Rayman, o carismático herói sem membros completa 25 anos de existência

Nos anos 1990, muitas empresas tentaram emplacar seus próprios personagens a fim de competirem com Mario e Sonic na preferência entre os jogadores, no entanto, Rayman é um dos poucos que angariaram e mantêm um grupo permanente de fãs.

em 16/09/2020


Rayman (o herói) é um dos mais icônicos personagens de jogos eletrônicos de todos os tempos. Talvez não tenha o carisma de Mario ou a “petulância” de Sonic, mas é um herói que manteve uma sólida e produtiva carreira ao longo dos anos por todas as plataformas em que seus jogos passaram.


Com os recentes 25 anos de lançamento de seu jogo original, Rayman (que debutou no Jaguar, PS, Saturn e PC), nada mais justo senão apresentar suas origens aos leitores mais jovens, assim como resgatar aos mais antigos alguns aspectos curiosos sobre o jogo. Acompanhem!

O universo de Rayman


Rayman vive em um mundo pacífico e equilibrado em razão do Grande Protoon, uma grande esfera mística que emite uma luz rosa e é responsável por oferecer tudo o que existe na Clareira dos Sonhos, local onde todas as suas aventuras ocorrem.

A Clareira foi criada por Polokus, uma entidade que é considerada um deus na série e se tornou tão poderoso que um simples sonho que tenha se materializa em um novo ambiente. Não à toa a Clareira possui desde ambientes convencionais como florestas, cavernas e vulcões, como também ambientes “malucos” formados por notas musicais, doces ou objetos de arte. É importante destacar que ainda que Polokus seja um deus, ele foi criado por outra força: os Lums, seres primordiais de pura energia mágica, que se dividem em diversas outras espécies.
Polokus em sua versão atual.

Além da Clareira dos Sonhos, Polokus criou diversos outros seres e criaturas: as fadas (correspondentes desse mundo e criadoras do quinto tipo de Lum — o Silver Lum, responsável por dar poderes a Rayman); os Teensies, sábios antigos que dão acesso a todas as portas de todas as regiões da Clareira dos Sonhos e que tinham a função primordial de desvendar todas as passagens secretas desse mundo; além de Globox (melhor amigo de Rayman); Clark (cuja incrível força ajudou a divindade a esculpir montanhas); dentre outras criaturas.

Um dia, no entanto, Polokus teve um pesadelo e isso deu origem a Jano — o guardião da Caverna dos Sonhos Ruins — que, por sua vez, deu origem aos Antitoons (versões distorcidas dos Electoons, que são fragmentos dos sonhos de Polokus), que se espalharam pelo planeta. Foi diante dessa ameaça que as ninfas (uma das variações das fadas), lideradas por Betilla, empregaram seus poderes para a criação de Rayman, com o intuito de enfrentar esse mal.

Não bastasse isso, Mr. Dark, um poderoso mago, surge na Clareira dos Sonhos objetivando tomar para si o Grande Protoon. Embora Betilla lute contra o antagonista, acaba derrotada. Além disso, o feiticeiro aprisiona diversos Electoons em todo o planeta e competirá a Rayman resgatá-los, derrotar Mr. Dark e reinserir o Grande Protoon em seu lugar de equilíbrio, sendo isso basicamente o enredo do jogo original.
Mr. Dark derrota Betilla.


A origem de Polokus, Rayman, Betilla e demais criaturas da Clareira dos Sonhos foi regularmente inserida nos jogos da franquia, em manuais e em entrevistas dos desenvolvedores, contudo, Mr. Dark ainda é um dos personagens mais misteriosos da série e pouco se sabe sobre suas origens, motivações de fato ou seu papel em relação a Jano — se é que existe algum.

Em 1995, ano de lançamento de Rayman, tudo o que foi apresentado ao jogador é a necessidade de derrotar Mr. Dark, resgatar os Electoons e devolver o Grande Protoon ao seu lugar de origem.

Mas por que diabos ele não possui membros?

Ah, a mágica dos manuais que acompanhavam os jogos! Estas cada vez mais raras cadernetas (atualmente quase todas são digitais) tinham em seu conteúdo não apenas os comandos básicos do jogo, como também um resumo da aventura, histórias em quadrinhos, informações sobre inimigos, armas etc.

Segundo o manual de Rayman Origins, a razão pela qual o personagem não possui membros decorre da ausência de Lums (fragmentos de energia mágica) para sua constituição física completa. Desta feita, mãos, pés e cabeça se movem sem braços, pernas ou pescoço. Interessante, não?
Rayman em sua caracterização atual: a ausência de Lums até que o torna charmoso...


A grande verdade, no final das contas, é algo bem menos dramático: limitações técnicas nos consoles da época dificultavam que toda a versatilidade de movimentos de Rayman fosse apresentada de forma satisfatória. Com a redução de frames nas imagens do personagem, o jogo poderia ser mais dinâmico e ágil.

O mesmo jogo até dizer “chega!”

Rayman obteve um considerável sucesso quando de seu lançamento: o personagem era carismático, a jogabilidade em 2D/plataforma era agradável e os gráficos eram bonitos, mesmo que a geração 32 bits forçasse cada vez mais jogos em 3D.

Embora sejam basicamente iguais entre si, as versões do jogo originalmente lançadas possuíam alguma peculiaridade: no Jaguar, as cutscenes que existiam no PS/Saturn/PC foram substituídas por imagens com textos. De mesmo modo, a versão para Saturn possui melhor detalhamento visual, como o rompimento de janelas (na batalha final) ou o efeito de sombras, se comparado ao PS.


Por suas próprias peculiaridades, cada plataforma do lançamento original sofreu algumas leves alterações nas mecânicas, além de alterações no visual e na jogabilidade. Contudo, o jogo é basicamente o mesmo em sua estrutura.

Não à toa, Rayman recebeu conversões para Game Boy Advance (intitulado como Rayman Advance, sendo uma adaptação da versão para PC, contudo, com menor dificuldade, dado o aumento do número de vidas e redesign de estágios para torná-los mais fáceis); Pocket PC (intitulado como Rayman Ultimate); dispositivos iOS e Android (conhecido como Rayman Classic) e DSi (mediante o serviço DSi-Ware) — também disponível para 3DS mediante a eShop.

Ainda vale a pena?

Essa é a questão-chave de muitos dos jogos apresentados nesta coluna. Por sorte, Rayman é um jogo que envelheceu bem e algumas das plataformas para as quais foi lançado são facilmente encontradas atualmente. Para os fãs do personagem que ainda desconhecem seu primeiro jogo, a pergunta é meramente retórica. Para aqueles que estão descobrindo o personagem mais recentemente — como este redator —, é uma boa chance para nos aprofundarmos em um verdadeiro clássico 2D da era 32 bits.
Entre amigos e em paz, como deve ser.


O carisma do herói, somado a um enredo criativo e interessante, boa jogabilidade e humor característicos tornam Rayman praticamente obrigatório a qualquer jogador, mesmo que ainda ignore a importância da franquia para o mundo dos games.

Revisão: Ives Boitano

Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
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