Dungeon Drafters é o primeiro projeto do estúdio brasileiro Manalith Studios. O jogo combina exploração de calabouços, RPG, construção de baralhos e aspectos de roguelite em uma aventura que preza pela experimentação. Para produzir o título, o estúdio criou uma campanha no Kickstarter, que foi um sucesso: a meta inicial foi batida em poucos dias e boa parte dos objetivos adicionais foram alcançados. Conferimos a demo do jogo, que tem previsão de chegar ao PC e Nintendo Switch em 2021.
Em um mundo de cartas de feitiços
Em Dungeon Drafters a magia é concentrada em cartas que permitem conjurar inúmeros feitiços, sendo que regras regem o uso dos elementos. Um dia um homem, que ficou conhecido como Stranger, viajou até uma área esquecida do mundo e encontrou uma misteriosa torre. Lá, ele adquiriu cartas estranhas capazes de subverter as convenções da natureza, e isso foi sentido por todo o planeta. As nações do mundo, temendo o colapso da ordem e a concretização de uma profecia antiga, se organizaram a fim de invadir a torre e acabar com as intenções do homem.No jogo acompanhamos um jovem aventureiro que explora ruínas e calabouços antigos a fim de montar um baralho com cartas de feitiços para tentar derrotar Stranger. O título é um dungeon crawler cujo os mapas são divididos em uma grade de espaços e cada movimento, como andar ou atacar, consome um ponto de ação. Seu diferencial são os feitiços, que têm forma de cartas. Há uma grande variedade de magias com funcionamento diverso, como bolas de fogo, teletransporte, transmutação de objetos e mais. A diversidade de feitiços permite montar combos, sendo possível montar baralhos diversos no decorrer da jornada.
Fora dos calabouços, o herói pode visitar cidades com NPCs e lojas a fim de alterar seu baralho ou adquirir equipamentos. Novas habilidades podem ser ativadas por meio de artefatos, o que traz um aspecto de experimentação e customização. O jogo apresenta elementos do subgênero roguelite, o que significa que o jogador perde algumas coisas ao morrer, mas parte do progresso é mantido entre as tentativas.
Visualmente, Dungeon Drafters conta com visual pixel art inspirado em clássicos da era 16 bits. O mundo é bem colorido e convidativo, sendo que os personagens são bem expressivos com seus visuais que remetem a animes. Transparências, explosões e efeitos de luz complementam a identidade visual do jogo.
Explorando um calabouço na floresta da demo
Durante a campanha no Kickstarter, o Manalith Studios liberou uma demo do jogo para testes. A versão de demonstração apresenta um andar de um calabouço e dá uma boa ideia de como será a experiência da versão final.A protagonista da demo é a personagem The Mage, que é especializada nos feitiços dos tipos Raider (poder destrutivo) e Oracle (magias estratégicas e de locomoção). Ela tem à disposição uma boa variedade de técnicas: uma bola de fogo que se divide em duas ao atingir um obstáculo, um feitiço para teletransportar personagens e objetos, uma magia de cura que dá dano nos inimigos próximos, um relâmpago que permite atacar em sequência caso o alvo seja derrotado, um encantamento capaz de transformar caixas em slimes aliadas e mais.
O calabouço é dividido em salas com eventos diversos. A maior parte das áreas apresenta combates, sendo necessário derrotar todos os monstros para prosseguir. Já as salas de descanso contam com uma fonte para recuperar a vida da feiticeira. Por fim, encontrei também uma espécie de puzzle em uma das salas: botões no chão podiam ser apertados para abrir uma porta, mas não consegui resolver o enigma.
O combate, em um primeiro momento, pode parecer limitado, pois a garota só tem direito a executar três ações por turno, além de ter uma mão com no máximo cinco cartas. No começo achei meio difícil me locomover e atacar com eficiência, afinal os pontos de ação são reduzidos, mas isso mudou quando passei a entender melhor os feitiços. Boa parte das cartas disponíveis na demo conta com algum efeito de locomoção, como uma investida em linha reta ou a técnica de teletransporte, às vezes combinado com habilidades ofensivas. Conforme fui dominando os efeitos, fui capaz de avançar mais rápido.
Depois de algumas salas, a diversão se tornou conseguir fazer muito estrago em um único turno. A demo de Dungeon Drafters já deu um gostinho das possibilidades de sinergia. Em um momento, por exemplo, usei um orbe explosivo com poderes de atração para deixar os inimigos próximos e, em seguida, usei uma investida que atravessa obstáculos para derrotá-los todos de uma vez. Já em outra situação eu fui cercado e estava com pouca vida. Usei o feitiço de cura, que também ataca os alvos ao redor da heroína, e, para escapar, ativei a magia de raio para acertar um inimigo distante e trocar de lugar com ele.
Naturalmente, por se tratar de uma versão de demonstração, existem algumas limitações. A variedade de inimigos e feitiços é reduzida, o que faz com que boa parte das batalhas seja bem parecida. O ritmo de alguns combates é um pouco cansativo por causa da pequena quantidade de pontos de ação combinada com a presença de muitos oponentes — as batalhas mais chatas são justamente as que uma espécie de mago conjura mais monstros. Explicações dos efeitos de algumas cartas não são muito claros, tanto é que algumas coisas eu descobri por acaso. Por fim, as animações não são rápidas, o que tira um pouco da agilidade do ritmo das partidas. De qualquer maneira, o conceito principal é sólido e imagino que estes detalhes vão estar bem diferentes na versão final.
Mais um título brasileiro promissor
Dungeon Drafters tem tudo para ser mais um ótimo jogo produzido por um estúdio brasileiro. O título combina estratégia, montagem de baralho e roguelite em uma aventura colorida e convidativa. A versão demo possibilitou testar as principais características do jogo, como o combate, exploração e sinergia de feitiços, e a impressão inicial foi bem positiva, mesmo que um pouco limitada. Dungeon Drafters tem lançamento programado para 2021 e vale a pena ficar de olho no seu desenvolvimento.
Texto de impressões produzido com demo disponibilizada pelo Manalith Studios