Não espere, porém, encontrar mecânicas desenvolvidas de combate, um roguelike, intensas horas de jogo ou itens colecionáveis. Aqui, a única intenção é contar algumas histórias aos jogadores com o uso de desenhos carismáticos, muita cerveja e conversas casuais.
Um universo de narrativas
Para entender Welcome to Elk você deve, primeiramente, ler a sinopse: "Uma aventura biográfica em uma ilha peculiar, onde todo personagem tem uma história para contar" é o que você encontrará, sendo cada uma dessas histórias baseada em relatos da realidade. Para ocultar a identidade dessas pessoas e unir tudo isso em um único ambiente — já que os fatos não têm conexão entre si —, foi criada a ilha de Elk.
Como um background para que todos os acontecimentos ocorram de forma linear, a protagonista Frigg é quem viaja para a ilha, em uma tentativa de experimentar novos ares longe da cidade grande. Ela será recebida como estagiária em serviços de carpintaria, mas é a única coisa que não faz, pois vive intensamente tudo o que acontece nesse lugar remoto. Com o passar dos dias, percebe-se que os habitantes de Elk têm muito a contar, e cada dia chega com uma nova história.
Sem querer me aprofundar, mas permita-me o exemplo: num desses dias de aventura, você ouvirá dos habitantes a história do Mister Bo, filho de um empresário e cervejeiro que priorizou os negócios à família, traumatizando o rapaz. Após a morte do pai, o garoto tornou-se um benfeitor, fechando os negócios e vivendo dias de tranquilidade em Elk. Tenha noção, porém, que algumas das outras narrações são mais intensas, envolvendo temas como morte, alcoolismo e prostituição.
Por outro lado, se tem algo que os moradores gostam, é de comemorar. Reunindo-se no Eremita, o bar local, todos os dias acabam terminando em uma integração com cerveja, mesmo que os acontecimentos de minutos atrás tenham sido tristes. É a forma encontrada para conectar cada uma das histórias (contadas, geralmente, em um dia no jogo) e prosseguir o dia a dia de Frigg.
Welcome to Elk apresentará a você, leitor, basicamente isso. Não há um enredo de Hollywood ou uma trama clichê enlatada, mas sim pequenos relatos dos habitantes da ilha que você sabe que são reais. Por isso, em alguns momentos você se perguntará o motivo de estar jogando. Não espere encontrar nada mais do que um ambiente de experimentação, que se justifica por apenas "querer contar histórias e passá-las adiante".
Envolvendo o jogador
O uso exclusivo de diálogos tornaria a experiência entediante. Por isso, entendo a forma que a equipe de desenvolvimento optou para transformar, como nesta matéria, os grandes blocos de texto em algo mais amigável. Se aqui os recursos são as imagens e vídeos do jogo, em Welcome to Elk você encontrará os minigames e entrevistas.
Seja encher um copo de cerveja com a quantidade correta de espuma, guiar uma bola de gude a uma armadilha de esquilos ou jogar uma partida de golfe maluco como em What the Golf? (Multi), os minigames quebram um pouco as longas séries de diálogo de forma divertida. Não há compromisso em vencê-los, e cada um dura poucos minutos, mas são todos inusitados e feitos com bastante cuidado.
As entrevistas em vídeo, por outro lado, são momentos mais sérios onde pessoas reais fazem à protagonista alguns de seus relatos. É um excelente momento para comparar os acontecimentos do game com o que aconteceu no mundo real, entendendo que eles foram adaptados para o contexto da ilha de Elk e permaneceram apenas em essência.
Para conectar todos esses aspectos, chegamos aos desenhos carismáticos do título, que já chamam atenção na capa. Eles tornam tudo conciso em um mapa pequeno o suficiente para já estar gravado em sua cabeça após as 3 horas de jogatina, tempo médio necessário para encerrar o jogo. Em vários ambientes no estilo de Onde está Wally?, o recurso utilizado para identificar os objetos interativos do plano de fundo são as cores, que se tornam agradáveis surpresas a serem exploradas.
Welcome to Elk entrega exatamente o que propõe: contar algumas histórias reais chocantes dentro de um universo fictício que as une. A alguns, poderá se tornar uma experiência entediante, que é quebrada por curtos e divertidos minigames. Ainda assim, o jogo demonstra ser desenvolvido com muito cuidado, em artes ilustradas coloridas e amigáveis. Então, pegue uma bebida e ouça um pouco do que cada habitante tem a contar.
Prós
- Artes carismáticas com uso de cores em objetos interativos;
- Reprodução de relatos reais de forma séria e envolvente.
Contras
- O excesso de diálogos pode tornar a experiência entediante;
- O uso de histórias não relacionadas pode não agradar a todos os públicos.
Welcome to Elk — PC/Xbox One — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela Triple Topping