Tangle Tower é um jogo de investigação point-and-click clássico. No game, controlamos o Detetive Grimoire e sua assistente Sally para resolver um assassinato na mansão Tangle Tower (que, por sinal, pra quem jogou What Remains of Editch Finch, é impossível não perceber a semelhança dos cenários). A casa fica em uma ilha de acesso remoto e nela vivem duas famílias: os Fellows e os Pointers.
Ao chegar na ilha, o jogo te apresenta os detalhes do crime que precisa ser investigado: o assassinato de Freya Fellow, uma jovem artista de 19 anos, que estava pintando um quadro de sua tia quando foi misteriosamente esfaqueada.
No momento em que você desembarca, os habitantes da casa são oito: alguns Fellows, alguns Pointers e uma detetive que já se encontra no local, pois foi contratada para resolver outro problema daquele local. E, ao que tudo indica, eles convivem normalmente lá dentro. Apesar de a maioria se dar bem em seu cotidiano, tem gente que tem rixa um com outro. Cabe ao jogador pegar as entrelinhas do que os personagens dizem para conseguir tirar as conclusões de como essas relações influenciam na resolução do caso.
Você logo é mandado para a sala do crime, onde conhece a primeira da família Fellow: Flora. Uma senhora que não te ajuda muito em sua investigação porque… ela não responde a nada, nem a ninguém. Mais muda que o Link salvando o mundo em Breath of the Wild. E aí o jogo começa.
Flora Fellow fala tanto quanto personagens principais de JRPG |
Revelando os controles
Como um point-and-click clássico, em Tangle Tower você tem que tocar em tudo o que aparece na tela para ter algum tipo de interação. Seus personagens irão fazer comentários sobre o item e, caso ele seja importante para o mistério, ele será colocado no inventário para que você obtenha mais detalhes posteriormente. Mas claro que nem tudo é tão fácil para só clicar e sair descobrindo. Muitos dos itens necessários estão escondidos atrás de puzzles. Só quebrando muito a cabeça para obtê-los.Após ter adquirido os objetos, você pode mostrá-los para os habitantes da casa na sua investigação. É dessa forma que você começa a desvendar os segredos para chegar à solução do seu caso. Os moradores sempre têm algo a falar (bom, no caso da Flora, algo a expressar) sobre os itens encontrados na casa e sobre quem mora lá.
É com esse truque que Tangle Tower prende os jogadores. Veja, há muita coisa para perguntar. Além de saber mais sobre os outros personagens, você pode apresentar as pistas e todo mundo tem algum comentário para fazer. É quase como a Internet, em que todo mundo quer ter um ponto sobre algo. Alguns são hilários, outros pertinentes, outros nem tanto — eles usam da jogabilidade central do jogo para fazer você se encantar com ele. Vale a pena perguntar o que o suspeitoi acha a respeito para descobrir poemas, piadas e até mesmo conflitos de interesses.
Quando o detetive Grimoire desconfia de algo baseado no que encontrou ou questionou, há uma nova mecânica apresentada no game, que eu chamaria de “dedução”. Existem elementos que são conflitantes entre si é necessário combiná-los para formar uma frase coerente que revele o real problema por trás daquelas (supostas) evidências.
Sistema de dedução |
Quando essa etapa é vencida, você conseguirá passar para novas áreas da casa, onde enfrentará novos enigmas e adquirirá mais pistas que servirão para o mistério ser resolvido.
Não só a etapa de dedução é instigante como todos os puzzles são criativos e te levam a pensar um pouco fora da caixa para chegar nas conclusões certas do jogo. E ele te incentiva tanto a fazer isso que, logo nos primeiros vintes minutos game, que servem de tutorial para o jogador, se você não expandir o limite da sua criatividade e realmente colocar o absurdo como resposta, você já não consegue avançar no jogo.
As evidências nas vozes e desenhos
Tangle Tower é um indie game feito com o apoio do Creative Europe Media. Mesmo sendo um jogo considerado de “baixo orçamento”, as animações mostram cuidado em sua elaboração, como é observado no cabelo de Flora Fellow voando e na a quantidade de falas que o jogo apresenta. Note, o título não fica nem um pouco atrás de produções com orçamentos mais pomposos — e a atuação de vozes em si merece um prêmio à parte. Foi tomado um grande cuidado para que os personagens tivessem respostas para tudo que lhes é apresentado. Assim, a personalidade deles se sobressai, mesmo que o item seja desinteressante. Cada voz das dez pessoas com quem você interage são únicas, e elas refletem seus posicionamentos, ideias e modo de agir. A atuação realmente vai te passar aquilo que o personagem está sentido.Os detalhes fazem toda a diferença nos cenários de Tangle Tower |
Apesar de todo esse cuidado, o jogo peca nos controles. Alguns comandos que poderiam ajudar na hora de facilitar a interação com os objetos são inexistentes. Clicar em portas, escadas e estradas poderia te dar a opção de visitar um lugar, mas isso não acontece. A forma que seus objetos são colocados no inventário é aleatória, o que pode fazer o jogador ficar perdido na hora de apresentar um item.
Desvendando o mistério
Por isso, Tangle Tower foi uma brisa de vento refrescante em um dia quente. O jogo é fofo, fiquei apaixonada pelo estilo animado contemporâneo, e a investigação é fenomenal, que irá te desafiar a encontrar a solução para resolver o mistério. Eu devorei o título mais rápido do que uma barra de Milka Oreo. Peguei e zerei no mesmo dia, e fiquei com sede de mais. Mas também, o jogo é relativamente curto. O total do meu gameplay foi de quase 10 horas, apenas.
Se você é uma pessoa como eu, que quer mais jogos investigativos, dê uma chance a Tangle Tower. Curti tanto que descobri que ele tem um antecessor chamado Detective Grimoire e já estou indo atrás dele para ver se é tão bom quanto seu sucessor!
Prós
- Puzzles e investigação desafiantes e inteligentes;
- Animações detalhistas e bem-feitas;
- Dublagem impecável.
Contras
- Justamente por ter tantas animações boas, queria mais;
- Os controles são precários;
- Terminou cedo demais.
Tangle Tower — PC/Switch/iOS — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital adquirida pela própria redatora
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