Mas, como felizmente nem tudo são trevas, neste difícil panorama os games muitas vezes forneceram a dose certa de escapismo ao nosso cotidiano, de modo que seria um absurdo não elogiar os bons títulos que recebemos este ano. Particularmente, 2020 também será lembrado por mim por ter sido o período em iniciei uma migração dos consoles para o PC, algo motivado pela minha graduação e que, honestamente, tem sido muito positivo! Então, sem mais delongas, aqui estão os meus jogos favoritos deste ano.
Aqui está um título tão especial que fica difícil destacar somente uma de suas qualidades. E, meses depois, minha recomendação continua a mesma: jogue Hades o quanto antes. Não importa se você não é muito fã de roguelikes ou de sua progressão (há até um modo desenvolvido especialmente para as pessoas que se encaixam nessa descrição): aqui está um dos melhores jogos desta geração, e um testemunho vivo de que desenvolvedores independentes podem produzir obras com tanta ou mais qualidade que empresas maiores. Indispensável.
Na prática, portanto, você pode ser tanto um membro notório da Igreja Católica como um viking fundador de uma nova seita, ou simplesmente um bom e justo administrador de uma porção de terra irlandesa. Em todos os casos, o grande destaque de Crusader Kings III são as narrativas derivadas das relações interpessoais presentes no jogo. Com um fator replay quase infinito, é fácil perder horas e horas na frente do monitor até que se descubra quem foi que armou uma emboscada para usurpar seu trono. E, o melhor de tudo: a resposta muitas vezes é surpreendente.
Ao iniciar a aventura do desenvolvedor Tomas Sala, confesso que não esperava gostar tanto do título, mas a verdade é que explorar Ursee (onde o jogo se passa) é tão divertido quanto terapêutico, e os momentos de combate estão no mesmo patamar dos grandes títulos do gênero. Recentemente, The Falconeer recebeu seu primeiro DLC (gratuito!), fazendo com que seja uma ótima hora para checar o jogo, caso você não o tenha feito da primeira vez. Recomendado.
Super Mario 3D All-Stars não é uma compilação perfeita — ouso dizer que está até bem longe disso, devido ao lançamento limitado e a inconveniências como os 30 quadros por segundo em dois dos três títulos, além da bizarra omissão de Super Mario Galaxy 2 —, mas é inegável a qualidade atemporal dos jogos aqui inclusos. De todos, o destaque especial fica para Super Mario Galaxy, pedido particular de Satoru Iwata a Shigeru Miyamoto à época do saudoso Wii, e o meu favorito de todos os jogos do Mario.
Hades (PC/Switch)
Tive a felicidade de poder analisar Hades para o GameBlast (até hoje, é minha única nota 10 no site) e, após todas as indicações do título da Supergiant Games aos prêmios de jogo do ano, fico extremamente feliz que a aventura de Zagreu tenha alcançado o merecido reconhecimento.
Call of Duty: Warzone (Multi)
De longe o jogo que mais joguei este ano, Call of Duty: Warzone é claramente o que se pode chamar de um fenômeno: o Battle Royale da longeva série de FPS Call of Duty alcançou a marca de 75 milhões de jogadores em menos de cinco meses e alavancou a popularidade da franquia a níveis estratosféricos, mostrando que a onda iniciada por PlayerUnknown’s Battlegrounds (Multi) e Fortnite (Multi) ainda tem muita lenha para queimar.
Em tempos de pandemia, onde reunir vários amigos em um mesmo espaço físico para jogar torna-se algo praticamente impossível, poder realizar partidas online torna-se uma solução eficaz e valiosa. E, graças ao cross-play com chat interno de voz e o modelo free-to-play, as barreiras de entrada aqui são praticamente inexistentes — jogada de mestre da Infinity Ward e da Raven Software, que continuam a suportar o título com maestria. Por último, fica aqui a menção ao squad que, comigo, já acumulou mais de 40 vitórias pelas madrugadas do ano: Felipe (O Pai), Davi (A Arca) e Rafael (Bit).
Crusader Kings III (PC)
Se Warzone foi o jogo mais jogado, de longe Crusader Kings III foi o título que mais gostei neste ano. A obra da Paradox Interactive entrega com sucesso ao jogador aquilo que tantos outros jogos almejam, mas não conseguem: liberdade. Por mais que existam sugestões de ações de tempos em tempos (como em outros games de grand strategy), aqui é realmente possível progredir como desejado.
The Falconeer (Multi)
Segundo título indie desta lista, The Falconeer me chamou a atenção inicialmente pelos belos visuais e por ser algo que definitivamente não é comum: um simulador de voo com falcões gigantes (ou pessoas muito pequenas) que se passa em um mundo aberto para exploração, tão misterioso quanto convidativo.
Super Mario 3D All-Stars (Switch)
Receber uma coletânea dos principais jogos 3D de Mario sempre foi algo comparável a uma fanfic: tão boa na teoria que nunca seria verdade. Felizmente, porém, a Nintendo ouviu nossas preces, e, como forma de celebrar os 35 anos de vida de seu mascote, lançou esta coletânea incluindo Super Mario 64, Super Mario Sunshine e Super Mario Galaxy para o Nintendo Switch.
E que venha 2021!
Infelizmente, devido à minha graduação, não joguei alguns dos principais títulos deste ano, como The Last of Us: Part II (PS4), Assassin’s Creed: Valhalla (Multi) e Marvel’s Spider-Man: Miles Morales (PS4/PS5). Por outro lado, aproveitei algumas pérolas anteriores, como NieR: Automata (Multi), Pokémon Sword & Shield (Switch) e o sempre presente Overcooked 2 (Multi) com minha namorada. Mas, de todo modo, creio que já é possível ver que 2020 foi um ano mais que especial para a indústria de games — um alento em meio a tantas notícias ruins que são bombardeadas diariamente.
Com o advento da nova geração de consoles, e a esperança de dias melhores com o início da vacinação em diversos países, o sentimento é de que o futuro nos reserva coisas ainda mais brilhantes. Dos títulos já revelados, aguardo ansiosamente por Halo: Infinite, Elden Ring e God of War: Ragnarok, certo de que trarão muitas horas de diversão, cada qual a seu modo.
E você, caro leitor, o que achou da lista? Concorda ou discorda com alguma de minhas indicações? Quais foram seus títulos favoritos este ano? Não se esqueça de comentar; em tempo, feliz 2021!
Revisão: José Carlos Alves