Resolvendo quebra-cabeças em estruturas ilusionárias
O foco principal de Monument Valley 2 é movimentar partes de uma série de estruturas arquitetônicas, inspiradas principalmente pelas obras de M.C. Escher, artista gráfico holandês conhecido por suas construções impossíveis, a fim de guiar as personagens Ro e sua filha do ponto A ao ponto B de cada fase.
O jogador terá que interagir diretamente com peças móveis, alavancas e elevadores, movendo-os em várias direções, seja para cima, para baixo, para a esquerda, direita e até em 180 ou 360 graus. Também existem alguns botões que revelam ou abrem partes da estrutura, como portas e compartimentos; muitas vezes, essas ações permitirão criar ilusões de ótica para traçar um caminho de deslocamento para as personagens.
Novos compartimentos são revelados ao acionar um botão. |
Novos monumentos e desafios
A estrutura de Monument Valley 2 é semelhante ao jogo original de 2014, apresentando ao jogador um mundo geométrico, no qual ilusões bidimensionais criam efeitos tridimensionais encantadores. Ele é mais longo que seu antecessor, apresentando 14 capítulos em relação aos 10 do primeiro; porém, mesmo com suas próprias inovações e particularidades, a sequência continua sendo comprometida pela curta duração e pela falta de adições de novas mecânicas, já que exatamente quando o jogador se vê explorando novas possibilidades, elas acabam rapidamente. Apesar de não existir nenhum senso de urgência e frustração em resolver determinados puzzles, aqueles que esperam um jogo mais desafiador podem acabar achando a experiência um tanto insignificante.
A estética do mundo é complementada aos puzzles com paletas de cores mescladas com texturas e efeitos necessários para encantar. A obra é cuidadosamente estilizada para maravilhar os olhos do jogador e sua trilha sonora contempla uma sensação de realidade concreta ao mesmo tempo que está intrinsecamente ligada à jogabilidade e à movimentação de blocos.
Novo e contemplativo puzzle. |
No geral, os quebra-cabeças são divertidos, interessantes e desafiadores, mas não muito diferentes do que já foi visto. Existem novas e mínimas adições, principalmente ao explorar o capítulo XII, intitulado como O Pomar. Nele, a ustwo Games nos apresenta a um novo e contemplativo puzzle, onde uma porta se abre e a luz é transmitida a uma planta que responde com um grande florescimento. A árvore florescida torna-se um trampolim para uma menina em sua jornada de amadurecimento. Mecanicamente falando, Monument Valley 2 continua revelando soluções por tentativa e erro, estabelecendo um equilíbrio entre simplicidade e complexidade em cada um dos desafios possíveis.
Caminhos diferentes ainda podem vir a fazer parte da mesma viagem
Diferente do jogo original, que contava com uma única princesa, aqui o jogador vai explorar e resolver puzzles em cenários místicos e multicoloridos com duas personagens jogáveis, exigindo uma movimentação separada a fim de que ambas trabalhem juntas para progredir.
Sentimentos fraternais e poderosos laços familiares contemplam a primeira parte da história de Monument Valley 2, nos fazendo sorrir pelo brilhante entrelaçamento entre personagens, onde ambas se comunicam através de gestos e expressões como abraços, nos conquistando pelo sentimento de quem está disposto a tudo pelo amor.
Com o passar do tempo, Ro consulta um oráculo misterioso, que a aconselha da importância de deixar sua filha ir, de florescer para se encontrar; quando menos se espera, já estamos controlando somente Ro e, momentos depois, somente sua filha, ambas sozinhas em vastos e belos mundos geométricos.
O jogo é construído em cima de um visual e de estruturas pela qual Ro e sua filha viajam em busca de autoconhecimento. É notável perceber que as movimentações de peças e os efeitos sonoros contribuem diretamente ao desenvolvimento da narrativa e isso se tornou ainda mais evidente para mim no capítulo XII.
Ao realizar os novos desafios apresentados e levar a pequena filha de Ro até o final da fase, fui surpreendido com um florescimento. A menina que momentos antes era pequenina, assim como a bela planta utilizada para construir o trajeto, cresceu de maneira inesperada. Essa é uma daquelas belas interações onde a narrativa está intrinsecamente ligada à ambientação, e Monument Valley 2 faz isso muito bem.
Curto e escasso, porém memorável
Monument Valley 2 consegue estabelecer um vínculo mágico entre trilha sonora, jogabilidade e narrativa em uma atmosfera geometricamente bela, abordando, sem qualquer linha de diálogo, temas sensíveis como parentalidade, amor, separação, crescimento e independência. Suas estruturas arquitetônicas com degradês, fuchsias e uma vasta paleta de cores preenchem a tela do celular com vida. É um jogo curto, escasso de novidades e não tão impactante quanto o seu antecessor, mas incorpora um mundo visualmente impecável e maduro, suficientemente adequado para antigos e novos adeptos.
Prós
- História emocionante;
- Design e trilha sonora minimalista;
- Equilíbrio entre simplicidade e complexidade nos desafios.
Contras
- Curta duração;
- Escassez de novas e interessantes mecânicas em adição ao jogo original.
Monument Valley 2 - Mobile - Nota: 8.5
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator.