Análise: Ghostrunner (Multi) traz ação cyberpunk em primeira pessoa de tirar o fôlego

O título tem como destaques a ação ininterrupta e um alto grau de desafio.

em 09/11/2020

Ainda não é o tão aguardado título da CD Projekt Red, mas já podemos visitar um mundo cyberpunk cheio de luzes, cores, cenários e ação. Publicado pela 505 Games, Ghostrunner nos apresenta uma ação praticamente ininterrupta ao escalarmos uma imensa torre para derrubar uma déspota em uma cidade infestada de inimigos e armadilhas. Se “pra baixo todo santo ajuda”, nesta subida nossa única ajuda será nossa espada. 

A Torre Dharma

Ghostrunner se passa em um futuro distópico com temática cyberpunk. A cidade Dharma é uma megalópole suspensa no alto de uma imensa torre, onde apenas os mais afortunados e os membros da alta sociedade podem viver e trabalhar. Neste contexto, existem os Ghostrunners, seres cibernéticos com habilidades que lembram ninjas, capazes de agir de forma sorrateira pela cidade para garantir a segurança e a ordem.



Nesta história assumimos o papel do último deles. Após assassinar o administrador de Dharma, a vilã Mara assume o posto de líder da megalópole para impor um regime autoritário que só visa lhe favorecer. Em uma tentativa de impedi-la, nosso protagonista é covardemente sabotado durante o embate contra a mulher, deixando-o vulnerável e sendo jogado torre abaixo, o que quase o destruiu por completo.

Encontrado por um grupo de humanos rebeldes conhecidos como Escaladores, o Ghostrunner é consertado e desperta após anos desativado. Seu objetivo é concluir a missão de assassinar a déspota que se protege no topo da Torre Dharma e ajudar no restabelecimento da ordem.
A Torre Dharma

Rápido e letal

A ação em Ghostrunner é toda em primeira pessoa. A única arma disponível é uma espada capaz de eliminar qualquer inimigo, exceto os chefes, com apenas um golpe. Entretanto, essa dinâmica também se aplica ao jogador, que é derrotado ao sofrer um único ataque. Com movimentos super ágeis e velozes, é possível desviar de tiros ou até rebatê-los com sua lâmina, caso sua precisão seja boa o suficiente para tal.
Habilidade ou sorte? Diz aí!
Correr nas paredes é outra habilidade nativa do Ghostrunner, permitindo que ele acesse pontos mais elevados em algumas áreas ou surpreenda inimigos que tentam atacá-lo com armas de longo alcance. Para completar o arsenal, há também uma espécie de laço laser, que te permite usar pontos de engate pela cidade para se impulsionar no ar, dando mais uma vantagem no quesito mobilidade.
Não basta avançar, tem que fazer bonito
Conforme mencionado, o nosso objetivo é escalar a colossal torre, atravessando áreas infestadas de inimigos e seções cheias de armadilhas. Nas áreas com oponentes, o jogador precisa derrotar todos para que o acesso à próxima seja permitido.

A forma como os oponentes agem e atacam pode ser facilmente assimilada conforme vamos nos acostumando com o ambiente do jogo, fazendo com que seja possível prever o que cada um vai fazer conforme avançamos na torre. Improvisação, e até um pouco de sorte, são sempre bem-vindas.

Já nas áreas em que o foco está na mobilidade para avançar na fase, o jogador deve se habituar às habilidades de movimento do Ghostrunner para chegar ao objetivo. Conforme prosseguimos no jogo, estes trechos começam a se tornar cada vez mais elaborados, exigindo mais atenção e agilidade na execução dos comandos para sermos bem-sucedidos.

Muitas mortes farão parte da sua rotina, mas os checkpoints são estrategicamente colocados de forma a não penalizar muito o jogador que tende a errar bastante. Em minhas sessões de jogo, eu cheguei a morrer mais de cem vezes em uma única fase, para terem ideia de quão intenso é o ritmo aqui.
O visual, quando dá tempo de apreciar, impressiona
Falando em ritmo de jogo, aqui ele é praticamente ininterrupto, nos dando brechas para respirar somente durante o carregamento entre fases ou nas etapas de obtenção de novas habilidades, que nos levam a um ambiente virtual onde devemos decifrar quebra-cabeças ou triunfar em alguma prova de habilidade para obter técnicas especiais, como realizar uma investida em velocidade supersônica, desferir golpes a distância ou até hackear os inimigos.
Dentro do Cybervácuo
Nem mesmo a narrativa atrapalha esse ritmo frenético, pois ela se limita a conversas com outros dois personagens pelo rádio comunicador, inteirando o Ghostrunner — e o jogador — sobre os acontecimentos durante os anos em que ele ficou desativado e sobre tudo o que acontece ao seu redor durante a escalada, que é favorecida por um ótimo design, sempre destacando com alguma cor ou objeto na direção que se deve tomar para prosseguir.

Sobre as habilidades, um ponto que achei muito interessante é como elas são atribuídas para serem utilizadas pelo jogador. Ao acessar o menu para selecionar quais desejamos ter à nossa disposição, temos as habilidades representadas como peças que lembram os tetraminos de Tetris, que devem ser encaixadas em um painel para serem ativadas.

Isso obriga o jogador a priorizar o que ele realmente quer, deixando o restante do espaço disponível para o que ainda couber e lhe será útil durante a campanha. Alguns podem até achar meio injusto, mas considero essa dinâmica útil para limitar a força do Ghostrunner, não deixando-o poderoso demais contra os inimigos e facilitando muito seu progresso no jogo.
Montando, literalmente, suas habilidades
O ápice do desafio são as batalhas contra os chefes. Apenas eles contrariam a regra de morrer com um único golpe, tornando cada batalha um verdadeiro exercício de habilidade e paciência para encontrar o momento certo de atacar. Alguns oferecem checkpoints durante o combate, mas no geral, caso você morra, o confronto reinicia com a barra de saúde do oponente totalmente preenchida.

A exploração é um ponto que também está presente no jogo, mas de forma bem leve e sem muitas recompensas. Uma das melhorias disponíveis é a de poder ver em seu radar quando um colecionável está perto. Coletá-los não é uma atividade mandatória ou que afeta seu desempenho na fase, e muitas vezes nem se mostra desafiante, com muitos destes itens escondidos atrás de simples destroços ou objetos, ou em alguma plataforma facilmente alcançável.
Encontrar os colecionáveis é mais fácil do que parece
Os colecionáveis são divididos em três categorias: itens com algum contexto histórico, arquivos de áudio e novas espadas, que têm apenas fins estéticos. A coleta deles só está relacionada mesmo à obtenção de conquistas/troféus.

No fim de cada fase, seu tempo e número de mortes são comparados aos de outros jogadores pela internet. Não há um sistema de rank para medir o desempenho do jogador. Após o fim de jogo, também não há nenhum modo extra disponível para jogar, com mecânicas diferenciadas como poder ativar todas as habilidades ou usar algum outro tipo de arma. A única coisa que motiva o jogador a realizar uma nova jornada é a obtenção de tempos melhores em cada fase.
Algumas áreas exigem tanto astúcia quanto destreza
A performance e o descuido nas versões para console também deixaram um pouco a desejar. A taxa de quadros é instável, se mantendo abaixo dos ideais 60 em áreas com muitos elementos e inimigos, e os gráficos estão visivelmente menos polidos do que na versão para PC, algo que vai realmente incomodar apenas os mais exigentes. Nada que comprometa a experiência como um todo.

Extremamente desafiador

Ghostrunner é um ótimo título para quem gosta de ação. O que mais me agradou foi o ritmo intenso praticamente o tempo todo e as várias vezes em que me vi jogando melhor simplesmente pela prática e repetição quase excessivas, e não porque o jogo facilitou alguma etapa para mim.

A narrativa é gradualmente apresentada durante as conversas até a conclusão, e os desafios que exigem astúcia e agilidade ao invés de habilidades de luta estão na medida certa para não deixar o gameplay se resumir a uma matança sem fim até o final. As únicas coisas que vão morrer são o tédio e as centenas de inimigos.

Prós

  • Ótimo ritmo de jogo, com ação ininterrupta e nível de desafio satisfatório;
  • Trilha sonora empolgante;
  • Controles fluidos e responsivos;
  • Level design intuitivo, impedindo que o jogador fique perdido;
  • Upgrade gratuito para PlayStation 5 e Xbox Series S/X.

Contras

  • Curva de dificuldade muito acentuada;
  • A performance nos consoles sofre com queda na taxa de quadros;
  • Nenhum modo extra de jogo além da campanha principal.
Ghostrunner – PC/PS4/XBO/Switch – Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Davi Sousa
Análise feita com cópia digital cedida pela 505 Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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