Análise: Death end re;Quest 2 (PC/PS4) é um sombrio RPG e um dos melhores títulos da Compile Heart

Como seu antecessor, o jogo é uma experiência envolvente e marcante.

em 19/08/2020

Desenvolvido pela Compile Heart, Death end re;Quest 2 continua a proposta de seu antecessor de apresentar uma história que mistura RPG com uma narrativa de terror com elementos de ficção científica. Graças a essa atmosfera sombria densa, a obra oferece uma das melhores experiências da empresa tanto para quem já jogou o anterior quanto para novatos.

Um passeio pela sombria cidade de Le Choara


Mai Toyama é uma jovem garota que acaba se mudando para o orfanato Wordsworth na cidade de Le Choara após um evento traumático. Lá ela espera encontrar a sua irmã mais nova, com a qual mantinha contato apenas de forma virtual. No entanto, não conseguindo encontrar nem sequer um registro de que sua irmã havia passado pelo lugar, a garota decide investigar a fundo o que aconteceu.

Com pouco tempo no lugar, ela logo descobre que há coisas sombrias acontecendo. À noite, criaturas aparecem enquanto todos estão dormindo. Cabe ao jogador então intercalar entre diálogos durante o dia e explorar Le Choara durante a noite em busca de pistas do paradeiro da sua irmã e sobre o que realmente está acontecendo.


Com um forte tom dramático e tópicos pesados como abuso e assassinatos violentos, o jogo mantém uma densa atmosfera sombria. Mesmo durante interações mais banais, existe uma sensação constante de insegurança. Para quem já jogou alguma outra obra do escritor Makoto Kedouin (Corpse Party), a sensação de sadismo do autor é bem característica e mantém o jogador envolvido na trama esperando o seu desenrolar.

Por um lado, existem algumas pequenas inconsistências de roteiro, com momentos em que as decisões narrativas que levam à morte das personagens não batem com a força que elas demonstram em gameplay. Por outro, o tom da narrativa é bem forte e interessante, sendo fácil ignorar esses detalhes. Além disso, existem vários elementos de história que ganham peso adicional para quem jogou o anterior, mas o jogo pode ser perfeitamente apreciado por quem quiser começar por ele.

Pinball de inimigos

Assim como em seu antecessor, Death end re;Quest 2 é um RPG baseado em turnos e a sua principal mecânica é o sistema de knockback. O jogador pode se movimentar pela arena e escolher três ataques por turno. Dependendo da combinação, os inimigos serão empurrados e poderão bater no cenário e em outros personagens (aliados ou monstros), recebendo assim mais dano e podendo também atingir os outros inimigos.

A escolha de ataques pode implicar em aprendizado de novas técnicas também. Só que não há um aviso de quando é possível aprender algo com uma certa combinação de ataques. Em seu antecessor existia um ícone de insight, o que ajudava o jogador a se situar nessa escolha. O retrocesso faz com que seja mais provável ficar perdido na imensidão de possibilidades.

No meio de um combo de ataques, a personagem usa magia de reviver em ninguém.
Além disso, nem sempre é uma evolução que faça sentido. Todos os personagens em batalha são divididos em três elementos: Sol, Lua e Estrela. Golpes de um tipo são mais efetivos contra um outro, então é importante escolher os mais adequados. No entanto, ao usar uma combinação de Estrela é possível, por exemplo, aprender uma técnica de Sol, algo que acaba enfraquecendo um pouco a mecânica.

Espalhados pelo cenário das batalhas, há bugs, esferas que podem ser usadas com efeitos prioritariamente de buff, cura ou dano. Esbarrar neles aumenta o nível de corrupção das personagens e isso as transforma em versões mais poderosas (com poderes especiais) quando essa barra chega a 80% ou mais. Empurrar o inimigo também é uma forma de coletar buffs sem receber mais corrupção. Graças a essas mecânicas, as batalhas têm um elemento estratégico divertido de se explorar.


No entanto, um aspecto que deixa a desejar um pouco é o balanceamento. Nas mesmas áreas coexistem monstros fortes e fracos, o que pode ser bastante frustrante de lidar, especialmente em dificuldades mais elevadas. Nem sempre é fácil evitar os que podem ser perigosos e a sensação maior é de uma inconsistência utilizada para reaproveitar as áreas, já que são poucos os locais exploráveis na aventura.

Por fim, gostaria de ressaltar que a versão de PC é, de modo geral, bem feita. O controle por teclado é customizável e o uso de mouse para interação com o jogo é bastante natural, com exceção de alguns raros elementos de menu. No entanto, o pós-processamento deixa a imagem das personagens em 3D um pouco borrada durante alguns eventos de história. Além disso, enfrentei um bug que travava o jogo durante a batalha, o que me forçou a ter que fechá-lo algumas vezes.

Apesar desse bug, que espero que seja resolvido em breve, Death end re;Quest 2 é uma excelente adição aos jogos da Idea Factory International. Um RPG cuja escrita atmosférica é marcante, oferecendo uma experiência única dentro do gênero.

Prós

  • Atmosfera pesada mantém o jogador envolvido na trama;
  • Batalhas com mecânicas sólidas que reforçam a importância do posicionamento estratégico das personagens;
  • Controle por teclado e mouse é majoritariamente natural;
  • Reviravoltas são ainda mais interessantes para quem jogou o anterior, mas a falta desse conhecimento não atrapalha jogadores novos.

Contras

  • Aprendizado confuso de novas técnicas com a ausência do ícone de insight;
  • História conta com algumas pequenas inconsistências;
  • Desbalanceamento com inimigos fortes e fracos coexistindo nas mesmas áreas;
  • Visual 3D borrado em cenas de história;
  • Um bug ocasional pode travar o jogador em batalha.
Death end re;Quest 2 - PC/PS4 - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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