Direto ao ponto
Granblue usa o sistema Arc System de combate, já conhecido por quem é adepto de suas outras séries, como Guilty Gear e BlazBlue. Todos os personagens possuem três botões de ataque (A, B e C) e um botão de ação (D). Os botões de ataque podem ser pressionados três vezes para fazer um combo automático e sem firulas. Cada um dos lutadores tem seus golpes especiais, sendo a grande maioria com os mesmos comandos, seja meia lua para frente, para trás ou com um comando similar ao shoryuken (→↓↘). A diferença da intensidade do golpe é determinada pelo tipo de ataque utilizado para o comando.O adicional aqui é que os golpes especiais também podem ser aplicados com o “botão de habilidade” (R1) em estado neutro ou seguido de algum direcional. Esse tipo de comando simplificado é típico de RPGs de ação e cada habilidade precisa de um tempo para ser recarregada, efeito conhecido por ‘cool down’. Quanto mais forte a técnica utilizada, mais ela irá demorar para ser usada de novo, e usar o atalho pelo botão também influencia no tempo de recarga. Fica a critério do jogador qual comando será mais conveniente utilizar na hora. Caso alguém não esteja familiarizado com jogos de luta, esse sistema é perfeito até se acostumar com a execução normal dos ataques especiais.
Parecem detalhes pequenos, ainda mais visto que outros jogos permitem que configurações similares sejam feitas, mas aqui eles tornam o combate mais fluído. Este sistema é muito competente para iniciantes, que querem aprender sem ter que passar por combinações muito sofisticadas. Já os veteranos terão um desafio em tentar buscar diversas maneiras de derrotar seus inimigos com uma baixa variedade de movimentos.
O ponto contra fica por conta da repetição exaustiva dos mesmos comandos. A estética de combinações de um mesmo personagem é sempre visualmente idêntica, variando apenas sua força e velocidade. Não que isso afete a imprevisibilidade dos duelos contra outros jogadores, mas depois de algumas partidas fica um pouco mais fácil fazer uma leitura das estratégias do seu oponente.
Caso o jogador encontre dificuldades de se habituar, Granblue conta com um tutorial bem completo chamado de Modo Tático. Além de ensinar o básico, como utilizar a esquiva, punição e tempo de contra-ataque, também é possível aprender a executar todos os movimentos especiais dos personagens, alguns combos mais extensos e também como evitá-los da maneira mais eficaz para um revide.
Meio RPG, meio luta
Além do Modo Tático e os já conhecidos Arcade, Versus, Online e Treino, típicos de 99,9% do gênero, também está disponível um modo RPG. Na verdade trata-se de uma espécie de beat ’em up com movimentação 2D com a possibilidade de evolução de nível e customização de equipamentos. A narrativa é exclusiva para este jogo e funciona como uma espécie de aventura paralela do RPG de origem, o que pode ser meio desconexo para quem não tem conhecimento do universo em que a aventura se situa. Não chega a ser um problema enorme, mas é inevitável ficar perdido ao tentar entender como todo mundo da história já se conhecia e quais são as suas motivações.Para melhorar nossos atributos, nós ganhamos experiência para subir de nível e também podemos equipar armas, que podem ser obtidas na lojinha, por compra ou forjadas, ou ganhas após alguma luta. Elas possuem atributos elementais, como fogo, terra, ar, água, luz e trevas, e cada fase indica qual deles irá nos favorecer em combate. Algumas das armas adquiridas podem alterar o visual de um lutador em combate, o que torna colecioná-las uma tarefa um pouco mais prazerosa.
A adição deste modo chega a ser interessante, mas assim que as missões começam a se repetir em exaustão, tudo torna-se um pouco arrastado. Outro ponto que chega a entediar é que os movimentos usados aqui são os mesmos utilizados em combate, sem variação alguma. Quem veio pelas lutas pode largar de mão fácil, e quem veio por causa da franquia com certeza vai estranhar o estilo mais dinâmico e distante do confronto por turnos característico do jogo original.
Outra coisa enfadonha são as diversas telas de loading. Toda transição entre menus tem carregamentos que levam um tempinho considerável. No modo RPG elas pelo menos contem algumas informações para distrair o jogador, mas no restante do jogo elas são simplesmente pretas e demoram consideravelmente, principalmente em relação a outros títulos de luta.
Todos no mesmo barco
O modo Online conta com duas modalidades de lutas em rede. As disputas casuais são realizadas em diversas salas com capacidade para até 64 jogadores. Elas são separadas por regiões do mundo com a finalidade de organizar os jogadores de uma mesma área, mas na prática pode-se entrar em qualquer uma de qualquer lugar. Ao escolhermos um lobby, nosso avatar é levado a um ambiente inspirado no barco Grandcypher, que conta com diversas cabines de fliperama. Podemos circular pelo espaço, trocar mensagens e emojis com os outros participantes, ou nos sentar em alguma das cabines e esperar por um adversário.Coisa mais linda
Se teve um aspecto que foi bem trabalhado, com certeza foi o visual. Granblue conta com um nível artístico altíssimo em todos os níveis. O visual 2.5 dos cenários de fundo é belíssimo, e caso uma luta vá para o terceiro round, acontece uma animação de transição, como uma passagem do tempo. Os modelos de cada lutador também esbanjam detalhes, com cores vivas e vibrantes. Ao atacar com suas Super Artes Celestiais, acontecem vários efeitos caprichados, e se usados para encerrar o segundo round da luta, a animação final do lutador também muda. O modo RPG também conta com cenas desenhadas especialmente para ilustrar pontos chave, como se fosse um anime.Qualidade sobre quantidade
Granblue Fantasy: Versus é um título que merece atenção. Seu combate simplificado pode parecer repetitivo, mas é uma ponte ideal para outros mais complexos, como Dragon Ball FighterZ (Multi) e a franquia Guilty Gear, da própria Arc System Works. O número de personagens também pode parecer muito pouco para um elenco inicial, mas seus estilos diferentes conseguem cobrir esse déficit e também podemos esperar novos lutadores via DLC, já que o universo que dá vida a eles é muito vasto. O pano de fundo de RPG também ajudou em muito nos fatores artísticos, tornando-o um dos mais bonitos jogos de luta em 2D dessa geração. Vale a pena se aprofundar e conhecer mais dessa aventura.Prós
- Jogabilidade simples e objetiva;
- Personagens carismáticos e com estilos bem distintos entre si;
- Excelentes visuais;
- Trilha sonora digna de combates épicos;
- Tutorial bastante completo;
- Luta contra os chefes no RPG são bastante desafiadoras.
- As partidas casuais no lobby são fluidas e ocorrem sem atraso algum.
Contras
- Telas de loading excessivas e um pouco demoradas;
- Poucos lutadores no elenco inicial;
- Modo RPG tem missões muito repetitivas, sendo mais um beat’ em up do que RPG de fato;
- Muita demora para achar oponentes para partidas ranqueadas e chamados de ajuda no modo RPG;
- Músicas de fundo se sobrepõem no modo Arcade.
Granblue Fantasy: Versus ─ PS4/PC ─ Nota 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Farley Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela XSEED Games