Nesta história assumimos o papel do último deles. Após assassinar o administrador de Dharma, a vilã Mara assume o posto de líder da megalópole para impor um regime autoritário que só visa lhe favorecer. Em uma tentativa de impedi-la, nosso protagonista é covardemente sabotado durante o embate contra a mulher, deixando-o vulnerável e sendo jogado torre abaixo, o que quase o destruiu por completo.
Encontrado por um grupo de humanos rebeldes conhecidos como Escaladores, o Ghostrunner é consertado e desperta após anos desativado. Seu objetivo é concluir a missão de assassinar a déspota que se protege no topo da Torre Dharma e ajudar no restabelecimento da ordem.
Rápido e letal
A ação em Ghostrunner é toda em primeira pessoa. A única arma disponível é uma espada capaz de eliminar qualquer inimigo, exceto os chefes, com apenas um golpe. Entretanto, essa dinâmica também se aplica ao jogador, que é derrotado ao sofrer um único ataque. Com movimentos super ágeis e velozes, é possível desviar de tiros ou até rebatê-los com sua lâmina, caso sua precisão seja boa o suficiente para tal.
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Habilidade ou sorte? Diz aí!
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Correr nas paredes é outra habilidade nativa do Ghostrunner, permitindo que ele acesse pontos mais elevados em algumas áreas ou surpreenda inimigos que tentam atacá-lo com armas de longo alcance. Para completar o arsenal, há também uma espécie de laço laser, que te permite usar pontos de engate pela cidade para se impulsionar no ar, dando mais uma vantagem no quesito mobilidade.
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Não basta avançar, tem que fazer bonito
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Conforme mencionado, o nosso objetivo é escalar a colossal torre, atravessando áreas infestadas de inimigos e seções cheias de armadilhas. Nas áreas com oponentes, o jogador precisa derrotar todos para que o acesso à próxima seja permitido.
A forma como os oponentes agem e atacam pode ser facilmente assimilada conforme vamos nos acostumando com o ambiente do jogo, fazendo com que seja possível prever o que cada um vai fazer conforme avançamos na torre. Improvisação, e até um pouco de sorte, são sempre bem-vindas.
Já nas áreas em que o foco está na mobilidade para avançar na fase, o jogador deve se habituar às habilidades de movimento do Ghostrunner para chegar ao objetivo. Conforme prosseguimos no jogo, estes trechos começam a se tornar cada vez mais elaborados, exigindo mais atenção e agilidade na execução dos comandos para sermos bem-sucedidos.
Muitas mortes farão parte da sua rotina, mas os
checkpoints são estrategicamente colocados de forma a não penalizar muito o jogador que tende a errar bastante. Em minhas sessões de jogo, eu cheguei a morrer mais de cem vezes em uma única fase, para terem ideia de quão intenso é o ritmo aqui.
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O visual, quando dá tempo de apreciar, impressiona
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Falando em ritmo de jogo, aqui ele é praticamente ininterrupto, nos dando brechas para respirar somente durante o carregamento entre fases ou nas etapas de obtenção de novas habilidades, que nos levam a um ambiente virtual onde devemos decifrar quebra-cabeças ou triunfar em alguma prova de habilidade para obter técnicas especiais, como realizar uma investida em velocidade supersônica, desferir golpes a distância ou até hackear os inimigos.
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Dentro do Cybervácuo |
Nem mesmo a narrativa atrapalha esse ritmo frenético, pois ela se limita a conversas com outros dois personagens pelo rádio comunicador, inteirando o Ghostrunner — e o jogador — sobre os acontecimentos durante os anos em que ele ficou desativado e sobre tudo o que acontece ao seu redor durante a escalada, que é favorecida por um ótimo design, sempre destacando com alguma cor ou objeto na direção que se deve tomar para prosseguir.
Sobre as habilidades, um ponto que achei muito interessante é como elas são atribuídas para serem utilizadas pelo jogador. Ao acessar o menu para selecionar quais desejamos ter à nossa disposição, temos as habilidades representadas como peças que lembram os tetraminos de Tetris, que devem ser encaixadas em um painel para serem ativadas.
Isso obriga o jogador a priorizar o que ele realmente quer, deixando o restante do espaço disponível para o que ainda couber e lhe será útil durante a campanha. Alguns podem até achar meio injusto, mas considero essa dinâmica útil para limitar a força do Ghostrunner, não deixando-o poderoso demais contra os inimigos e facilitando muito seu progresso no jogo.
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Montando, literalmente, suas habilidades |
O ápice do desafio são as batalhas contra os chefes. Apenas eles contrariam a regra de morrer com um único golpe, tornando cada batalha um verdadeiro exercício de habilidade e paciência para encontrar o momento certo de atacar. Alguns oferecem
checkpoints durante o combate, mas no geral, caso você morra, o confronto reinicia com a barra de saúde do oponente totalmente preenchida.
A exploração é um ponto que também está presente no jogo, mas de forma bem leve e sem muitas recompensas. Uma das melhorias disponíveis é a de poder ver em seu radar quando um colecionável está perto. Coletá-los não é uma atividade mandatória ou que afeta seu desempenho na fase, e muitas vezes nem se mostra desafiante, com muitos destes itens escondidos atrás de simples destroços ou objetos, ou em alguma plataforma facilmente alcançável.
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Encontrar os colecionáveis é mais fácil do que parece
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Os colecionáveis são divididos em três categorias: itens com algum contexto histórico, arquivos de áudio e novas espadas, que têm apenas fins estéticos. A coleta deles só está relacionada mesmo à obtenção de conquistas/troféus.
No fim de cada fase, seu tempo e número de mortes são comparados aos de outros jogadores pela internet. Não há um sistema de rank para medir o desempenho do jogador. Após o fim de jogo, também não há nenhum modo extra disponível para jogar, com mecânicas diferenciadas como poder ativar todas as habilidades ou usar algum outro tipo de arma. A única coisa que motiva o jogador a realizar uma nova jornada é a obtenção de tempos melhores em cada fase.
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Algumas áreas exigem tanto astúcia quanto destreza
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A performance e o descuido nas versões para console também deixaram um pouco a desejar. A taxa de quadros é instável, se mantendo abaixo dos ideais 60 em áreas com muitos elementos e inimigos, e os gráficos estão visivelmente menos polidos do que na versão para PC, algo que vai realmente incomodar apenas os mais exigentes. Nada que comprometa a experiência como um todo.
Extremamente desafiador
Ghostrunner é um ótimo título para quem gosta de ação. O que mais me agradou foi o ritmo intenso praticamente o tempo todo e as várias vezes em que me vi jogando melhor simplesmente pela prática e repetição quase excessivas, e não porque o jogo facilitou alguma etapa para mim.
A narrativa é gradualmente apresentada durante as conversas até a conclusão, e os desafios que exigem astúcia e agilidade ao invés de habilidades de luta estão na medida certa para não deixar o gameplay se resumir a uma matança sem fim até o final. As únicas coisas que vão morrer são o tédio e as centenas de inimigos.