os meus sentimentos de maneira muito específica e especial.




The Last of Us Part II

A continuação da jornada de Ellie não poderia ser mais especial e impactante do que presenciei na sequência lançada pela Naughty Dog. Sem desmerecer o gameplay, que veio ainda mais refinado, com novas maneiras de lidar com os infectados e os perigosos humanos, mas o enredo é o grande trunfo em The Last of Us Part II. A palavra que melhor define a experiência é chocante! Logo de cara confrontamos acontecimentos impactantes, que comovem o mais casual dos fãs da série. Eles não só viram a vida de Ellie do avesso, como tratam de assuntos muito próximos aos que vivemos nos dias de hoje.

Temas como vingança, discriminação, ódio por aqueles que consideramos diferentes e a capacidade de perdoar são minuciosamente abordados no decorrer da campanha. A evolução de Ellie e Abby é algo muito tocante, bonito de se ver e que nos carrega junto em um processo de reflexão. Infelizmente, a proposta desencadeou uma reação estúpida e intolerante na comunidade de jogadores, o que mostra o quanto ainda precisamos progredir como seres humanos e o quão importante é termos mais obras desse nível, abordando assuntos cada vez mais alinhados com a nossa realidade. Deixo aqui a recomendação de uma matéria feita pelo nosso colega Hadan F., analisando de forma espetacular a progressão da narrativa e o impacto que ela teve no público.

Eu não poderia passar para o próximo da lista sem antes ressaltar o magnífico trabalho realizado com as funções de acessibilidade aqui. São inúmeros recursos visuais e sonoros que auxiliam o jogador de tal maneira que até mesmo uma pessoa desprovida de visão seria capaz de desfrutar da obra. Isso é sem dúvida um marco na indústria de jogos, que deve ser usado como exemplo por todos os outros estúdios.




Final Fantasy VII Remake

Sei que muitos vão atirar pedras pela minha escolha, mas lembrem-se: trata-se de uma lista que reflete um gosto individual. Eu não consigo mensurar em uma escala a minha satisfação e realização em rever um dos títulos mais queridos na minha passagem pelo PlayStation. Final Fantasy VII Remake recebeu um capricho digno por parte da Square Enix, que conseguiu reunir grande parte do elenco original dos desenvolvedores para expandirem ainda mais suas pretensões com a obra original, que foram limitadas na época pela tecnologia disponível. O mais interessante é que as vozes e os trejeitos dos personagens são exatamente como eu imaginava quando joguei a aventura de Cloud e seus companheiros pela primeira vez.



Conforme os anos se passaram, eu sempre me perguntava como seria ver toda a turma de bonecos quadriculados em uma GC caprichada. Esse desejo foi devidamente realizado com o lançamento de Final Fantasy VII Advent Children. Agora, em 2020, eu tive a oportunidade de controlar os personagens daquela animação no jogo. Os eventos iniciais que me conquistaram estão aqui, porém com muito mais profundidade do que uma simples retratação. Cada acontecimento na vida de Cloud desde seu retorno ao setor 7 é muito mais explorado, sem parecer desgastante e com a adição de novos elementos na história. Resultando na construção de um desfecho diferente do que vimos no jogo original em 1997. São muitas teorias envolvendo o futuro do Ex-Soldier, de Sephiroth e até mesmo de Zack. Nos resta segurar a ansiedade e aguardar pela sequência.

Essa foi minha seleção de jogos que ajudaram a tornar meu ano de 2020 mais prazeroso. Alguns desses títulos também fizeram parte do seu ano? Compartilhe conosco nos comentários. Não deixe de conferir a lista dos últimos redatores: Carlos Cirne e Ivanir Ignacchitti.

 Revisão: José Carlos Alves


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