Análise: Fury Unleashed (Multi) junta muita ação e ótima jogabilidade em uma aventura caprichada

Torne-se o protagonista de uma história em quadrinhos e elimine quem ousar se meter no seu caminho.

em 15/05/2020
Foram cinco anos de desenvolvimento para que Fury Unleashed (Multi) chegasse aos consoles e PC. Os produtores da Awesome Games Studio prometeram uma mistura de roguelite com jogos de plataforma ambiciosa, como se Dead Cells (Multi) se encontrasse com o clássico Contra. Entretanto, o que eles conseguiram foi bem mais que uma fusão de estilos, criando uma experiência praticamente perfeita.

Um criador em crise

John Kowalski é o criador da série de quadrinhos Fury Unleashed, que ele publica há mais de 20 anos. Porém, as últimas edições não têm ganhado a atenção do público e da crítica, o que levou o autor a ter uma séria crise que afetou a produção de novas histórias. Para entender melhor o que está acontecendo com o cartunista, nós controlamos Fury, sua principal criação, por três publicações diferentes, cada uma com três volumes.


Tiro, porrada, bomba e tinta

Nosso herói é um cara preparado para qualquer nível de combate. Ele vem paramentado com uma arma de disparo simples, outra para ataques físicos e algumas granadas. Ao avançarmos pelos quadrinhos, vamos encontrando novos equipamentos em baús, que podem ser pedaços de armaduras ou novos armamentos com maior poder de fogo que possuem efeitos explosivos, venenosos e congelantes. A variedade bélica do jogo é grande e vão desde panelas e katanas até lança granadas e disparadores de ogivas alienígenas.

O ritmo começa moderadamente rápido, com diversos inimigos com padrões diferentes de ataques e armadilhas pelo caminho. Entretanto, a movimentação igualmente veloz e os controles de resposta precisa ajudam o jogador a se habituar rapidamente com a ação frenética que os espera. 

Inclusive, vale citar que cada área possui uma diversidade enorme de criaturas, que realmente demandam reflexos precisos na hora de decidir entre atacar de perto, atirar de longe ou até mesmo fugir. Elas podem ser caveiras possuídas, ser soldados nazistas que atiram em você sem parar, e até mesmo aliens que te perseguem pela tela. Alguns podem até se parecer, mas sempre vão fazer algo diferenciado uns dos outros.

Outro destaque positivo são as batalhas contra os chefes e subchefes. Cada um possui um estilo de movimentação único e eles sempre aparecem em áreas com disposições diferentes, podendo inclusive conter armadilhas e espinhos no local. Isso faz com que cada batalha se torne um desafio diferente. 

Ao eliminarmos as criaturas, coletamos tinta. A tinta preta serve como pontos de experiência; a tinta dourada é a moeda do jogo; por fim, a raríssima tinta vermelha recupera um pouco da nossa energia, mas só aparece após realizarmos longos combos. Por isso, é importante sempre analisar e usar a disposição de cada espaço a nosso favor em vez de sair atirando em tudo que se move.

Ao acumularmos tinta preta, subimos de nível e isso nos rende pontos de habilidade. Temos a nossa disposição uma árvore repleta de características customizáveis, como aumento do número de granadas que podemos carregar, maximização dos pontos de saúde e durabilidade do nosso escudo. Infelizmente, alguns atributos tem efeitos muito sutis quando fortificados, ao ponto de nem parecer que houve alteração. Pelo menos podemos colocar e tirar os pontos da habilidade quando bem desejamos, pois eles não são permanentes.

Em meio a tantos inimigos, vilões e ameaças, também temos quem nos ajude. Além dos baús, outros personagens criados por Kowalski podem nos oferecer auxílio, dando ou vendendo equipamentos em troca de tinta dourada ou até mesmo por pontos de saúde. A segunda opção é mais arriscada, mas a recompensa pode ser proporcionalmente alta.


Faça sua história

Como é característico dos roguelites, o ambiente é gerado aleatoriamente e sempre que o jogador morre, ele é obrigado a voltar do começo e sem as melhorias conquistadas anteriormente. Em Fury Unleashed, cada uma das histórias possui três capítulos recheados de inimigos e subchefes, e ao final do terceiro episódio enfrentamos o chefão de fato. Existem três chefes possíveis, e ao derrotarmos esta tríade podemos iniciar a aventura a partir da publicação seguinte. Não temos como saber qual será o inimigo principal que iremos enfrentar, uma vez que a escolha deles também é aleatória. 

O visual aqui é todo baseado em histórias em quadrinhos, como se cada parte do mapa fosse uma banda desenhada. Esta escolha é muito bem vinda, uma vez que casa muito bem com a narrativa proposta pelo game. A trilha sonora também dá um ótimo auxílio na imersão, aumentando a intensidade a medida que fazemos combos, criando uma atmosfera típica de filmes de ação.

Temos a liberdade de nos locomover para a célula que quisermos, podendo explorar tudo a fim de encontrar novas armas e equipamentos, ou simplesmente nos deslocarmos até o quadrinho final, que está sempre na extremidade inferior da esquerda, de maneira objetiva e ignorando todo o restante. A questão é que apesar de termos acesso a um mapa, nunca saberemos o que nos espera em cada lugar (a menos que encontremos uma bússola), por isso, fica totalmente a critério do jogador fazer uma exploração completa ou não. Cada escolha traz um desafio diferenciado.

A ideia da progressão é bacana para quem busca avançar no jogo rapidamente e gosta de fazer as famosas speed runs. Porém, prepare-se para tudo ficar consideravelmente mais complicado, uma vez que é muito mais fácil coletar upgrades e novas armas nas áreas da primeira publicação. Em algumas tentativas começadas na segunda publicação, aconteceram ocasiões em que não apareceram novos armamentos em nenhum dos capítulos.

Adrenalina a mil

Fury Unleashed pode não ser revolucionário para um roguelite, mas traz todos os elementos do gênero de maneira impecável. A combinação de visual cartunesco, ótimos efeitos sonoros, grande variedade de inimigos e jogabilidade afiada o torna automaticamente uma compra essencial para quem gosta de um bom desafio. 

É uma pena que o jogo em si seja curto, pois uma vez que nos acostumamos com o seu andamento, fica a vontade de ter mais histórias para desbravar com o energético Fury. Ainda assim, seus pontos positivos com certeza farão os jogadores percorrerem seus segredos incessantemente por horas a fio.


Prós

  • Visual cartunesco muito bem trabalhado;
  • Grande variedades de inimigos que se portam de maneira diferenciada entre si;
  • Batalhas contra chefes e subchefes variadas e desafiadoras;
  • Muitas armas diferentes para serem encontradas;
  • Grande fator replay.

Contras

  • Poucas áreas diferentes;
  • Árvore de habilidades não influencia tanto nas características do personagem.
Fury Unleashed ― PC/PS4/Switch/XBO ― Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Farley Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Awesome Game Studios


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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