O tempo passou e, após alguns tropeços, a Activision decidiu retornar às raízes do seu sucesso e remasterizar as duas primeiras entradas da saga que, não por acaso, são as favoritas dos fãs. Será que agora vem a tão sonhada retomada na qualidade da franquia?
A trinca de ouro da Activision
Se alguns nunca imaginariam um remaster de Tony Hawk, outros já podiam esperar por algo desse tipo vindo da Activision. Esta não é a primeira franquia que passará por esse procedimento de ser melhorada para a geração atual, a fim de avaliar quão bem um novo título de uma série consagrada seria recebido. Para quem não juntou os pontos, lá vão outros exemplos de como esta estratégia deu resultados positivos recentemente.A publisher encarregou a Vicarious Visions de seguir este mesmo caminho com um dos mascotes mais amados do PlayStation: Crash Bandicoot. Após vir de uma leva de remodelagens estranhas e títulos um tanto quanto questionáveis, em 2017 as três primeiras aventuras do marsupial alaranjado foram remasterizadas no excelente Crash Bandicoot N. Sane Trilogy (Multi). A jogabilidade se manteve intacta, enquanto os visuais foram totalmente retrabalhados. Essa combinação resultou em um sucesso absurdo e tirou Crash da amargura de viver dos seus sucessos antigos.
Quem também ganhou outra oportunidade para brilhar foi Spyro. Mesmo com um legado um pouco menor que Crash, mas igualmente importante para a história dos games, o dragãozinho roxo também teve sua trilogia inicial remasterizada, mas pelo pessoal da Toys for Bob. Seguindo o modelo, Spyro Reignited Trilogy (Multi) foi outro sucesso e trouxe novamente à tona um mascote querido.
Por fim, e talvez o caso mais ambicioso de todos, o devorador de frutas wumpa teve seu título de corrida não só remasterizado, mas ampliado de maneira gigantesca. Desta vez na mão da Beenox, outro dos áses na manga da Activision, Crash Team Racing Nitro-Fueled (Multi) não só foi refeito como também expandido com diversas pistas extras e personagens de outros títulos da série, incluindo o próprio Spyro como convidado. O resultado disso tudo é a Toys for Bob produzindo Crash Bandicoot 4: It’s About Time (Multi), que será lançado em outubro deste ano e é o primeiro jogo original de Crash em uma década.
Com todos este antecedentes, já era de se esperar que a Activision começaria a se arriscar com outras de suas franquias que fizeram sucesso outrora. Adivinhe quem ficou a cargo da tarefa de reviver a nostalgia dos dois primeiros THPS? Mas é claro que seria a Vicarious Visions, que já tem um histórico de fazer alguns ports da franquia para diversos consoles. Com tudo que já foi feito com as franquias citadas anteriormente, devemos esperar no mínimo algo excelente.
Os dois primeiros passos do recomeço
A franquia Tony Hawk se encontrava em maus bocados, principalmente após o deplorável Tony Hawk’s Pro Skater 5 (Multi), que tentou sem sucesso resgatar um pouco do que a franquia já havia sido. Antes dele a situação já não estava boa, com entradas que apostavam em jogabilidade duvidosa, gráficos horrendos e até periféricos nada práticos, como uma prancha-controle. Outro infame que merece ser citado é Tony Hawk’s Pro Skater HD, que simplesmente tentou misturar fases dos dois primeiros jogos, com gráficos “melhorados", mas sem êxito algum.Trazer os dois primeiros títulos da maneira como foram apresentados serve para duas coisas: cativar o público que eles julgam ter perdido e mostrar que finalmente os erros serviram para colocar a franquia no eixo, do jeitinho que todos amam. Não haverá nenhum tipo de inclusão das metodologias anteriores. O jogador irá escolher seu skatista favorito, sua prancha mais radical e sair barbarizando pelos cenários, cumprindo objetivos e fazendo pontuações no tempo limite de dois minutos.
A ideia de fidelidade é tão forte que até a trilha sonora original foi mantida, com exceção de poucas músicas que ficaram de fora por questões contratuais. Em compensação, muitas outras foram incluídas, entre elas Confisco, da banda brasileira Charlie Brown Jr. Quanto aos personagens, todos os integrantes dos dois primeiros jogos estarão presentes e com seus visuais atuais, além de mais alguns que participaram de outras entradas da série. São os seguintes:
- Tony Hawk
- Steve Caballero
- Geoff Rowley
- Elissa Steamer
- Kareem Campbell
- Bucky Lasek
- Bob Burnquist
- Andrew Reynolds
- Rodney Mullen
- Eric Koston
- Rune Glifberg
- Chad Muska
- Jamie Thomas
- Lizzie Armanto
- Leo Baker
- Leticia Bufoni
- Riley Hawk
- Nyjah Huston
- Tyshawn Jones
- Shane O’Neill
- Aori Nishimura
Talvez a única coisa clássica que não retorne sejam os personagens secretos daquela época. Nos títulos originais contávamos com Officer Dirk, Private Carrera e Spider-Man. Porém, atualmente eles se tornaram indisponíveis por diversos motivos. O Cabeça de Teia fica de fora logo de cara, pois a Activision não detém mais os direitos sobre o personagem.
Quanto aos outros dois, fica apenas a incógnita se seria cabível a participação deles ou não, visto que o contexto social em que eles foram inseridos, 20 anos atrás, era muito diferente. Em contrapartida, existem rumores que o ator Jack Black possa vir a ser um convidado entre os profissionais, dado o seu envolvimento recente com Tony Hawk.
Se os skatistas terão seus visuais atualizados para serem fiéis ao presente, o mesmo não se pode dizer dos estágios. Cada um deles foi fielmente retrabalhado a partir do código fonte da Neversoft, que produziu os dois primeiros THPS. Logo, todo mínimo detalhe será fielmente reproduzido do jeito que os saudosistas gostam de lembrar, mas com um charme todo novo.
É bem capaz que muitos de nós, que já passamos horas a fio desbravando todos os cantos possíveis, já saibamos como realizar cada objetivo com maestria. Entretanto, as gerações mais novas finalmente vão experimentar o que Tony Hawk e sua trupe tem de melhor para oferecer. O que nos resta agora é esperar que o mês de setembro traga a tão desejada redenção para essa franquia amada por jogadores de diversas idades.
Tony Hawk’s Pro Skater 1+2: PC/PS4/XBO
Gênero: Skate
Lançamento: 04/09/2020
Expectativa: 5/5
Revisão: José Carlos Alves