Análise: A3: Still Alive (Mobile) é uma saturada combinação de MMO e Battle Royale

Jogo free-to-play da Netmarble usa uma combinação de gêneros para tentar criar uma experiência interessante, mas acaba por ser repetitiva.

em 25/11/2020
Lançado originalmente na Coreia do Sul, A3: Still Alive é um jogo free-to-play (com microtransações) para dispositivos móveis inspirado em A3 Online e mescla elementos de fantasia em um MMORPG de mundo aberto com Battle Royale que tende a parecer interessante pela sua qualidade gráfica, mas é ofuscado pela repetitividade.

Há também outros impasses que fazem do título da Netmarble cansativo, mostrando que o modelo de batalha em tempo real está se saturando em suas próprias ideias que não agregam mais tanto valor aos jogadores. Apesar disso, ele ainda se sobressai em relação ao seu gênero principal, o MMO, que é uma das mais decepcionantes experiências possíveis. Saiba o motivo na nossa análise abaixo.

Dissolva a escuridão e salve a deusa Radienne em um mundo visualmente e sonoramente impecável

Em A3: Still Alive você é transportado para um mundo de fantasia que está abandonado à beira da ruína, onde a escuridão perversa consome todas as coisas vitais. O jogo começa com uma cutscene ágil, mostrando vários guerreiros em uma jornada perigoso, a fim de eliminar o antigo dragão Helkein, também conhecido como Asas de Enkaro. No entanto, ao chegar no local onde a criatura vive, todos são encurralados em uma armadilha implacável e a deusa Radienne teve que sacrificar sua própria vida para salvá-los e enviá-los ao passado.

Depois de acordar em uma vila, você descobre o motivo de tudo ter acontecido e sua missão é viajar pelo imenso mundo aberto para completar missões, subir de nível, adquirir novas habilidades e equipamentos para se tornar mais forte e aniquilar Helkein quando o momento certo chegar, além de trazer Radienne de volta à vida.

A3 é um MMORPG para dispositivos móveis que entrega um mundo visualmente e sonoramente impecável. A qualidade de imagem oferece modelos 3D de alta definição e os efeitos especiais de combate e de mudanças no ambiente contam com explosões de cores essenciais para uma experiência exemplar. As cutscenes também são muito bem construídas e não apresentam falhas ou quedas de resolução, igualmente à sua trilha sonora fantástica com toques medievais.

Entretanto, ressalto que você provavelmente precisará de um aparelho intermediário ou top de linha para rodar o título de maneira adequada, pois com resoluções de imagens médias e boa conexão de internet em um smartphone Asus Zenfone 3, Android 8.0 e 3GB de RAM (onde o título foi testado), ainda enfrentei alguns problemas de renderização dos ataques e alguns travamentos indesejados. Apesar disso, o bom é que você pode reduzir efeitos especiais e configurações gráficas, permitindo que aparelhos menos potentes também consigam rodar com mais facilidade.

Um MMORPG com controles sólidos, mas campanha e jogabilidade repetitiva

Antes de começar a jogar A3 você terá que escolher qualquer um dos heróis disponíveis em um sistema de criação de personagem, em que é possível modificar cabelo, roupas, cor de pele, olhos entre outros atributos. Esse sistema é dividido em cinco classes: Berserker, Templário, Maga, Assassino e Arqueira e cada um possui características próprias entre maiores danos físicos e mágicos, a distância ou a curto alcance, tudo vai depender do tipo de estratégia que você desejar.

A jogabilidade da campanha principal é muito inspirado em Diablo (Multi) e Black Desert (Multi) com desafios que são disponibilizados ao longo do progresso do jogo. Conforme você vai concluindo missões e tarefas, ganhará equipamentos como espadas, arcos e vestimentas melhores (dependendo da classe de guerreiros que você escolheu), que podem ser aprimorados no decorrer da aventura. Além disso, ao subir de nível você pode aumentar o status de vida, ataque, defesa e outros atributos do personagem para combater inimigos mais poderosos, além de comprar upgrades através de microtransações. O gerenciamento de personagens, como em qualquer MMORPG é bastante complexo e possui uma infinidade de melhorias para permitir ao jogador definir estratégias de inúmeras formas.

Também é possível ter um Soul Linkers (Espiritualista em português) para auxiliá-lo nessa aventura. Eles são parecidos com animais de estimação controlados por Inteligência Artificial que podem ter várias formas e são fortalecidos ao longo do tempo, possuindo variações em atributos de ataque, defesa e suporte. No entanto, os mais poderosos e interessantes só podem ser obtidos por meio de microtransações, o que acaba sendo bem frustrante. É fato que qualquer jogo free-to-play tenha opções de compras in-game e A3 não abusa delas. Você não precisa comprar absolutamente nada para terminar o game, porém a experiência acaba por ser bem limitada, já que não tem acesso a elementos muito mais atrativos e que não causariam uma sensação de monotonia depois de um tempo.

O que eu tenho que elogiar do jogo são os controles sólidos e bem desenvolvidos. Assim como a qualidade gráfica é tudo muito fluido no smartphone e embora os breves travamentos sejam previsíveis em resoluções muito altas, não a nada para reclamar, pois são responsivos e muito eficientes. No entanto, o título é uma decepção considerando muitas das expectativas que criou - pelo menos para mim. Confesso que estava gostando demais por cerca de cinquenta minutos, mas aparentemente a Netmarble focou mais um exaltar sua combinação de gêneros inédita do que em produzir um produto com excelência em conteúdos e A3 logo se transforma em uma das experiência mais repetitivas e sem graça dos últimos meses.

A maior falha do título está no modo autoplay que geralmente existe em MMOs para remediar a monotonia dos combates e drops. Em A3 você aciona essa opção e ele faz absolutamente tudo, desde completar missões, concluir a história principal, reproduzir cutscenes, tornando a experiência extremamente ociosa, pois basta deixar seu smartphone ligado e de vez em quando interagir com as recompensas, gerenciar estoques para colocar seu bot de volta ao trabalho.

Mas e se não acionar o autoplay? Essa pergunta realmente me fez refletir durante a jogatina, mas a verdade é que depois de um tempo, a jogabilidade e o combate se tornaram tediosos e se resumem a falar com um NPC, coletar itens ou matar um certo número de inimigos e voltar para completar a missão. Atividades típicas de um MMO, mas não muito originais, criativas e interessantes. Outro problema é que os inimigos são fáceis demais e na maioria das vezes o bot consegue eliminar todos, ainda mais se você melhorar as habilidades e estatísticas do personagem.

O mesmo pode ser dito das missões, tanto principais, quando secundárias, diárias, por região, de suporte e assim por diante. Isso com certeza traz uma expressiva variedade de conteúdo ao jogo, se a maior parte delas fossem mais desafiadoras. A maioria é fácil demais e acaba sendo mais cômodo deixar seu personagem completá-las automaticamente. No entanto, existem eventos ocasionais como bosses e invasões que transformam tudo em uma massiva experiência MMO com centenas de jogadores eliminando determinados chefes para obter recompensas. Isso pode dar um ar de refrescância para sua jornada.

Com tantos MMOs no mercado, A3 chegou para tentar ser algo diferente, mas tudo o que fez é repetir boa parte do que outros títulos do gênero já idealizaram. É algo um tanto quanto genérico se levar em conta que você só precisa acionar um comando e de vez em quando clicar na tela.

Um Battle Royale original, porém um gênero saturado

Eu diria que o modo Battle Royale de A3 soa muito mais interessante que o MMO, primeiro porque o modo autoplay não está dispinível, o que já é um alívio. E de fato achei exatamente isso, pois ele consegue criar uma experiência original, diferente de muitos outros títulos que estão no mercado. Ele é divertido em comparação ao MMO, mas por outro lado, a saturação desse gênero acaba eliminando novas ideias e implementações.

Muito inspirado em League of Legends (PC) e Arena of Valor (Mobile/Switch), o modo é separada do MMO, mas você utiliza o personagem para as batalhas e é preciso somente destravar algumas armas primárias para uso, pois antes de cada partida é necessário selecionar armas com habilidades. Pode se tornar meio frustrante ao longo do tempo ser limitado por utilizar somente as mesmas armas e habilidades, principalmente ao optar por não utilizar microtransações, diferente daqueles que compram passes de batalha e tem em mãos ferramentas aprimoradas.

A arena possui quatro setores e nos três primeiros existem inimigos que geram itens aleatoriamente como equipamentos, pontos de experiência, aprimoramentos entre outros. Depois de um certo tempo, os jogadores são obrigados a passar para o próximo setor, caso contrário, eles morrem.

Outra característica importante do Battle Royale de A3 é o campo de visão reduzido. A menos que você consiga algum item para ampliar a área de cobertura, caminhará em um pequeno círculo de luz. No geral, este modo oferece uma variedade de recompensas interessantes, mas logo também se torna meio repetitivo, pois cada batalha é idêntica a outra, isso sem falar que sem a utilização de microtransações, não há muita coisa de diferente para experimentar em cada partida.

Dois gêneros não muito aprofundados

A3: Still Alive tenta usar uma combinação de dois gêneros para criar uma experiência inovadora e ideal, mas peca pela saturação de ideias e fica à mercê de microtransações. A má aplicação do autoplay mostra o quanto a jogabilidade, o combate, a campanha e as atividades complementares são desinteressantes, tornando a experiência de MMO pouco desafiadora. O Battle Royale, por sua vez, é tímido e um pouco repetitivo, mas original o suficiente para aguçar à competitividade entre os jogadores de todo o mundo. Ainda assim, o título da Netmarble é só mais um que tenta chamar a atenção com belos gráficos e pouca originalidade.

Prós

  • Qualidade gráfica e trilha sonora excelentes;
  • Controles responsivos e fluidos;
  • Battle Royale original.

Contras

  • Campanha principal desinteressante, missões e tarefas repetitivas;
  • Jogabilidade monótona, combate simples e pouco desafiador;
  • Modo autoplay torna a experiência bastante ociosa;
  • Modelo free-to-play fica limitado às microtransações.
A3: Still Alive - Mobile - Nota: 5.5

Revisão: Mariana Mussi
Análise produzida com cópia digital cedida pela Netmarble

é entusiasta e apreciador de jogos com conceito artístico minimalista e narrativas de significado profundo. Acredita na potencialidade de cada experiência interativa e tenta extrair delas sentimentos humanos e existenciais. No GameBlast também escreve notícias, análises e especiais; no tempo livre produz roteiros autorais de séries e filmes. Criatividade, imaginação e curiosidade são algumas de suas características marcantes.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.