Análise: Death Stranding (PC/PS4) traz uma encomenda de exploração e boas doses de bizarrice para o PC

Novo jogo do diretor Hideo Kojima e sua equipe chega ao Steam e à Epic Store em um bom port.

em 30/07/2020

Lançado originalmente no PS4 no ano passado, Death Stranding é o primeiro jogo que Hideo Kojima e sua equipe fizeram após sair da Konami. Com uma narativa cheia de elementos bizarros, o título causou um bom alvoroço antes de ser lançado graças a seus trailers e ao renome de seu diretor, usualmente associado com a famosa série Metal Gear Solid.

Com foco na exploração e entrega de cargas em um grande mundo aberto, o jogo foi lançado agora tanto no Steam quanto na Epic Store. Em um port bem feito, ele se mostra uma experiência instigante e uma excelente adição à vasta biblioteca de jogos disponíveis no PC.

Um mundo entre a vida e a morte


Após um evento catastrófico conhecido como Death Stranding, a humanidade está à beira da extinção. Na pele do lendário entregador chamado Sam Porter Bridges, você recebe a missão de atravessar o território estadunidense em um esforço para reconstruir a nação como UCA (United Cities of America). No caminho, vários detalhes bizarros sobre o que aconteceu com o mundo vão se tornando mais claros.

Enquanto boa parte do título envolve carregar itens de ponto X a ponto Y do mapa, o curioso é a forma como o mundo exige do jogador uma postura séria para fazer isso. Não adianta apenas pegar um belo carregamento e sair a esmo. A maioria das entregas demanda planejamento e um olhar atento aos obstáculos do caminho.


Até mesmo a tarefa de andar em Death Stranding pode ser complicada, já que as áreas são bastante irregulares, Sam pode perder o equilíbrio com facilidade e é bem comum ter mais cargas para transportar do que é possível carregar. Objetos sensíveis, como pizzas e bombas, além dos efeitos do clima, são dificuldades adicionais de percurso.

É nesse ponto também que entra o aspecto online assíncrono do jogo. Quando alguém cria recursos como pontes e escadas, eles também aparecem no mapa dos outros jogadores. Assim é possível ajudar e ser ajudado durante o caminho. Ter uma corda em uma montanha inclinada ou uma ponte para atravessar um rio de correntezas fortes faz muita diferença nas travessias. Veículos também são um elemento fundamental e que podem ser encontrados pelo caminho ou na garagem online.

Apesar do foco nas entregas das cargas, o jogador precisa passar por áreas onde há inimigos. Em alguns lugares há MULAs, que são ladrões de carga que assumem o domínio de determinado território. Em outros, onde a chuva temporal é intensa, há EPs, mortos que atacam as criaturas vivas que eles detectam e que são difíceis de ver a olho nu. Para evitá-las, Sam consegue um odradek e um Bridge Baby (também chamado de BB), que avisam para o jogador sobre a presença desses inimigos ocultos. No entanto, o BB chora quando fica estressado e é necessário mantê-lo bem para que ele continue funcionando.

Quando seu odradek decide aparecer, se prepare para lutar ou fugir.

Usualmente, stealth é recomendável para ambas as situações. Avaliar bem o caminho a ser tomado também passa por encontrar brechas onde é seguro atravessar por essas zonas de perigo. Afinal, o jogador tem uma carga para entregar e qualquer deslize pode danificá-la.

No entanto, há também momentos de história em que o jogador precisa lidar com o combate físico. Armas de fogo, em especial aquelas que usam o sangue de Sam como munição, são um recurso comum e bastante útil na luta contra EPs. Contra inimigos humanos também é possível usar os próprios punhos, bater com as cargas (o que as torna inutilizáveis) ou usar uma corda para amarrar os inimigos.

Lutar é um elemento que faz parte dessa trajetória, mas o que realmente brilha no jogo é a exploração. Atravessar uma longa área montanhosa sentindo como o peso da carga afeta a movimentação de Sam e tentando achar uma boa forma de fazer progresso é uma sensação incrível, especialmente quando se conclui uma grande façanha e é hora de colher os louros.

Foi aqui que pediram uma pizza?


Cada entrega bem sucedida é avaliada e recompensada de acordo. As pequenas comodidades do mundo ao seu redor se expandem consideravelmente a cada quest realizada. Ao completar uma missão principal, em boa parte das vezes acontece uma expansão da rede quiral, o que implica em tornar uma nova área em um território onde é possível usufruir dos benefícios (como pontes e estradas) deixados por outros usuários.

Todas as missões são avaliadas de acordo com critérios como integridade da carga e agilidade. Pegar objetos perdidos pelo caminho e entregá-los também é uma forma de adicionar curtidas (que são os pontos do jogo) para a classificação de Sam. Quanto mais pontos, mais habilidades o jogador terá, influenciando aspectos como o limite de recursos para construção de ferramentas que é possível ter ou maior equilíbrio no manuseio da carga.


É importante também destacar a trilha sonora. Boa parte da jornada não utiliza música, usando o silêncio como forma de ressaltar os efeitos sonoros e vozes. No entanto, em determinados pontos da jornada, músicas começam a tocar. Isso acontece usualmente em momentos catárticos ou nos quais o seu uso é certeiro em causar um sentimento de melancolia.

Com isso, mesmo espaçada, a trilha sonora do jogo é extremamente memorável e atmosférica. Adicionando uma sensação de vivência, as músicas são uma camada a mais para deixar o jogador imerso e valorizar o esforço da sua jornada. Infelizmente, só é possível alterar o volume geral do jogo e de qual saída de áudio vem o som do Bridge Baby (mais conhecido como BB, é ele que faz com que Sam detecte EPs antes de encontrá-las, mas ele chora caso o jogador seja relapso). Seria interessante que houvesse um mixer de som com possibilidade de alterar a nosso modo o volume das músicas, vozes e dos efeitos sonoros.

Encomenda entregue em perfeito estado

Uma imagem gravada na "Baixa Qualidade" do jogo.

Em termos específicos da versão de PC, o título recebeu um bom port. É possível escolher entre vários níveis de qualidade visual e mesmo o mais baixo é bastante bonito. Também há elementos bem detalhados para escolher e adaptar os gráficos do jogo, com opções para sombras, reflexos e pós-processamento.

Vale destacar que caso o computador esteja mais próximo das especificações mínimas, algumas cutscenes sofrem microstutters (ou seja, é perceptível algumas pequenas travadas), mas o resto roda normalmente. O incômodo causado por esse problema é mínimo.

Além das opções gráficas, a adaptação para o teclado e mouse também foi muito bem feita, com fácil assimilação e até mesmo uma sensação de intuitividade após certo tempo de uso. Como esperado, também é possível alterar os controles, uma opção indispensável para esse tipo de port.


De forma geral, a chegada de Death Stranding ao PC é muito fortuita, especialmente por ter sido lançado em uma versão de alta qualidade. O jogo é uma obra-prima que oferece uma experiência única em cima de suas escolhas de game design e cujas doses de bizarrice no roteiro criam um mundo imersivo e instigante.

Prós

  • Sistemas de exploração que recompensam o jogador adequadamente pelos seus esforços;
  • História curiosa, com mistérios envolventes e bom uso de elementos bizarros;
  • Trilha sonora bem selecionada que adiciona camadas de atmosfera a momentos de longa caminhada;
  • Consegue fazer o terreno e a falta de planejamento do jogador em inimigos temíveis;
  • Recursos online afetam a exploração do jogador pelo mundo, podendo facilitar bastante as travessias;
  • Bom port para PC com configuração gráfica detalhada e boa adaptação dos controles para o teclado e mouse.

Contras

  • Microstutters nas cutscenes quando o computador está próximo das especificações mínimas;
  • Poucas opções para adaptar o volume do áudio.
Death Stranding — PC/PS4 — Nota: 10.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela 505 Games
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é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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