Nova geração de consoles: quando migrar?

Estamos chegando mais uma vez no fatídico momento de transição de gerações e a dúvida novamente é: Qual a melhor hora para migrar?

em 17/09/2020
Eu considero essa dúvida mais difícil de resolver do que escolher seu Pokémon inicial, mas igualmente inevitável. Estamos chegando mais uma vez no maravilhoso momento em que nossos consoles atuais passam a ser considerados máquinas da geração passada, onde novos modelos, mais potentes, atraentes e recheados de novidades assumem a posição de carros-chefe das principais empresas do setor.




Hoje não estamos aqui para te dizer qual console escolher, mas conhecer quais são as opções que já teremos disponíveis no mercado no fim deste ano, que planos as empresas possuem para estes produtos, os serviços oferecidos a eles, além de eventos e relatos de períodos de transição anteriores para ajudar você a ser prudente enquanto amadurece sua decisão de migrar para a nova geração.

O que sabemos sobre os novos consoles

Sony e Microsoft terão sucessores para seus consoles a partir do fim deste ano. A empresa americana saiu na frente apresentando o Xbox Series X em dezembro de 2019 durante a cerimônia de premiação The Game Awards. Capaz de reproduzir jogos com resolução 4K de forma nativa e taxa de atualização de até 120 quadros por segundo, a empresa se orgulha em enfatizar que ele é o console mais poderoso da história, com especificações técnicas que causam uma certa intimidação, de tão potentes que são.


Com suporte à retrocompatibilidade para todas as gerações anteriores, o Xbox Series X será capaz de reproduzir os jogos de seus antecessores de forma aprimorada, com a promessa de entregar a melhor experiência possível. Uma notícia excelente para o jogador que preza pela acessibilidade de sua biblioteca de jogos de forma prática e ágil.

Em setembro tivemos uma “surpresa”, com a confirmação dos rumores de que um modelo mais “básico” do Xbox Series X estava sendo desenvolvido. Anunciado como um modelo de entrada para a próxima geração, o Xbox Series S possui algumas especificações técnicas inferiores, mas ainda suficientes para reproduzir com ótima performance, segundo a Microsoft, os jogos next-gen.

Com cerca de 60% do tamanho do Xbox Series X, o Series S dispõe das mesmas funcionalidades de sua contraparte principal. Tem como meta de performance reproduzir os mesmos jogos do seu “irmão” com resolução máxima de 1440p e com a mesma taxa de atualização de 120 quadros por segundo. Por possuir menos componentes que o Series X e não dispor de um leitor de discos, ele é consequentemente bem mais barato.


O Xbox Series X e o Xbox Series S serão lançados em 10 de novembro por US$499 e US$299, respectivamente.
A Sony, dona do console mais vendido da atual geração, demorou bem mais para revelar o sucessor do PlayStation 4. Em meio a muitos mistérios e dúvidas, a empresa revelou inicialmente as especificações do console. Em números, é menos potente que seu concorrente direto, mas em apresentação do arquiteto chefe do console, Mark Cerny, foi dito que a arquitetura do novo console tem como objetivo tirar o máximo proveito do hardware para entregar o mesmo resultado que o Xbox Series X. A retrocompatibilidade estará presente, com a promessa de já ser compatível com praticamente toda a biblioteca do PS4.

Ainda sendo bastante restrita com as informações acerca do PlayStation 5, a empresa revelou inicialmente o controle do novo console, o DualSense. Com bateria maior e mais eficiente – por favor, né? – um design anatômico bem diferente do DualShock 4, que foi uma boa evolução dos DualShock 2 e 3, o controlador contará com, segundo a Sony, revolucionários métodos de imersão para o jogador, com vibração dinâmica e gatilhos adaptáveis, que se ajustam conforme o jogo, simulando com mais precisão a tensão da corda ao puxar uma flecha ou o travamento do gatilho de uma arma de fogo emperrada.


Já o console em si só foi revelado oficialmente em junho, em uma edição dedicada do State of Play, o “Nintendo Direct da Sony". Com um visual moderno e arrojado, o PlayStation 5 foi apresentado em duas edições, sendo uma a regular e a outra chamada de Digital Edition, que se difere apenas pela ausência do leitor de discos ópticos. Ambos os modelos virão equipados com uma unidade de armazenamento SSD ligeiramente menor que o Xbox Series X, com 825GB de capacidade.

O PlayStation 5 será lançado em 12 de novembro por 499 dólares. A versão digital, com as mesmas especificações mas sem suporte para jogos em mídia física, custará 399 dólares. No Brasil, o console será lançado em 19 de novembro com preço inicial de R$4.499,00.

Analisando as opções

Opções, como já vimos, temos várias – e boas. O Xbox Series X e o PS5 serão capazes de reproduzir jogos com resolução nativa de 4K a 60fps, com suporte à tecnologia Ray Tracing, que proporciona maior realismo na reflexão do espectro de luz, criando visuais mais realistas e impressionantes. Preparados também para a resolução 8K, a taxa de 120fps será possível, mas não será um padrão para todos os jogos lançados para as plataformas. O uso do SSD no lugar de um HD vai proporcionar maior velocidade no carregamento dos jogos, quase extinguindo de vez as telas de loading e proporcionando novas experiências, principalmente nos jogos de mundo aberto, os que mais demandam esse tipo de trabalho. Esse armazenamento poderá ser expandido com dispositivos compatíveis, vendidos separadamente. Nos Xbox já sabemos que serão dispositivos proprietários.
Comparativo mostrando o uso do Ray Tracing no jogo Devil May Cry 5 Special Edition
Agora vamos começar a colocar as cartas que já temos na mesa. Com dois modelos disponíveis no lançamento, a questão do preço do Series S se mostra uma cartada das boas a favor da empresa americana. Na publicação de anúncio do console, a empresa disse que se baseou no feedback de seus jogadores em uma pesquisa de opinião, na qual perguntou sobre a intenção de adquirir um monitor com resolução 4K para jogar. A negativa foi maior, ao contrário da preferência por uma taxa de quadros mais elevada, que teve mais prioridade frente à resolução. O Series S foi desenvolvido pensando nesse público, tendo como real meta de desempenho reproduzir os jogos em 1440p dinâmico e 60fps, mas ainda capaz de entregar até 120 quadros por segundo em alguns títulos.

Para reduzir o custo de produção do Series S, a unidade de processamento gráfico (GPU) e a memória também são consideravelmente menores que o Series X. A versão compacta possui 4 Teraflops de poder de processamento e 10 GB de RAM DDR6 contra 12 Teraflops e 16GB de RAM DDR6 do Series X. Em números, o processamento gráfico do Series X tem o mesmo poder que o de três Series S. A título de comparação, o Xbox One X, o modelo mais potente disponível atualmente, possui processamento gráfico na casa dos 6 Teraflops e 12GB de RAM DDR5.
O Xbox Series S, mesmo com componentes menos potentes, ainda é capaz de reproduzir os jogos da próxima geração.
Essa diferença de processamento gerou um certo ceticismo da comunidade. E até a data da publicação deste texto a Microsoft não apresentou um comparativo de desempenho dos dois consoles, como uma demonstração comparando a performance de um mesmo jogo rodando nos dois sistemas. Entretanto, garante que isso não será um limitador na experiência para os jogadores. A dúvida se faz válida e até pessoas da indústria se mostraram atentas a esse detalhe. Na ocasião do anúncio do Series S, um desenvolvedor da Remedy deixou escapar sua preocupação sobre a meta de performance que deverá ser alcançada para atender as propostas dos dois modelos do console.

Nesse quesito, com base no que já sabemos sobre o PlayStation 5, já temos um certo conforto com relação aos modelos do console que a Sony vai lançar. Os dois modelos possuem exatamente as mesmas especificações, diferindo apenas da ausência de leitor de discos na versão digital.

Já na questão de serviços, a Microsoft possui um trunfo a seu favor, que é a ótima performance de seus serviços digitais, liderados pelo Game Pass. Isso torna a opção de adquirir um console com acesso a jogos em formato exclusivamente digital mais atrativa, pois dá a certeza a um acesso fácil a uma quantidade considerável de jogos, inclusive novos, no dia do lançamento apenas com a assinatura do serviço, e receberá o reforço do EA Play, que passará a integrar o Game Pass, aumentando o catálogo de jogos disponíveis.
A integração da EA Play ao Game Pass não aumentará o custo do serviço ao consumidor
A Sony, apesar de possuir um serviço decente, não entrega as mesmas vantagens oferecidas pela concorrente, limitando-se apenas aos jogos cortesia do serviço PlayStation Plus e à grande qualidade dada a seus títulos exclusivos, que ainda são o principal motivo que leva jogadores a continuar na comunidade PlayStation. Mas isso pode começar a mudar com o PlayStation Plus Collections, um novo benefício que será adicionado ao PlayStation Plus para os jogadores do PS5, permitindo que tenham acesso aos principais jogos de seu antecessor ao manter uma assinatura ativa. Lembrando que há ainda o serviço PlayStation Now, mas ele só está disponível nos EUA e na Europa.
O PlayStation Plus Collection será um novo benefício da PlayStation Plus que permitirá o acesso aos principais jogos do PS4 no PS5
Fora isso, ofertar já no início da geração um console exclusivamente digital possui como ponto mais vantajoso o acesso rápido, até mesmo instantâneo, aos jogos. Não querendo desmerecer quem prefere comprar um jogo em mídia física em 2020 – é até necessário, pois ainda há localidades que não dispõem de um acesso decente à internet – mas hoje é muito mais fácil e prático investir em uma biblioteca digital de jogos. E abrir mão de um leitor de discos para economizar no hardware pode ser um bom negócio se você tem acesso a uma conexão de qualidade, mais acessível com a popularização da fibra óptica, que permite acesso a conexões com altíssima velocidade.

E como adoramos tabelas, vamos fechar este tópico conferindo de forma comparativa as especificações de cada um dos consoles:

Componente PlayStation 5 PlayStation 5 Digital Version Xbox Series X Xbox Series S
CPU 8x Zen 2 Cores at 3.5GHz
(variable frequency, with SMT)
8x Zen 2 Cores at 3.5GHz
(variable frequency, with SMT)
8x Zen 2 Cores at 3.8GHz
(3.6GHz with SMT)
8x Zen 2 Cores at 3.6GHz
(3.4GHz with SMT)
GPU 10.28 TFLOPs,
36 CUs at 2.23GHz (variable frequency)
10.28 TFLOPs,
36 CUs at 2.23GHz (variable frequency)
12.16 TFLOPs,
52 CUs at 1.825GHz
4 TFLOPs,
20 CUs at 1.565GHz
Arquitetura de GPU Custom RDNA 2
w/ hardware RT support
Custom RDNA 2
w/ hardware RT support
Custom RDNA 2
w/ hardware RT support
Custom RDNA 2
w/ hardware RT support
Memória 16GB GDDR6 16GB GDDR6 16GB GDDR6 10GB GDDR6
Meta de performance 4K @ 60fps up to 120fps 4K @ 60fps up to 120fps 4K @ 60fps up to 120fps 1440p @ 60fps up to 120fps
Largura de banda de memória 448GB/s 448GB/s 10GB at 560GB/s,
6GB at 336GB/s
10GB at 560GB/s,
6GB at 336GB/s
Armazenamento interno Custom 825GB NVMe SSD Custom 825GB NVMe SSD 1TB Custom NVMe SSD 512GB Custom NVMe SSD
Taxa de transferência 5.5GB/s (Raw),
8-9GB/s (Compressed)
5.5GB/s (Raw),
8-9GB/s (Compressed)
2.4GB/s (Raw),
4.8GB/s (Compressed)
2.4GB/s (Raw),
4.8GB/s (Compressed)
Expansão de armazaenamento NVMe SSD Slot NVMe SSD Slot 1TB Expansion Card 1TB Expansion Card
Armazenamento externo USB HDD Support USB HDD Support USB HDD Support USB HDD Support
Drive Óptico 4K UHD Blu-ray Drive Apenas digital 4K UHD Blu-ray Drive Apenas digital
HDMI 2.1 (4K/120Hz, 8K, VRR) 2.1 (4K/120Hz, 8K, VRR) 2.1 (4K/120Hz, 8K, VRR) 2.1 (4K/120Hz, 8K, VRR)
Retrocompatibilidade PlayStation 4 PlayStation 4 Xbox, Xbox 360, Xbox One Xbox, Xbox 360, Xbox One
Preço US$499.99
R$4.999,00
US$399.99
R$4.499,00
US$499.99 US$299.99

As vantagens de uma migração tardia

Não ser um early adopter, termo usado para quem tem acesso a novas tecnologias assim que disponíveis, também tem suas vantagens. Você com certeza já deve ter visto notícias sobre defeitos apresentados nas primeiras levas dos consoles no início de suas vendas. PlayStation 4, Xbox One e até o Switch tiveram isso e, mesmo com os rígidos controles de qualidade que esses produtos passam antes de chegar na prateleira das lojas, ainda são suscetíveis a apresentar defeitos. Não é à toa que versões revisadas destes consoles são lançadas cerca de um ano após o lançamento inicial. Isso é feito para sanar esses problemas identificados nos primeiros lotes e outros que são descobertos durante a revisão do projeto. Isso sempre aconteceu, e com certeza veremos relatos sobre defeitos nas primeiras semanas de lançamento das novas plataformas.
Após o lançamento, unidades do Xbox One apresentaram defeitos no drive de leitura de discos
Ser dono de um console no Day One é uma sensação ótima, mas tem seus riscos por conta destes problemas que podem surgir caso você seja “premiado” com um console defeituoso. Ter sua euforia afogada com a decepção causada por um vício no produto é muito chato. Pessoalmente, eu sou o tipo de pessoa que prefere esperar um ano ou então o lançamento da versão revisada de um novo console.

Sou um apoiador do consumo de um console no fim de sua geração, principalmente pela ótima experiência que tive ao fazê-lo. Quando comprei meu PlayStation 3 no Carnaval de 2014, teve gente que me julgou com argumentos como “Você poderia ter economizado pra comprar o 4!”, ou “Tá gastando com coisa velha!”. Sinceramente, foi uma das melhores aquisições que fiz. Já tinha planos de comprar um para jogar muitos jogos que tinha interesse na época, por isso já estava de olho.

Por conta do feriado, encontrei um bundle do PS3 com GTA V por pouco mais de R$900 em uma loja de Goiânia, onde moro. Comprei um cartão pré-pago de R$100 e comprei mais dois jogos numa promoção da PlayStation Store naquele fim de semana e tive um dos feriados de Carnaval mais bem aproveitados da minha vida. Era a época em que o PS4 era vendido por R$4.000, então era extremamente inviável até pensar em comprar um naquela época.

Dizem que a melhor época para se aproveitar um console é justamente no fim de sua geração, e concordo plenamente nisso. Aproveitei muito do que o PS3 tinha para oferecer graças à oferta de jogos muito baratos que comprava pela internet até a Black Friday de 2015, quando finalmente adquiri meu PS4. Um modelo revisado, fabricado no Brasil, e por menos da metade do valor que era vendido no ano anterior. Comprei The Witcher 3: Wild Hunt na PlayStation Store, que estava pela metade do preço na época e tive meu “Feliz Natal” matando monstros naquele ano.

Esse relato é para mostrar que mesmo no início de uma nova geração, a anterior pode estar no seu auge, justamente pela gigantesca oferta de jogos e pela capacidade dos desenvolvedores em já saber como tirar o máximo proveito do hardware. É incrível ver como o mesmo PS4 que rodava Killzone: Shadow Fall com certa dificuldade consegue reproduzir The Last of Us Part II com tamanha perfeição, sem nenhuma alteração física em sua estrutura. Me espelho em alguém que comprou um PS4 em 2020 e tem extrema facilidade em conseguir excelentes jogos por preços que chegam a bem menos da metade do que custaram quando foram lançados.
Comprar um console no lançamento é uma sensação incrível
Migrar cedo pode deixá-lo sem a oportunidade de ter essas experiências em um console que foi mal aproveitado, seja por falta de disponibilidade ou até de oportunidade de jogar esses jogos, principalmente os exclusivos. E mesmo com a retrocompatibilidade disponível nos novos Xbox e no PlayStation 5, com aprimoramentos e facilidades proporcionadas por um poder de processamento maior e uma velocidade de carregamento mais alta proporcionada pelo SSD, a experiência original continua insubstituível.Deixar uma geração pra trás sem ter aproveitado tudo que ela tem a oferecer é outro ponto a se considerar.

No caso da Sony, a empresa já deixou claro que ainda oferecerá suporte ao PlayStation 4 por mais quatro anos após o lançamento do PS5, um tempo confortável para aproveitar ainda mais o aparelho antes de aposentá-lo de vez.

Tudo no seu devido tempo

Migrar para uma nova geração não é fácil. Muitos fatores influenciam diretamente nesta decisão: preço, jogos, acessórios, suporte técnico e até seu perfil de consumo. A nova geração já tem data para começar. Em 10 de novembro os novos Xbox já estarão entre nós, seguido do PlayStation 5 dois dias depois, e no dia 19 com seu lançamento oficial no Brasil. Espero que essa discussão tenha ajudado a amadurecer um pouco mais sua decisão de quando, como, ou até se fará a migração para a próxima geração de consoles.
Uma coisa é certa. Esta geração foi incrível!
Considero que sua decisão seja essencialmente baseada no real objetivo que deseja em uma nova plataforma. Jogos melhores? Exclusivos? Serviço de qualidade? Apenas digital? Xbox? PlayStation? A decisão é sua, e o tempo para tomá-la deve ser bem aproveitado para ser a mais assertiva possível. Até a próxima!

Revisão: José Carlos Alves

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.