Análise: Pacer (Multi) derrapa um pouco, mas ainda traz uma diversão super veloz

O título da R8 Games traz corridas futuristas em velocidade terminal em um candidato a sucessor espiritual de Wipeout e F-Zero.

em 29/10/2020

Jogos de corrida contam com vários tipos de abordagem. Desde os simuladores, que querem nos trazer o realismo de um Grande Prêmio de Fórmula 1, passando pelos desafiantes rally, chegando até as propostas mais casuais como os jogos de kart com personagens animados ou experiências com uma pegada mais arcade, como Need For Speed.


Na análise de hoje vamos conhecer um estilo dentro deste gênero que andou em baixa nos últimos anos, mas que nas mãos da R8 Games está de volta em um interessante título de corrida futurista com veículos capazes de atingir velocidades supersônicas. Aperte bem seus cintos, pois hoje vamos voar baixo com Pacer.

Bem-vindo ao futuro, de novo

Pacer é um título de corrida futurista, que remete bastante ao saudoso Wipeout, jogo do mesmo estilo que nasceu no primeiro PlayStation. O game conta com vários modos para o jogador escolher como acelerar seu possante “astromóvel”, além de um modo carreira com diversos desafios que vão testar as habilidades de pilotagem do jogador além do seu limite.


No modo livre, temos diferentes abordagens para escolher. Desde a corrida simples e a tomada de tempo, modos básicos para qualquer jogo deste gênero, passando por alguns modos mais variados, que vão dar ao piloto um objetivo que vai além de ser apenas o mais rápido. Dentre estes outros modos, temos:
  • Volta de Velocidade: aqui o importante não é ser o primeiro, mas o mais rápido. Os pilotos correm um determinado número de voltas na pista em busca da volta mais rápida. Mesmo que você já tenha completado sua corrida e conquistado um primeiro lugar, um piloto que ainda está na prova pode bater seu tempo na última volta dele e vencer;
  • Destruição: é onde suas habilidades de combate são colocadas em primeiro plano. O objetivo é realizar um número determinado de abates para ser o vencedor. O primeiro piloto que atingir a meta de abates vence imediatamente;
  • Eliminação: ser o último colocado em uma prova de eliminação não é bom. Durante a corrida, o último colocado é eliminado conforme o tempo passa. Para vencer você precisa se manter na liderança até que você seja o último piloto em ação;
  • Resistência: se testar o quão bom você é em uma corrida por tempo indeterminado é sua praia, a prova de Resistência é um desafio e tanto para você. O objetivo aqui é simples, não seja destruído. Se sua nave for abatida uma única vez, você já está fora da prova;
  • Tempestade: mais um teste de sobrevivência, desta vez mais complicado. Corra para se manter dentro do campo de proteção da tempestade para que seu veículo não seja destruído. Use de habilidade e artimanhas para se dar bem e não deixar os adversários tomarem seu espaço para se manter vivo;
Quase um Battle Royale de velocidade
  • Flowmentum: um desafio individual de resistência e sobrevivência. Corra por tempo indeterminado em uma pista, sozinho. Ao passar por portais, sua velocidade máxima aumenta de forma gradual, tornando a prova mais desafiadora.
Os veículos contam com um arsenal customizável de até duas armas, que servem tanto para ataque quanto para defesa. Metralhadoras, mísseis teleguiados, minas, escudos de proteção ou invisibilidade, pulsos de energia, dentre outros. O jogador pode escolher seleções pré-determinadas destes armamentos ou criar um próprio, com os que achar mais adequados para seu perfil. O mesmo se aplica aos aspectos visual e de performance das naves. Isso é bom, pois dá ao jogador uma autonomia para customizar seu veículo da forma que achar melhor para pilotar.

Mas nada disso vem de graça. Em todas as atividades que podemos realizar em Pacer, créditos são obtidos para realizar o desbloqueio dos equipamentos que o jogador quer usar. O mesmo se aplica às pistas, que não estão totalmente disponíveis quando jogamos o game pela primeira vez. Para habilitar novos trajetos, podemos sim utilizar estes mesmos créditos para adiantar o acesso a eles, ou desbloqueá-los jogando o modo carreira, o que estimula muito o jogador a investir tempo no título.
Créditos são usados para desbloquear pistas e equipamentos

Na velocidade do som

A jogabilidade em Pacer é bem desafiante. Temos quatro categorias que elevam de forma exponencial a experiência e a dificuldade do jogo. Fazendo uma analogia bem grosseira, mas eficaz, essas categorias se assemelham às categorias de Mario Kart, em que F3000 seria a 50cc, F2000 a 100cc, F1000 a 150cc, e a Elite sendo a categoria mais rápida e difícil de todas, como a 200cc do game da Nintendo. Dominar a pilotagem aqui é algo que exige tempo e prática por quem quer dominar sua nave, principalmente, nas categorias mais velozes.

Nas categorias F1000 e Elite, as naves rompem com certa facilidade a barreira dos 1000km/h, literalmente colocando-as em velocidade supersônica, o que dá uma generosa dose de adrenalina e uma boa dificuldade para correr, fazendo até com que soframos mais dano ao bater nas barreiras da pista do que com os ataques dos rivais.

Como você deve ter notado logo acima, o combate faz parte do jogo, e algumas categorias dependem dele para alcançar a vitória. Para tal, ícones de recarga de munição estão dispostos em toda a extensão da pista, para serem coletados e permitirem que o piloto use suas armas na corrida. Outros ícones que fazem parte do ecossistema de uma corrida em Pacer são os de recarga de escudo individual e o de aceleração, que dá um aumento repentino e temporário de velocidade ao passar por cima deles.

Um turbo manual, que é recarregado automaticamente durante o tempo, também está disponível, podendo ser usado para facilitar uma ultrapassagem ou numa recuperação ao fazer uma curva mal feita, por exemplo. E por falar em curvas, outro aspecto que deve ser dominado pelo jogador são os flaps, acionados com os gatilhos do controle, que acentuam o ângulo de inclinação da nave para que possa fazer curvas mais fechadas de forma mais eficiente. Acionando os dois ao mesmo tempo funcionam como um freio aéreo.


Visualmente, Pacer é estonteante. Com várias pistas ao redor de um planeta Terra futurista, é bem legal ver a interpretação que a equipe deu para locais ao redor do mundo. Como nos prédios e monumentos de uma pista na superpopulosa Índia, um cosmódromo na Rússia e até uma gigantesca favela em El Paso, na fronteira dos EUA com o México. Com a possibilidade de correr também durante a noite, os visuais ganham uma beleza extra graças aos efeitos de luz da pista e dos veículos.

Pequenas turbulências

Mesmo tendo vários modos de jogo, se formos parar pra pensar bem, esses modos não inovam tanto. Temos apenas dois objetivos básicos em todos eles: ser mais rápido ou sobreviver, isso quando não temos os dois combinados de alguma forma. Tudo bem que em um gênero como este é um pouco complicado pensar em novos tipos de abordagem, mas é importante pontuar isso pois em determinado momento eu me senti jogando de forma repetitiva, mesmo em um modo de jogo diferente.
Mesmo com vários modos, os objetivos são muito semelhantes
Outro ponto que senti falta foi o multiplayer local. Pacer possui suporte para que possamos jogar online com outras pessoas, mas um modo local para pelo menos dois jogadores seria bem-vindo. Alguns, senão todos, os jogos que citei no início da análise contam com essa característica, e isso agrega valor ao game. E para deixar registrado, não consegui acessar o ambiente online para esta análise, por ter recebido o jogo antecipadamente. Ao tentar acessá-lo nenhuma informação sobre saguões ou jogadores online foi exibido, provavelmente por não estarem ativos até então.

Os menus também tem pontos que deixam a navegação confusa. Às vezes a gente seleciona uma opção e não é perceptível que o cursor mudou de lugar ou que a seleção foi confirmada. No modo carreira chega a ser um pouco mais confuso por conta das várias opções disponíveis. Ao criar perfis customizáveis de cosméticos, armas, performance ou ao destravar um novo item com créditos, às vezes precisamos selecionar mais de uma vez o mesmo componente para ter a certeza de que a opção foi confirmada.


Mas um ponto que realmente incomodou, e este é algo que pode incomodar os jogadores mais exigentes, é o som. Problemas na mixagem deixam a experiência, digamos, estranha. Sons sendo executados com algum atraso ou simplesmente não sendo executados, e vários momentos em que o volume da música sobressai ao do restante do jogo, ou vice-versa. Às vezes a música, majoritariamente composta por techno e dubstep, se torna muito alta, ou o inverso, sendo perceptível somente quando pausamos o jogo. Mesmo ajustando o volume nas configurações esse problema persiste.

Alta octanagem em antigravidade de qualidade

Claramente inspirado em títulos como Wipeout e F-Zero, Pacer derrapa um pouco em sua apresentação e proposta, mas segue respeitando a história destes clássicos. Um título descompromissado, que tem como principal destaque seus visuais belíssimos e uma ação veloz e intensa, principalmente nas categorias mais altas. Um título digno do legado que quer representar e que vai agradar os fãs do gênero.

Prós

  • Visuais belíssimos;
  • Diversos modos de jogo com foco em velocidade, combate e sobrevivência;
  • Customização de visuais, armamentos e performance dos veículos;
  • Obtenção de créditos para desbloqueio de novos itens e pistas é amigável.

Contras

  • Menus com navegação confusa;
  • Mixagem de som com problemas;
  • Ausência de multiplayer local.
Pacer – PC/PS4/XBO – Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: José Carlos Alves
Análise feita com cópia digital cedida pela R8 Games

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.