Os insetos querem poluir o mundo ou raptar os micos-leões?
Tamarin começa com uma cutscene ágil e pouco explicativa, uma espécie de introdução à jornada que vamos acompanhar. Nela, observamos a chegada inesperada de um exército de formigas em uma área selvagem a fim de destruir toda e qualquer forma de vida para a construção de uma grande fábrica corporativa. Durante o ataque, pássaros são mortos e enjaulados, árvores são queimadas e a casa de uma família de três micos-leões é dizimada pelas chamas. Para piorar a situação, dois dos animais acabam sendo raptados pelos insetos e cabe somente ao jogador trazê-los de volta em segurança.
O desenvolvimento da narrativa é confuso, porque em nenhum momento foi explicado o motivo do sequestro inicial e você não sabe exatamente qual é a real intenção do desenvolvedor em contar esta história e qual é o objetivo do jogo; afinal, é simplesmente salvar a família raptada ou apenas eliminar insetos para acabar com a degradação ambiental causada por suas fábricas poluentes? Ou são as duas coisas? É tudo muito aleatório e sem sentido e até mesmo o protagonista e os personagens secundários não empolgam pela falta de carisma e, embora haja alguns momentos de ternura durante a experiência, não há muito por quem se apaixonar.
Poucas cenas da narrativa encantam e demonstram a amabilidade dos personagens. |
A experiência é dividida em dois modos: plataforma e tiro em terceira pessoa. Ao longo do caminho você vai se deparar com um ouriço que possui um arsenal de armas de fogo a lhe oferecer, mas que também troca alguns itens coletáveis por ferramentas necessárias para o progresso da campanha, como flores invencíveis, interruptores e outros. O animal espinhoso sempre aparece quando você precisa desbloquear elementos relacionados à progressão e geralmente está na transição entre os dois modos de jogo. Por exemplo: você não poderá levar armas para a experiência de plataforma, então o ouriço as guarda até o momento que precisar.
O mundo do jogo é imenso e é dividido em zonas de tiro e de plataforma interconectadas. Essa é sem dúvida uma das partes mais interessantes e positivas do título, pois cada área se conecta uma à outra e o personagem pode passar entre elas normalmente; você pode estar explorando um fiorde, entrar em uma caverna e de cara sair em uma das fábricas dos insetos, e por aí vai. É tudo muito dinâmico e as telas de carregamento fazem seu trabalho de maneira eficiente, entregando uma viagem entre áreas rápida e elegante para uma imersão desejada.
A zona de plataforma compreende as áreas: Lar dos Tamarins, Montanha Fraena, Fiorde Lyngna, Floresta Tóxica e Montanha Eyja; enquanto a zona de tiro apresenta a Floresta Fraena, a Fábrica e a Indústria de Insetos. É tudo muito grande, mas visualmente é medíocre, pois o acabamento das áreas e do protagonista é poluído e na maior parte do tempo o que está à sua frente é só um monte de elementos e paisagens borradas e não polidas.
David Wise (compositor da série Donkey Kong) retorna ao mundo dos videogames compondo as músicas de Tamarin. Embora não seja um de seus melhores trabalhos, a trilha sonora é muito bem construída para o mundo interconectado e a cada nova área uma melodia diferentes é apresentada; em momentos de combates extremos e tiros, tons de ação e adrenalina, e na experiência de plataforma e exploração, minimalismo e tons suaves. O mais inusitado é que os insetos também dançam e a produção de Wise conseguiu transformar algumas cenas em algo que soa mais engraçado do que estranho. O sistema de iluminação e de sombras é tão bem acoplado nestes momentos que é como se existisse uma balada nos cenários.
A Montanha Eyja é uma das piores áreas do jogo que explorei e a falta de sinalização torna tudo muito mais frustrante. Eu andava pra lá e pra cá tentando achar uma abertura para entrar e encontrar novos vaga-lumes, mas sempre acabava perdido ou voltando para o mesmo lugar. Combinado a isso está uma câmera problemática que mais atrapalha do que ajuda nos combates e nos desafios de tempo. Falando nos benditos desafios, eles são completamente repetitivos e irritantes; você aciona um botão no chão pulando em cima dele e uma trilha de moedas de prata aparecerá. O seu objetivo é chegar no final e coletar todas elas antes que o tempo acabe, mas isso se torna tão maçante quanto a exploração, principalmente por causa da câmera e das mecânicas de salto mal projetadas.
O mundo do jogo é imenso e é dividido em zonas de tiro e de plataforma interconectadas. Essa é sem dúvida uma das partes mais interessantes e positivas do título, pois cada área se conecta uma à outra e o personagem pode passar entre elas normalmente; você pode estar explorando um fiorde, entrar em uma caverna e de cara sair em uma das fábricas dos insetos, e por aí vai. É tudo muito dinâmico e as telas de carregamento fazem seu trabalho de maneira eficiente, entregando uma viagem entre áreas rápida e elegante para uma imersão desejada.
Insetos armados para todos os lados nas zonas de tiro. |
David Wise (compositor da série Donkey Kong) retorna ao mundo dos videogames compondo as músicas de Tamarin. Embora não seja um de seus melhores trabalhos, a trilha sonora é muito bem construída para o mundo interconectado e a cada nova área uma melodia diferentes é apresentada; em momentos de combates extremos e tiros, tons de ação e adrenalina, e na experiência de plataforma e exploração, minimalismo e tons suaves. O mais inusitado é que os insetos também dançam e a produção de Wise conseguiu transformar algumas cenas em algo que soa mais engraçado do que estranho. O sistema de iluminação e de sombras é tão bem acoplado nestes momentos que é como se existisse uma balada nos cenários.
Uma experiência de plataforma desastrosa...
A primeira experiência de jogabilidade de Tamarin é a de plataforma. O seu objetivo nessas áreas é coletar vaga-lumes para energizar estátuas e abrir novas portas que geralmente dão acesso às áreas subterrâneas onde vivem as formigas dançantes. Você pode adquirir esses vaga-lumes explorando cada área e achando entradas escondidas nos arbustos ou realizando desafios cronometrados, mas alguns estão espalhados livremente pelo mundo semiaberto e basta apenas se aproximar, segurar um botão e pular sobre eles.
No entanto, explorar essas enormes áreas e coletar os vaga-lumes necessários para abrir as portas é um processo longo e desgastante. Primeiro que não existe nenhum minimapa, marcador ou qualquer ponto de referência para ajudar o jogador a se guiar. É uma experiência terrível e é muito fácil você se perder ou andar sem rumo pelo mapa.
Em Tamarin, o mico-leão pode pular, rolar para frente, dar um bote no ar e cambalhotas, e a maioria das plataformas exige que você faça saltos muito específicos e precisos. Durante minha experiência nunca me senti confortável, pois os saltos geralmente falham e você acaba caindo das plataformas. Os inimigos dessas áreas são compostos por joaninhas, libélulas, cobras e outro inseto que atira pedras, e todos eles são tão chatos quanto o resto, não oferecendo quase nenhum diferencial desafiador.
Mecanicamente falando, Tamarin traz uma experiência de plataforma extremamente exaustiva com uma variedade de desafios sem graça e uma jogabilidade deficiente de aprimoramentos. Levei em torno de dez horas para concluir o jogo e teria demorado muito menos se não fosse pelo mundo semiaberto angustiante que me fez andar sem rumo ou morrer continuamente pelas mecânicas pobres.
...e uma experiência de tiro um pouco melhor, mas ainda medíocre
A experiência de tiro de Tamarin não é tão ruim, comparada à de plataforma, mas ainda assim é medíocre o suficiente para não agradar e enjoar rapidamente. Nestes momentos você perde toda a movimentação extra do personagem e só pode saltar, mas em comparação tem um arsenal de armas à disposição para eliminar uma variedade de insetos que vão desde formigas azuis comuns até grandes besouros com canhões. Estes primeiros inimigos podem não ser tão insuportáveis de derrotar, mas em determinados pontos um grupo de insetos voadores se movimenta e cria uma barreira no melhor estilo Space Invaders. Contudo toda essa magia se perde com uma mira problemática que fica se movimentando de um lado para o outro de tão imprecisa que é.
Entre seus equipamentos está a Uzi, uma arma que você adquire logo no início do jogo e que, por incrível que pareça, é a melhor de todas. Finalizei a campanha toda com ela, pois a metralhadora tinha uma mira imprecisa duas vezes pior que a Uzi. Também existem granadas, shurikens e um lançador de foguetes para utilizar, e é possível andar sobre armas inimigas para recarregar sua munição. Além disso, algumas caixas espalhadas pelos mapas aumentam a capacidade de munição da arma, o que pode ajudar e muito em alguns momentos.
Durante o massacre de insetos, você vai encontrar alguns passarinhos azuis que podem ser salvos e levados até casinhas de madeira para trocar por um vaga-lume; para cada três pássaros é oferecido um vaga-lume. Mas existem formigas vermelhas que eliminam essas aves, então é preciso ser rápido antes que isso aconteça. Caso contrário, terá que recomeçar toda a fase do zero.Os níveis de tiro de Tamarin não são nada difíceis; apenas são tediosos. A mira imprecisa prejudica a maior parte da experiência, mas ainda assim deixa tudo jogável. O problema é quando você morre; os checkpoints estão bem distantes um do outro e isso pode ser deprimente demais em determinadas situações, principalmente porque você precisa refazer boa parte da campanha.
Extremamente desgastante e chato
Tamarin carece de inúmeros cuidados e nem mesmo a ótima trilha sonora e o interessante mundo 3D interconectado o salva de uma história confusa e sem sentido com personagens sem carisma. É um título monótono e desgastante, com mecânicas mal projetadas, câmera irritante e uma jogabilidade problemática e imprecisa. A ausência de marcadores em um mundo semiaberto visualmente poluído e desorganizado torna a exploração repetitiva, frustrante e quase nada desafiadora, e mesmo que a experiência de tiro seja menos terrível que a de plataforma, não há razões suficientes para sua aquisição.
Prós
- Interessante mundo 3D interconectado;
- Ótima trilha sonora, embora não seja o melhor trabalho de David Wise.
Contras
- A câmera mais atrapalha do que ajuda nos combates e nos desafios de tempo;
- Acabamento medíocre com gráficos visualmente poluídos;
- Mira imprecisa e checkpoints afastados prejudicam a experiência de tiro;
- Experiência de plataforma desgastante e desafios repetitivos;
- Ausência de marcadores ou de minimapa dificulta a exploração e a localização de objetos e rotas;
- Jogabilidade geral como mecânicas de salto e combate são mal projetadas;
- Personagens sem carisma na maior parte do tempo;
- Desenvolvimento da narrativa não empolga e acaba sendo mais confuso que divertido.
Tamarin - PC/PS4 - Nota: 3.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Chameleon Games