Análise: Kofi Quest: Alpha MOD (PC): um RTS debochado em um mundo de fantasia

O jogo apresenta altas doses de humor e diversão apesar de seus pequenos problemas.

em 18/05/2020
Desenvolvido pelo Loftur Studio, Kofi Quest: Alpha MOD é um jogo de estratégia em tempo real em um mundo que se assemelha a um RPG de fantasia. Com bastante humor e quebras de quarta parede, trata-se de uma aventura bem interessante.

Um meta-RPG em formato de RTS


Vivendo sua vida de forma comum, o jovem protagonista Kofi é apenas um aventureiro de pequena relevância e rank baixo. A maior parte dos seus dias é gasta jogando videogame com o seu parceiro summon Lime, uma gosma verde.

Certo dia, ele e os seus colegas aventureiros resgatam um amigo de um grupo de orcs e acabam encontrando um rapaz chamado Chai. Esse encontro irá mudar a vida de todos para sempre e levar Kofi e seus amigos a uma aventura muito mais complicada do que o seu nível deveria ser capaz de lidar.

Um detalhe muito importante é que a história é uma grande paródia de RPGs, usando e abusando de clichês de forma claramente intencional e consciente. Há inclusive algumas piadas que quebram a quarta parede com comentários meta sobre a estrutura do gênero.


Apesar disso, na prática, o título funciona como um RTS com elementos mínimos de RPG. O jogador tem à sua disposição uma variedade de tropas, que vão sendo ampliadas conforme a história avança. Estão inclusos na lista desde humanos e elfos a fantasmas e raposas mágicas, cada um com suas próprias habilidades, úteis durante o combate e a exploração das áreas.

Os anfíbios podem atravessar rios e se curar enquanto estão na água. As raposas atiram bolas de luz e conseguem apagar elementos fantasmagóricos do cenário com a sua presença. Um outro exemplo interessante são as toupeiras, cujos buracos permitem atravessar áreas bloqueadas.


Infelizmente, na área em que as toupeiras são introduzidas, encontrei um pequeno problema. É possível utilizar um outro personagem capaz de teleportar para alcançar uma alavanca. No entanto, os desenvolvedores criaram a área para que o jogador tentasse atravessar pequenas ilhas para chegar lá, mas não indicam isso com clareza. O resultado foi que consegui resolver o problema, mas fiquei preso na área até ativar esse evento de ir para o lado errado.

Também passei por algumas raras situações em que aliados meus desapareceram da fase. Em um dos casos em particular, quando uma toupeira tentou fechar um buraco que estava aberto antes de eu chegar na área, ela acabou caindo para fora da tela e nunca mais voltando. Na equipe, ela continuava sendo contada como ativa, mesmo não estando mais no mapa.

Sidequests, batalhas e chefões


Assim como em um RPG, o jogo conta com NPCs com os quais o jogador pode interagir. Conversar com eles pode oferecer pequenas piadas ou até mesmo quests opcionais. Em uma delas, por exemplo, tive que pegar um escudo em uma caverna. Ao final, me foi dada a opção de ficar com ele ou entregá-lo para o solicitante, que se manteve na entrada da caverna.

No entanto, quando o entreguei, eu já tinha 999 moedas e a quest acabou não me rendendo nada. Não é possível passar desse limite a menos que o jogador deposite o dinheiro no banco, mas ele fica na base secreta do personagem e seus amigos. Como eu estava no meio de uma missão de história, voltar era fora de mão. Infelizmente essa quantidade de dinheiro se mostrou muito pequena em vários momentos do jogo.

As áreas do jogo são divididas em várias telas, cada uma com inimigos, NPCs e objetos variados, que vão do matinho cortável para conseguir dinheiro até tesouros. É dado ao jogador um mapa para ajudar nessa exploração, e as missões de história usualmente começam após um teleporte direto à área correta, evitando que o jogador fique muito perdido. Vale destacar que um bug faz com que o minimapa desapareça se o jogador abrir o mapa, só sendo possível vê-lo novamente após sair daquela tela.

Conforme anda pelas áreas, o jogador encontra inimigos para lutar. Na maior parte dos combates, é necessário garantir a proteção de Chai, cuja morte leva a um game over. Para isso, é comum deixá-lo para trás e enviar as tropas de personagens para o ataque. Afinal, caso esses personagens morram, eles aparecerão novamente (caso típico de Kofi e personagens relevantes daquele momento da história) ou poderão ser invocados.

Ao derrotar inimigos, o jogador ganha pontos de motivação, que servem para invocar novos aliados. Cada tipo de personagem consome uma quantidade diferente de motivação, sendo importante saber equilibrar esse recurso. Afinal, é fundamental ter uma equipe capaz de derrotar os inimigos rapidamente, mas consumir esses pontos sem parcimônia pode significar não estar preparado para enfrentar um chefe ou uma situação mais complicada de combate.


Um aspecto que chama atenção dentro dos combates são as lutas contra os chefes. Há uma boa variedade deles, exercitando formas diferentes de pensar o sistema de RTS. Em algumas batalhas, Chai é fundamental para derrotar o inimigo e expô-lo ao perigo demanda estratégias adequadas de proteção e combate às forças inimigas. O boss final também subverte o sistema, sendo necessário que o jogador aprenda um posicionamento e uma estratégia específicos para a sua situação.

Infelizmente, tanto a motivação quanto os aliados são retirados do jogador em determinados momentos. Isso acontece na maior parte das vezes após uma missão, mas a perda de recursos importantes acaba sendo uma chateação constante, mesmo com os ocasionais retornos de certos aliados à equipe nas batalhas por motivos de história.


Apesar de ter mencionado vários problemas que podem ser incômodos no jogo, gostaria de destacar que nenhum deles foi grave. A experiência é bastante positiva, com um humor bem utilizado e uma gameplay sólida de RTS, com personagens cujas habilidades diversas são divertidas de usar. Além disso, graças à variedade no combate, especialmente no caso dos chefões, é um título bem divertido e que vale a pena conferir.

Prós

  • História debochada que parodia estereótipos de RPG;
  • Personagens cujas habilidades funcionam como mecânicas interessantes para o combate e a exploração dos cenários;
  • As batalhas contra os chefões oferecem bastante variedade.

Contras

  • Alguns bugs podem atrapalhar bastante em missões;
  • Em alguns momentos, recursos importantes são retirados do jogador sem explicação;
  • O dinheiro que pode ser acumulado fora do banco é restrito a uma quantidade muito pequena.
Kofi Quest: Alpha MOD - PC - Nota: 8.0
Análise produzida com cópia digital cedida pelo Loftur Studio
Revisão: Davi Sousa

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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