As maiores rivalidades em lançamento de consoles - Parte 3 - Do fracasso ao sucesso

A sexta geração marca a mudança no mundo dos games, desde o fracasso da Sega ao apogeu da Sony, passando por revoluções na máquina da Nintendo e a chegada da Microsoft.

em 20/03/2020

Na terceira parte da série “As maiores rivalidades em lançamento de consoles” será lembrada a geração em que a Microsoft entrou no mercado dos games, a Nintendo adotou a mídia digital no seu console, a Sony emplacou o console mais vendido da história e a Sega abandonou o mercado de hardware. Foi nesse momento que as cartas mudaram de mãos na produção de videogames.

Como esse cenário aconteceu no começo dos anos 2000, outro fator dava as suas caras no mundo dos games: a internet. A Sega, e posteriormente Sony e Microsoft, embarcaram nessa tendência criando um novo tipo de relacionamento dos jogadores com suas plataformas. A Nintendo buscou outras formas para chamar a atenção de seus fãs e foi bem-sucedida. Apesar disso, nem todos chegaram ao fim da sexta geração de videogames.


Sega Dreamcast: Da glória ao fracasso

O fim da geração passada, com o Saturn, colocou a Sega em uma posição bem complicada, uma vez que as vendas do console foram muito abaixo do esperado. A empresa adotou uma estratégia completamente diferente para lançar o seu substituto e naquele momento parecia que ele iria emplacar.

A Sega lançou o Dreamcast em 27 de novembro de 1998 e tinha como intenção fazer com que o console ficasse no mercado junto com o Saturn. O plano era deixar uma plataforma 2D (Saturn) e outra 3D (Dreamcast), mas essa ideia não vingou. A empresa teve dificuldades em produzir o processador do videogame, o que acarretou em menos unidades do console disponíveis nas lojas. Além disso, alguns jogos foram adiados e no lançamento havia apenas quatro títulos disponíveis.

O lançamento do console nos EUA aconteceu no emblemático dia 9/9/99, data que a Sega utilizou em sua estratégia de marketing. Nesse dia foram lançados quatro jogos importantes: Sonic Adventure, Blue Stinger e Ready 2 Rumble Boxing, o que alavancou as vendas iniciais do console. Na verdade, os dois primeiros meses do Dreamcast foram bem positivos chegando a quase 1.5 milhão de unidades vendidas. 

A plataforma da Sega trazia uma série de inovações como conexão à internet e um serviço online. O controle do videogame também trazia o VMU (Visual Memory Unit), que servia tanto de memória para armazenamento de jogos como um mini game portátil que interagia com os jogos do console, uma versão rústica do Nintendo Switch. Contudo, nada disso fez com que o console conseguisse enfrentar o Playstation 2.

As vendas do Dreamcast afundaram após o lançamento do console da Sony e foi uma questão de tempo para a Sega anunciar a morte do seu videogame. Em novembro de 2001, a dona do Sonic saiu oficialmente do mercado de hardware para se tornar uma softhouse third party


Sony Playstation 2: Uma lenda

A Sony não estava para brincadeira quando lançou o Playstation 2, o seu segundo console. O desenvolvimento do PS2 começou logo após o lançamento do primeiro Playstation, o que já mostrava que a Sony estava empenhada em firmar o seu sistema. Inicialmente, o console foi idealizado para competir com o Dreamcast, lançado meses antes. Como já foi dito, a Sega não conseguiu fazer frente ao pacote de inovações com o qual a Sony equipou o seu hardware.

Diferente do Dreamcast, o Playstation 2 já vinha com reprodutor de DVD, o que chamou a atenção de muitos consumidores na época. O controle Dualshock 2, que era uma evolução da primeira versão, fez com que os jogadores do PS1 se identificassem com o console. Por fim, e talvez o fator mais importante, a retrocompatibilidade com a geração anterior fez com que a base instalada de jogos fosse superior à do Dreamcast.

Lançado em 4 de março de 2000 no Japão e em 26 de outubro do mesmo ano nos Estados Unidos, o console foi um enorme sucesso. Contudo, os primeiros jogos lançados não empolgaram tanto o público, pois não apresentavam o real potencial do hardware. Somente depois do lançamento de Metal Gear Solid: Sons of Liberty, Final Fantasy X e Grand Theft Auto 3 é que o público conseguiu desfrutar o real potencial do console. 

Após a derrocada do Dreamcast, o PS2 teve como concorrentes o Nintendo Gamecube e o Xbox original. Mesmo com dois consoles com ótimas bibliotecas de jogos e hardware bem elaborado, o videogame da Sony conseguiu deixá-los para trás facilmente. Com isso, a empresa japonesa conseguiu emplacar o console mais vendido de todos os tempos. 


Nintendo GameCube: enfim a mídia digital

Após o sucesso do Nintendo 64, a Nintendo lançou no mercado um console bem diferente de tudo que havia no mercado. A mudança para mídia digital e o formato inusitado do console era bem diferente do que a Nintendo já havia feito no passado. Contudo, as novidades ficaram por aí, uma vez que a mídia digital empregada no sistema não era um DVD, mas sim um mini CD, o que limitou evoluções futuras. 

A Nintendo também pecou no lançamento da plataforma que não contou com nenhum jogo de peso, diferente de consoles anteriores da empresa. O Gamecube não teve um jogo do Mario em seu lançamento como era esperado, mas sim, um game protagonizado pelo companheiro do encanador: Luigi’s Mansion

Lançado em 14 de setembro de 2001 e em outubro do mesmo ano nos Estados Unidos, o Gamecube vendeu um pouco mais de 21 milhões de unidades, sendo um número abaixo do seu antecessor. Apesar das vendas estarem abaixo do esperado, a produção do console só parou em 2007. 

O Gamecube trouxe de volta vários clássicos como Mario Kart, The Legend of Zelda, F-Zero e Metroid. Com isso, a Nintendo se via pronta para voltar a figurar no primeiro escalão dos consoles na geração seguinte. Essa plataforma serviu como base para remodelar o perfil dos videogames da empresa. 


Microsoft XBox: o novato

A Microsoft, desenvolvedora do sistema operacional mais usado no mundo, entrou no mercado de games em 15 de novembro de 2001 nos Estados Unidos, colado no lançamento do Gamecube. Esse foi o primeiro console americano lançado depois de 1996, quando foi lançado o Atari Jaguar. A história do XBox começa em 1998 quando um time de desenvolvimento leva a Bill Gates, presidente da empresa, a ideia de construir um console com a arquitetura de um PC. 

O videogame já tinha um nome: DirectX Box, ele rodaria com base no Windows 2000 para facilitar para os desenvolvedores. O hardware era superior ao do concorrente Playstation 2 e contava com o jogo Halo no seu lançamento, um nome de peso para a plataforma. 

Em novembro de 2002, a Microsoft lançou a Xbox Live, o serviço online da plataforma. Com servidores mais seguros e robustos, o serviço se tornou mais popular do que aqueles oferecidos pela Sega e pela Sony. Com isso, o Xbox se tornou um sistema eficaz para jogos online. Dessa forma, o videogame vendeu bem em solo americano, batendo recordes de venda com Halo.

A história não foi a mesma no Japão e por lá o console não emplacou. A concorrência com o Nintendo Gamecube fez com que a Microsoft reduzisse o preço de seu hardware a ponto de ter prejuízo a cada unidade vendida. Contudo, isso não tirou da Microsoft a vontade de continuar no mercado e se estabelecer como uma das grandes empresas. A vida do console foi bem promissora, tendo sido descontinuado somente em 2008, mesmo ano que a maior parte de seus concorrentes. 

Unidades vendidas:

  • Dreamcast: 10 milhões
  • Playstation 2: 140 milhões 
  • Gamecube: 21,74 milhões 
  • Xbox: 24,65 milhões 
A chamada sexta geração chegava ao seu fim em 2008 e com isso muitas mudanças vieram no mercado. Foi nessa geração que o Sonic estrelou um jogo em um console da Nintendo. Também foi nela em que uma empresa americana voltou a produzir consoles. Os anos 2000 apresentaram para o mundo o console mais vendido da história, marca que parece bem distante de ser batida ainda hoje.

Na próxima matéria da série, você vai ver como o Brasil passou a ter relevância no mercado dos games, como a Nintendo e a Microsoft mudaram a maneira de jogar videogame e como a Sony apresentou novos clássicos para os jogadores. Não perca a quarta parte dessa história.

Revisão: Mariana Mussi S. Infanti 

Confira as primeiras partes dessa série:
As maiores rivalidades em lançamento de consoles - Parte 1 - A Guerra dos Pixels
As maiores rivalidades em lançamento de consoles - Parte 2 - A Chegada dos Vetores  

Referências:

A BRIEF history of: Nintendo Gamecube. Fun Stock Retro, 2018. Disponível em: <http://bit.ly/33AbPn6>. Acesso em: 18 de mar. de 2020

A BRIEF history of: The Sony Playstation 2. Fun Stock Retro, 2018. Disponível em: <http://bit.ly/38Z77jP>. Acesso em: 18 de mar. de 2020

 HISTORY of Sega Dreamcast / Release. Sega Retro, 2016. Disponível em: <http://bit.ly/2UeSNOF>. Acesso em: 18 de mar. de 2020

 THE HISTORY of the Xbox / Release. Digital Trends, 2020. Disponível em: <http://bit.ly/2Qppx6E>. Acesso em: 18 de mar. de 2020

Jornalista amante de games campanha com uma boa história e saudosista dos 16bits (especialmente da Sega). Curte uma jogatina degustando um bom achocolatado!
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