Coronavírus – Os reflexos da pandemia na indústria de games e tecnologia

Um retrato sobre como a COVID-19 afetou os diversos setores da sociedade e seu reflexo no desenvolvimento, logística e o comércio de jogos e produtos eletrônicos.

em 25/03/2020
Não é novidade para ninguém. O mundo passa por um momento de crise que está afetando tudo em nossa vida. Nossa rotina, a economia, as relações de trabalho e, principalmente, nossa saúde. Ninguém é melhor que o outro hoje. Os países tomaram medidas de restrição para o comércio e viajantes para evitar aglomerações e diminuir os riscos de contaminação pelo novo coronavírus.




No texto de hoje vamos entender um pouco sobre como a doença afetou o setor de games e tecnologia. Os riscos diretamente relacionados à doença que já comprometeram, continuam causando transtornos e quais outras atividades relacionadas a este segmento ainda podem ser prejudicadas por causa da pandemia que continua fazendo vítimas ao redor do mundo, e que também já chegou ao Brasil.

Mas antes de qualquer coisa, é importante conhecer o vilão. O que é esta doença que está causando a pandemia e vítimas fatais ao redor do mundo?

O que é o coronavírus?

Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, o coronavírus atual é um agente biológico que foi descoberto em dezembro de 2019 na China, primeiro epicentro da atual pandemia da doença. O vírus causa complicações respiratórias que se manifestam, primeiramente, como uma gripe comum, compartilhando dos mesmos sintomas: dor de cabeça, tosse, dor de garganta, febre e coriza. A forma mais potente da infecção causa dificuldade para respirar e até complicações renais, que se não tratadas adequadamente, e em tempo hábil, podem levar o paciente a óbito.

A transmissão se dá por meio de contato físico direto ou indireto ou via aerossol com uma pessoa infectada ou doente, ou com algum objeto que tenha recebido contato do paciente, como uma maçaneta, corrimão ou louça que não foram devidamente higienizados. O tempo de incubação do vírus é de 14 dias, ou seja, a pessoa infectada pode começar a apresentar os primeiros sintomas da doença em até duas semanas após exposição ao coronavírus. Por isso a importância do isolamento para se ter a certeza que a pessoa exposta ao risco não foi contaminada e, mesmo sem apresentar sintomas, passe a doença adiante.

Material informativo disponível no portal do Ministério da Saúde
Já se sabe que o grupo de risco da doença abrange pessoas idosas ou que possuem imunidade debilitada, como pacientes que realizam tratamento contra o câncer, e outras doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Pacientes diagnosticados com a COVID-19, ao apresentar os primeiros sintomas, são orientados a realizar o tratamento em casa, como uma gripe normal, usando medicamentos para amenizar os sintomas. Em caso de agravamento, é feita uma intervenção maior, com internação e tratamento do paciente em um hospital.

Do surto à pandemia

Desde janeiro, com a divulgação dos primeiros casos da doença na China, países começaram a impedir o acesso de viajantes originados do país. Os países asiáticos foram os primeiros a estabelecer regras de acesso de pessoas vindas da China em seus países, obrigando-as a realizar quarentenas forçadas para garantir que não estavam contaminadas com o coronavírus. Com o passar do tempo mais notícias sobre infectados e óbitos na China eram divulgadas de forma crescente, enquanto outros países da Ásia e da Europa começaram a registrar casos da doença.

Em março o coronavírus começou a registrar seus primeiros casos na América do Norte e, recentemente, na América do Sul, principalmente no Brasil, maior país do bloco. Na China, o número de casos começou a cair, mas ainda sem uma previsão de quando será normalizado. O epicentro da doença passou a ser na Itália, onde o número de casos e óbitos ultrapassou o da China em menos de um mês.

Em 11 de março a Organização Mundial da Saúde declarou que o surto se tornou uma pandemia, ou seja, a doença já estava disseminada na maior parte do mundo.

OMS declara pandemia de coronavírus
A principal orientação dada por Chefes de Estado e autoridades de saúde foi o isolamento social. As pessoas devem, na medida do possível, permanecer em suas casas, evitando assim aglomerações e restringindo suas saídas para casos realmente necessários, como comprar mantimentos e remédios. Escolas e universidades foram fechadas, comerciantes baixaram as portas e quem pudesse trabalhar de casa, que o fizessem por períodos de 15 a 30 dias.

Mas ainda é cedo para se ter certeza sobre por quanto tempo isso será necessário. Apenas atividades realmente essenciais podem continuar funcionando, como supermercados, farmácias e, obviamente, serviços de saúde.

O reflexo da pandemia na indústria

Com a paralisação das atividades na China, principalmente na indústria, o país que mais produz insumos para a fabricação de produtos ao redor do mundo causou um verdadeiro efeito cascata. Sem matéria-prima, indústrias precisaram reduzir ou até paralisar suas linhas de produção, causando desabastecimento, principalmente de produtos ligados a tecnologia, como smartphones, computadores, consoles, e dispositivos eletrônicos diversos.

Em janeiro, a Nintendo chegou a declarar oficialmente que o surto da doença na China impactou na produção do Switch. Em março isso foi percebido nos números, como um dos piores períodos de vendas do console no Japão. Com lançamento ainda marcado para o final de 2020, os novos PlayStation e Xbox também poderiam ser prejudicados com a falta de insumos, pois tanto a falta deles, como uma possível alteração no custo dos componentes pode impactar, inclusive, no preço final ao consumidor no período inicial de lançamento dos aparelhos.

Logística de produção e venda do Nintendo Switch são afetadas pelo surto da doença na Ásia.
Eventos e competições também foram prejudicados com o coronavírus. Várias empresas, incluindo Sony e Microsoft, cancelaram participação em eventos para não expor seus colaboradores ao risco de contaminação pela doença. Os próprios eventos também foram adiados ou cancelados, não só pela ausência confirmada de vários expositores mas também para não expor os visitantes ao risco de contaminação. Destes, podemos citar: GDC 2020, o Invitational e o Brasileiro de League of Legends, o 2020 Pokémon Europe International e o início da Overwatch League. As finais do Final Kombat 2020 foram realizadas sem público local para evitar que visitantes fossem expostos ao risco de contrair a doença, contando apenas com poucas pessoas na organização e os competidores.

Mas o cancelamento da E3 2020 foi um verdadeiro sinal de emergência para a indústria de games mundial. Um dos mais tradicionais eventos da indústria do entretenimento eletrônico optou por cancelar a edição deste ano não apenas para evitar exposição de colaboradores, parceiros e visitantes ao coronavírus, mas também serviu como um aviso do quão séria a pandemia se tornou. A própria Nintendo reconheceu a importância da atitude tomada pela organização do evento por meio de uma nota, lamentando a decisão, mas reconhecendo a importância de zelar pela saúde de seus fãs e consumidores.

Com data marcada para junho, E3 2020 é cancelada para evitar risco aos colaboradores e visitantes

O que desenvolvedores e empresas falam

Na indústria de games, os principais pilares que a sustentam são os desenvolvedores e a comunidade. Com a comunidade reagindo para se proteger da doença evitando grandes eventos e adiando competições, os desenvolvedores também reagiram publicamente sobre a pandemia de diversas maneiras.

Um dos mais importantes nomes do meio, Masahiro Sakurai, diretor de Super Smash Bros. Ultimate (Switch), falou sobre o assunto e expressou sua preocupação não apenas com a indústria, mas também com seus colaboradores e colegas de profissão por causa do coronavírus sobre o desenvolvimento de seu jogo.
“Considerando que todos estão sendo incentivados a ficar em casa... Bem, esse é um pensamento bastante alegre, mas os videogames podem ter um aumento nas vendas. No entanto, a epidemia COVID-19 está lançando uma sombra sobre a produção desses videogames. Podemos ouvir anúncios sobre datas de lançamento adiadas ou o desenvolvimento interrompido em vários jogos, e isso é inevitável. Não há como as coisas continuarem de acordo com o cronograma quando as horas de trabalho são reduzidas”.

Masahiro Sakurai
Alguns estúdios de desenvolvimento e marcas diretamente relacionadas ao mercado gamer também se expressaram pelas redes sociais para informar sobre como estão trabalhando ou estimulando o isolamento social necessário neste momento de crise de saúde global.


Faça sua parte com atitudes simples

Tanto nós do GameBlast quanto vocês, leitores, podemos colaborar neste momento delicado. E ao contrário de muitos desafios que já enfrentamos nos jogos, as ações que podemos tomar em nossas vidas agora são muito simples.

Lave as mãos regularmente com água e sabão quantas vezes achar necessário. Sempre que sentir a necessidade de lavar suas mãos, faça! Um gesto simples que está fazendo muita diferença no combate contra a COVID-19. O álcool em gel é uma alternativa para a impossibilidade de lavar as mãos, como quando você estiver dirigindo, por exemplo. Ao lavar as mãos, se possível, lave também o rosto.

Mantenha seus controles, teclado, mouse e monitor higienizados. Não adianta de muita coisa lavar as mãos e depois tocar em um controle ou mouse que também não vêem um pano para limpeza faz tempo. Você pode fazer uso de produtos específicos para limpeza destes objetos, como álcool isopropílico, ou um simples pano ou papel toalha umedecido.

Limpe seu smartphone. Um objeto que é praticamente uma extensão do nosso corpo atualmente. Um objeto que você leva para todo os lugares a todo o tempo. Se seu smartphone possui resistência a água, abra a torneira e deixe a água cair sobre ele por alguns segundos para fazer dar uma lavada caprichada na tela. Se não, use um papel toalha ou pano úmido. Limpe-o sempre que achar necessário.

Informe-se. A informação é uma ferramenta poderosa neste momento de crise. Consulte as fontes das notícias sobre a pandemia para não obter ou repassar notícias falsas. Se você possui parentes que fazem parte do grupo de risco, informe-os sobre a importância de seguir as recomendações dadas pelas autoridades de saúde de sua cidade.

Fique em casa. A principal mensagem disseminada para combater o coronavírus é a de permanecer em casa. Se você tem condição de fazer home office, faça. Se em sua cidade a orientação é de que você permaneça em sua residência, siga-a. Saia de casa somente se for realmente necessário, e ao sair, faça o possível para não levar acompanhantes. Quanto menos pessoas circulando na rua, menor o risco de uma contaminação que você pode levar para dentro de sua casa.

Juntos, mesmo que separados, somos mais fortes. Aproveitem para colocar seus jogos em dia e se cuidem!
Dr. Mario recomenda, #FiqueEmCasa
Revisão: Thiago Monte

Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.