Infelizmente não tivemos nenhum novo jogo da série na atual geração de consoles. Em vez disso, a Konami relançou, em 2018, dois clássicos em uma espécie de pacote intitulado Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood. O valor histórico desses dois títulos é inquestionável, mas a forma como a empresa os inseriu de volta ao mercado deixou bastante a desejar. Vamos entender um pouco sobre isso na análise de hoje.
“A miserable little pile of secrets!”
Akumajou Dracula X: Chi no Rondo – posteriormente traduzido como Castlevania: Rondo of Blood no Ocidente – foi lançado para o PC Engine CD em outubro de 1993, exclusivamente para o mercado japonês.Akumajou Dracula X: Chi no Rondo (PC Engine CD) |
O jogo é do gênero de ação em plataforma e conta com um sistema de progressão de fases linear e com um grau de dificuldade bastante desafiador para a época. Cada fase até o quinto estágio possui dois caminhos a seguir, levando o jogador a estágios alternativos dependendo da rota que tomar, culminando nas fases finais que precedem o duelo decisivo contra Drácula.
A batalha secular entre o clã Belmont e Drácula |
As grandes inovações do título foram o uso de músicas em formato digital, por ser o primeiro jogo da franquia lançado em CD, e as cutscenes que eram totalmente dubladas em japonês. Quando disponibilizado como um extra em Castlevania: The Dracula X Chronicles (PSP) em 2007, foi a primeira vez que o título recebeu uma tradução oficial para o idioma inglês, incluindo as cutscenes.
O jogo foi um dos primeiros da franquia a contar com cutscenes e dublagens |
Castlevania: Symphony of the Night (PS) |
Alucard, o filho de Drácula |
“It is not by my hand that I am once again given flesh”
Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood pode ser descrito como uma “ressuscitação” dos dois jogos exclusivamente para o PS4 em formato digital. Para quem teve a oportunidade de jogar o título para o primeiro PlayStation, é uma ótima forma de reviver a aventura de Alucard no console da Sony, com a vantagem de obter junto com ele jogo do PC Engine CD, que é considerado uma raridade e, até então, mais complicado de se ter acesso.Entretanto, alguns pontos sobre estas duas versões dos jogos precisam ser consideradas para não pegar alguns jogadores desavisados. “Rondo of Blood” é o título que mais se beneficia deste relançamento, por estar totalmente traduzido para o inglês, tornando-o mais acessível para quem não sabe japonês — ou seja, muita gente
Esta versão de Castlevania: Rondo of Blood está oficialmente traduzida para o inglês |
O ponto que mais chama à atenção nesta versão é a mudança na dublagem. A original possui uma qualidade questionável, mas se tornou um clássico ao eternizar frases como “Die monster!” e “What is a man!”, pérolas que nasceram por conta de erros de tradução da versão japonesa do game na época. A versão para PSP possui falas com tradução mais coerente com a versão original japonesa e melhor atuação dos atores, que também são outros. A opção de jogar como Maria Renard, exclusiva da versão para Sega Saturn, também está disponível e esse é mais um ponto positivo para a escolha desta para “Requiem”.
Maria Renard também é um personagem jogável, como na versão para Sega Saturn |
O pacote é, na verdade, uma versão "mutilada" de Castlevania: The Dracula X Chronicles (PSP) |
A impressão que a empresa passou aqui é de “vamos pegar esse dois jogos e vender novamente”. Simples assim! A interface de seleção, as opções, os filtros gráficos e seleção de idiomas são as mesmas apresentadas quando lançadas para o portátil da Sony. Acho que não era difícil, pelo menos, ter a opção de jogar “Rondo of Blood” com as excelentes músicas da trilha sonora usadas no remake para o PSP. Confira abaixo o álbum oficial com as músicas do jogo, disponível no Spotify.
Em “Symphony of the Night”, fica escancarado que estamos jogando uma versão emulada, pois a interface de botões apresentada nas opções são as do PSP, impossibilitando o uso dos botões L2 e R2.
Por ser uma versão emulada do jogo para o PSP, os botões L2 e R2 não podem ser usados. |
Qualquer uma das coisas que citei alguns parágrafos acima já dariam um ar de novidade em “Requiem”. A única coisa que a Konami realmente trouxe de novo foi a tela inicial e esta tela que é apresentada quando executamos o Konami Code logo na tela de início. Ofensivo e dispensável! E aquela arte de “Rondo of Blood” na capa desta análise é do remake. Sentiram o desleixo agora?
Tente usar o famoso Konami Code e você será chamado de trapaceiro, na cara dura! |
“Die monster! You don’t belong in this world!”
Longe de mim desmerecer o valor histórico destes dois excelentes jogos. Acho que todos que não tiveram como jogá-los em algum momento da vida têm aqui uma das melhores oportunidades da atualidade para fazê-los. Ainda mais com suporte a troféus, incluindo a valiosa platina que pode ser obtida e ostentada por quem quer um verdadeiro atestado de dominação nestes dois títulos.Pelo menos dá pra "platinar" o jogo. |
Por fim, como fã de longa data de Castlevania desde minha infância, finalizo reforçando que são dois jogos excelentes, mas caso você ainda tenha como jogar as versões originais, “Requiem” é dispensável.
Prós
- Dois dos melhores jogos da série Castlevania disponíveis em um console da geração atual;
- Versão para PSP de “Castlevania: Symphony of the Night” é a mais completa, com correções de bugs e modo Maria disponível;
- Suporte a troféus, incluindo o troféu de platina.
Contras
- Nenhum conteúdo extra para agregar valor ao pacote, como galerias de arte, tocador de músicas, mais filtros visuais ou modos extras para os jogos;
- Exclusividade para o PlayStation 4 numa época em que coletâneas e relançamentos estão favorecendo uma maior variedade de plataformas.
Castlevania Requiem: Symphony of the Night & Rondo of Blood – PS4 – Nota: 5.0
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator
Revisão: Thiago Monte