Análise: 9 Monkeys of Shaolin (Multi) é uma divertida jornada repleta de pancadaria

Armado de seu inseparável bastão e toda a sorte de conhecimentos e técnicas Shaolin, prepare-se para livrar vilarejos da ameaça dos Wokou.

em 27/10/2020


Jogos beat ‘em up estão sempre no gosto de muitos jogadores. Muito por conta pela alta do gênero nos anos 1990, marcando a vida de muitos de vocês, aliado ao fato de ser uma opção simples e prática de diversão. Geralmente têm roteiros e uma estrutura que não exigem muito comprometimento do jogador, focando majoritariamente em derrubar o máximo de oponentes. 9 Monkeys of Shaolin (Multi) vem para provar que essa proposta continua muito bem-vinda, mesmo em uma geração repleta de tecnologias.

Jornada do herói

A trama em 9 Monkeys tem início com uma introdução ao encantador reino do oriente, compreendendo a região que seria o dividido império Chinês. Nele é contado a história dos valentes monges Shaolin, lutadores pacíficos especializados em treinar corpo, mente e espírito, e que no passado já haviam defendido o reino contra forças humanas e místicas. Mesmo durante a invasão dos Wokou, quando aqueles que governam, envoltos em corrupções se ausentaram do papel de proteger o população, os monges Shaolin continuaram firmes na defesa dos mais necessitados.




Na pele do jovem pescador Wei Cheng, interpretado pelo talentoso Daisuke Tsuji (Zoro de One Piece e Jin Sakai em Ghost of Tsushima), nos deparamos com nosso vilarejo sendo atacado por piratas. Preocupado com bem-estar de seu avô, partimos em seu auxílio, munido apenas da técnica de luta aprendida com ele e um simples bastão. O desfecho acaba sendo um dos piores possíveis para nosso protagonista, levando-o a conhecer os famosos monges do templo Shaolin do Sul e neles encontraremos o refúgio necessário para trilhar o caminho correto.

O enredo é simples, mas combina muito bem com o ritmo que esse tipo de jogo sugere. Ainda assim, temos momentos de reviravolta, principalmente com alguns vilões que aparecem no caminho, alguns deles possuem até uma história de fundo que desperta o interesse em conhecer mais sobre o tipo de ameaça que estamos enfrentando. Sobretudo, acompanhar o desenvolvimento e amadurecimento de Wei Cheng graças à tutela dos monges é algo divertido e que remete aos clássicos filmes do herói predestinado a grandes feitos, um clichê que na prática nunca perde a graça.




Uma simplicidade que impacta

O estilo visual do jogo opta por uma simplicidade maior nos gráficos, não sendo dos melhores que a geração apresentou até agora. Contudo, ele apresenta um estilo artístico agradável, com uma boa diversidade na paleta de cores, e efeitos que incrementam a beleza dos cenários ou aumentam sua carga dramática, como as pilhas de corpos de camponeses massacrados pelos impiedosos malfeitores. Em alguns trechos, principalmente em fases em florestas, é comum que objetos em primeiro plano como árvores acabem obstruindo a visão, o que é um incômodo a ser contornado pelo jogador.




A trilha sonora é muito bem executada, agindo como uma valiosa aliada na fluidez dos acontecimentos. Momentos repletos de ação e porradaria são marcados por um ritmo acelerado de tambores clássicos, o que torna tudo ainda mais empolgante. Nos momentos de reflexão e durante os diálogos, temos o tom sereno de flautas, dando mais profundidade e significado em cada acontecimento.

O caminho do Kung Fu

Chegamos ao ponto mais alto do game. Percorrermos cada fase no clássico estilo side-scrolling, enfrentando grupos de inimigos que vão surgindo na tentativa de eliminar nosso Wei Cheng. Existe uma boa diversidade deles: bandidos, piratas, guerreiros fortemente protegidos, atiradores e até mesmo seres místicos misturam-se no intuito de aumentar o desafio e exigir maior flexibilidade do jogador.




Para dar cabo de tantos vilões, contamos com o lendário Kung Fu. Aqui 9 Monkeys se sobressai em relação ao demais beat ‘em up, indo muito além da famigerada “esmagação de botões”. Cada botão serve para um tipo de ataque, dando mais variedade no repertório de movimentos. Podemos executar voadoras, ataques giratórios, estocadas e até uma esquiva estilosa que nos protege e ataca ao mesmo tempo; alguns deles têm a chance de causar dano crítico e atordoar oponentes. O melhor ainda é que todos eles são combináveis, já que o título tem um contador de acertos. Ao progredir na campanha, liberamos ainda mais técnicas Shaolin, como os movimentos acrobáticos e poderes que utilizam a barra de Qi e ajudam a causar ainda mais estrago.


Ainda podemos melhorar nosso lutador graças a uma árvore de evolução que se divide em três categorias, desbloqueáveis conforme o desenvolvimento da campanha. Nela utilizámos pontos recebidos ao concluir cada mapa. As quantidades de pontos são insuficientes, mas é possível repetir as fases e juntar mais recursos. Não é algo obrigatório, mas lembre-se que atributos mais elevados deixarão sua jornada mais amena e equilibrada em relação aos novos desafios que surgirem. É possível ainda equipar novos itens em Wei, como novos bastões, sapatos e colares. Todos vão além do quesito estético, conferindo algum bônus especial, como aumento de dano, dreno de vida, etc.




Me diverti bastante tentando criar combos extensos e variados sem levar um ataque inimigo. Se familiarizar com tantos comandos é uma prazerosa curva de aprendizado. Cada ataque inimigo é antecipado por um brilho na arma que serve para indicar ao jogador que nesse instante ele pode se proteger com o bloqueio, esquivar ou atacar ainda mais rápido para antecipá-lo. Pode parecer simples a princípio, mas ao se deparar cercado por ataques vindo de várias direções, você perceberá que é preciso um mínimo de afinidade com os controles para sobreviver. A fim de tornar a experiência ainda melhor, não poderia faltar o sempre bem-vindo multiplayer que pode ser online ou local, com o segundo jogador controlando um dos aprendizes Shaolin.

O templo Shaolin serve como base para melhorias, customização da partida e seleção de fases

Pronto para a batalha!

9 Monkeys of Shaolin faz muito mais do que apenas ingressar a vasta lista de beat ‘em up disponíveis, ele chega para encabeçar a disputa entre os melhores do gênero. A Sobaka Studio não só inseriu todos os elementos que considero essenciais, como também soube ir além, adicionando atrativos que o diferenciam da maioria e que casaram muito bem com o estilo frenético e empolgante desses jogos. A estrutura de evolução do personagem prolonga a longevidade do título para aqueles que gostam de grinding, sem torná-lo obrigatório aos jogadores que desprezam essa mecânica.

Prós

  • Sistema de combate divertido;
  • Árvore de evolução diversificada;
  • Multiplayer online e local;
  • Boa customização com equipamentos;
  • Possibilidade revisitar as fases concluídas.

Contras

  • Objetos em primeiro plano atrapalham a visibilidade.
9 Monkeys of Shaolin — PC/PS4/Switch/XBO  — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Buka Entertainment


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