Curse of the Dead Gods (PC): maldições e ação brutal em um dungeon crawler promissor

Explore ruínas repletas de perigos e tesouros neste título indie com características de roguelite.

em 09/03/2020

Até que ponto você estaria disposto a se sacrificar para obter riqueza e glória? Essa questão é explorada em Curse of the Dead Gods, título de ação e dungeon crawler lançado para PC. Na pele de um aventureiro, desbravamos um templo subterrâneo infestado de criaturas em busca de tesouros enquanto poderes distorcidos fortalecem e corrompem o herói, o que afeta significativamente a progressão. O jogo, que está no programa Acesso Antecipado, explora conceitos do subgênero roguelite de maneira competente e divertida.

Preso em ruínas amaldiçoadas

Um explorador deseja riqueza e poder de qualquer maneira. Para isso, ele pesquisou documentos antigos, o que o levou até um templo perdido no meio da floresta — tudo indica que um poder ancestral e inúmeros tesouros estão escondidos em tal local. Uma vez lá, o aventureiro se vê preso em um labirinto escuro repleto de perigos, criaturas e relíquias de valor inestimável. Mas o herói percebe que caiu em uma armadilha: é impossível sair dali, e a morte simplesmente o transporta novamente para a entrada. Sendo assim, ele vai precisar explorar o templo a fim de encontrar e derrotar as entidades que o controlam para enfim conseguir escapar.


Curse of the Dead Gods é um jogo de ação e exploração de visão aérea no estilo dungeon crawling com aspectos de roguelite. Em cada partida, precisamos explorar calabouços com várias salas interconectadas repletas de armadilhas, eventos e inimigos. Entre cada trecho, podemos escolher o próximo destino, sendo possível ver de antemão as várias possibilidades de rotas, sendo que ícones indicam possíveis elementos das salas. As câmaras são escuras e boa parte das armadilhas e criaturas só pode ser vista quando a tocha está ativa, logo, iluminação é algo importante durante as partidas.

O combate do jogo em tempo real é ágil e focado em intercalar ataques entre diferentes armas em sequências simples de executar. Os golpes com o armamento principal, como espadas ou facas, podem ser executados sem restrições. Já armas secundárias, como pistolas, escudos, martelos e lanças, consomem pontos de fôlego. Para evitar as investidas dos inimigos, o aventureiro também pode fazer um movimento de esquiva ao custo de fôlego e defender brevemente. Os pontos de fôlego são recuperados lentamente, mas é possível obtê-los rapidamente caso essas habilidades sejam ativadas momentos antes do ataque acertar.


A maldição é um ponto central de Curse of the Dead Gods. Um medidor de corrupção é aumentado ao avançar de uma área para outra ou ao ser atingido por ataques de inimigos específicos, e quando ele é completamente preenchido uma nova maldição entra em ação. As maldições são efeitos persistentes, normalmente negativos, que influenciam a jogabilidade de alguma maneira, como armadilhas que se ativam sozinhas, perder dinheiro ao ser atingido, aparecimento de áreas completamente escuras e mais.

O jogo apresenta características do gênero roguelite, o que significa mapas gerados proceduralmente, diferentes armas e poderes a cada tentativa e algumas habilidades permanentes entre as partidas. Durante a exploração, o herói se fortalece com diferentes tipos de armas (como martelos imensos, facas venenosas ou lanças), aumento de atributos e habilidades únicas. Muitas das melhorias podem ser obtidas em altares ao custo de ouro ou vida, sempre aumentando um pouco o nível de corrupção. Sendo assim, é importante saber dosar como gastar os recursos disponíveis para se fortalecer. Há também habilidades passivas que podem ser liberadas entre as partidas, e é possível equipar algumas delas antes de uma nova tentativa.


Brutalidade, maldições e um pouco de repetição

Tensão é uma constante em Curse of the Dead Gods. Além de ter que lidar com inimigos agressivos e com armadilhas, o aventureiro ainda precisa gerenciar com cuidado os níveis de corrupção. A exploração precisa ser minuciosa, pois partes escuras dos cenários costumam ter perigos — foram várias as vezes em que fui atingido por espinhos por estar com a tocha apagada. Até mesmo a escolha de melhorias pesa na jornada: é possível obter novas características tanto com dinheiro quanto com vida, o que traz dilemas complicados. E para piorar, a corrupção cresce constantemente, deixando a situação mais complicada.

Já o combate tem mecânicas simples, porém, os encontros são frenéticos: grupos de inimigos atacam juntos, e saber dosar o uso do fôlego para usar as armas secundárias e esquivar é essencial para sobreviver. Sendo assim, é importante ficar atento nos embates e agir só no momento certo para não perder muita vida. Diferentes tipos de armas trazem variedade às batalhas, como flechas capazes de perfurar inimigos, martelos lentos que atordoam inimigos e lanças com bom alcance. O cenário também pode ser utilizado de forma ofensiva: basta atrair monstros para o fogo ou armadilhas, tomando cuidado para não receber dano no processo. Um sistema de combo, que aumenta as recompensas dos combates, incentiva a agressividade.


A mecânica de maldições é interessante e ajuda a manter o tema de urgência e angústia durante as partidas, e a corrupção crescente do protagonista torna o jogo progressivamente mais difícil. O principal problema vem do desbalanceamento: o medidor de maldição preenche rápido demais, sendo raras as vezes em que podemos diminuí-lo. Além disso, a cura de vida é escassa, e, quando aparece, também aumenta a corrupção. Dependendo da configuração do mapa e dos elementos, a dificuldade fica alta muito rápido, o que pode deixar a experiência frustrante e punitiva. Imagino que essas questões de balanceamento sejam alteradas no decorrer do desenvolvimento.

Assim como outros títulos lançados em Acesso Antecipado, Curse of the Dead Gods já apresenta mecânicas bem trabalhadas e parte técnica funcional. Sua maior limitação no momento é a quantidade reduzida de conteúdo. Depois de algumas poucas partidas eu fiquei com a sensação de já ter visto todos os tipos de salas, inimigos e maldições, pois esses elementos passaram a se repetir. De todo modo, a desenvolvedora promete adicionar constantemente mais conteúdo, assim como áreas com mecânicas diferentes.


Uma exploração promissora

Curse of the Dead Gods oferece uma boa aventura de dungeon crawling com aspectos de roguelite. A jornada do protagonista ganancioso é repleta de armadilhas, monstros e dilemas, exigindo uso constante de iluminação e gerenciamento cuidadoso da vida e dinheiro. O combate tem andamento acelerado e foco em sequências de ataques e esquivas, sendo que diferentes armas trazem variedade aos embates. O diferencial principal do jogo é a mecânica de corrupção, que traz uma sensação de urgência constante, porém, o seu balanceamento ainda precisa melhorar. Além disso, conteúdo da versão de lançamento no Acesso Antecipado é um pouco limitado, o que traz um pouco de repetição após algumas partidas. No fim, Curse of the Dead Gods é um ótimo jogo que tem motivos para se destacar no mundo dos roguelites.


Revisão: Ives Boitano
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Focus Home Interactive

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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