O
reboot Doom (Multi), de 2016, trouxe a franquia para uma nova geração de jogadores com muita qualidade. Quatro anos depois, temos o lançamento de
Doom Eternal (Multi), que teve a responsabilidade de ser melhor que seu predecessor. E, conforme vamos conferir nesta análise, o dever foi cumprido com louvor. Equipe a
Superescopeta, vista a armadura e pegue muita (mas muita) munição, pois vamos começar!
Dando prosseguimento à franquia
Se reiniciar uma série famosa pode ser uma tarefa ingrata, dar continuidade a essa mudança também pode ser bastante complicado. Afinal, a série
Doom começou em 1993 nos computadores
DOS e se tornou uma referência. Sua ação frenética, repleta de armas poderosas e muitos monstros demoníacos marcou época e gerou algumas continuações ao longo dos anos.
Em 2016, chegou
Doom (Multi), trazendo todos os conceitos básicos dos títulos anteriores, mas agora com toda a roupagem e recursos dos games modernos. O sucesso foi grande, sobretudo pelo design de qualidade infernal e pela jogabilidade rápida e envolvente. Com a boa recepção, a continuação seria apenas uma questão de tempo.
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Doom trouxe a franquia novamente para os holofotes em 2016 |
Quatro anos depois e finalmente o momento chegou.
Doom Eternal (Multi), produzido pela
id Software e publicado pela
Bethesda Softworks, chegou em 20 de março para
PS4,
Xbox One, Google
Stadia e
PC. Uma versão para
Nintendo Switch deve chegar ainda em 2020 (embora sem uma data definida), com produção da
Panic Button.
O game parte de onde o seu predecessor parou, mostrando os esforços do (
Doom)
Slayer para impedir uma invasão infernal no planeta Terra. No caminho, ele terá que visitar cidades infestadas de monstros, estações especiais, castelos demoníacos e até mesmo a dimensão maligna de onde as forças inimigas surgem. Os gráficos são belíssimos, com ambientações muito bem acabadas, e a trilha sonora, a base de rock e metal, é excelente.
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Superando as altas expectativas, Doom Eternal é um game incrível |
Antes de continuarmos, um aviso importante: Doom Eternal não é um jogo fácil. São muitos combates difíceis e seções de plataforma ajustadas, que exigem agilidade e pensamento rápido. Mas não se preocupe, pois para cada desafio que aparece, um recurso ou habilidade é disponibilizado para o jogador conseguir progredir. Esse equilíbrio é quase impecável e torna cada partida divertida e excitante na medida certa. Basta perseverar e se adaptar ao game.
Um jogo de tiro excelente
Doom Eternal se destaca, principalmente, pelas suas incríveis e únicas mecânicas de jogo. O game foge um pouco dos
shooters atuais, pois não temos opções para recarregar as armas, dar “zoom” em todas as armas ao atirar (como em
Call of Duty) ou sair deslizando pelo chão. Cada equipamento pode ser disparado até a munição acabar, sendo que cada um deles conta com recursos exclusivos.
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Ataque os inimigos sem nenhum dó! |
Precisa de um disparo a distância com precisão? Ou então de uma arma com ampla área de impacto? Quem sabe uma opção com alta cadência de tiro? O jogador conta com esses e muitos outros recursos através de quatro classes de armas com dois modelos diferentes, mais uma superarma. Granadas, motosserra, lança-chamas, bombas de gelo e socos poderosos completam o arsenal do protagonista.
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As armas são parte essencial do game (a Superescopeta, ou Super Shotgun, é a minha favorita) |
Outra mecânica de jogo chave de Doom Eternal é a forma que obtemos recursos durante as lutas. Embora munições e itens para aumentar a vida e a armadura possam ser encontrados nos cenários, a maneira mais efetiva de obtê-los durante as lutas é através do próprio combate. Queimar inimigos rende pontos de armadura e cortá-los com a motosserra também rende vida e munição.
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Eu já falei o quanto as Execuções Gloriosas são divertidas? |
Ao ficarem enfraquecidos, os monstros começam a piscar e ficam suscetíveis às chamadas
Execuções Gloriosas. Elas finalizam o inimigo com uma espécie de
Fatality à la
Mortal Kombat, que além de visualmente divertido, rende preciosos pontos de vida. Mas cuidado: tentar esse movimento no meio de um grupo de demônios pode ser muito perigoso.
Essa proposta de alto risco, onde atacar pode tanto resultar tanto em morte quanto em preciosos recursos, é o que mantém a adrenalina em cada combate e torna o game tão viciante. Cada derrota é uma lição, e nenhuma delas ocorre de forma “injusta”. O negócio é utilizar todas as habilidades de forma eficiente e fazer bom uso da ótima jogabilidade, que responde bem e é bastante intuitiva.
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As lutas ficam cada vez mais difíceis conforme avançamos no game |
Vários monstros têm pontos fracos específicos e que ajudam bastante na hora de enfrentar ondas e mais ondas de inimigos. Os cenários contam vários elementos como plataformas, pontos de salto e portais de teletransporte, permitindo ao jogador respirar durante as batalhas. Juntando todos esses recursos, Doom Eternal se torna um jogo de tiro envolvente e dinâmico.
Ação e exploração de qualidade
Engana-se quem pensa que o título consiste somente em combates intensos. Embora esses seguimentos de ação sejam excelentes, Doom Eternal também oferece ótimas seções de plataforma. Pulos e impulsos duplos, paredes escaláveis, subir em beiradas e se pendurar por barras permitem alcançar lugares aparentemente intocáveis. Momentos como esse ajudam a quebrar a tensão das batalhas.
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É preciso executar os movimentos com precisão para avançar pelas fases |
As seções de plataforma não têm somente a função de oferecer novos desafios para avançar pelas missões. Como citado anteriormente, elas são vitais para o jogador se movimentar pelos cenários durante as batalhas, seja na procura de itens ou para escapar de uma saraivada de ataques. Além disso, essas habilidades de movimentação permitem a exploração das fases na busca de segredos.
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A campanha do game nos leva a vários lugares fantásticos |
São muitos colecionáveis e melhorias que podem ser encontrados escondidos pelos cenários. Discos de vinil, vidas extras, itens como cristais e bonequinhos dos personagens, disquetes com trapaças (como munição infinita e armas no nível máximo), etc. Além deles, explorar as fases na busca de missões secundárias, como derrotar inimigos dentro de um intervalo de tempo ou encarar os temíveis
Portões do Slayer e seus combates dificílimos.
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Os inimigos são mais bonitinhos como brinquedos... |
Cada uma das 13 missões completadas pode ser jogada novamente, seja na busca de colecionáveis e/ou objetivos secundários. Elas, inclusive, permitem que as trapaças encontradas possam ser utilizadas. Que tal repetir aquela batalha difícil lá do início do game, só que agora com munição infinita e super armadura? Perfeito para encontrar aquele colecionável esquecido.
Muitas opções para jogar
Além do modo campanha (e de poder repetir as missões dela para obter cada colecionável e completar cada objetivo), o jogador tem à disposição as chamadas
Fases Mestre. Elas consistem em versões mais caprichadas (e ainda mais difíceis) das missões da campanha. Quem quer curtir novos e maiores desafios tem muitas opções em Doom Eternal.
A melhor opção para continuar jogando, entretanto, é o modo
multiplayer, chamado
Battlemode. Ele consiste em partidas 2x1, onde dois jogadores escolhem entre cinco monstros diferentes e um atua como o Doom Slayer. Os três participantes são colocados em um cenário semelhante aos vistos na campanha, e vence o time que ganhar uma melhor de cinco rodadas.
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O Battlemode também permite aos jogadores mostrar suas conquistas e itens liberados |
Esse modo de jogo é bem competitivo e, enquanto utiliza boa parte das mecânicas da campanha principal, tem seu charme próprio. O Doom Slayer começa a partida com vida, arsenal e armadura completos. Já os dois monstros contam com as suas respectivas habilidades, mais a possibilidade de invocar reforços. Caso alguém da dupla seja derrotado, ela pode voltar a vida caso o membro restante sobreviva por tempo suficiente.
Particularmente, prefiro ficar do lado dos vilões nesse modo. Poder utilizar todos os recursos e monstros que me fizeram sofrer tanto na campanha é estranhamente relaxante e divertido. Logo, o Battlemode é mais uma razão do porque Doom Eternal é incrível. Em meio a tantas qualidades, creio que o único ponto que ficou a desejar foi a história, que avança sem maiores introduções ou explicações.
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Alguns momentos da campanha são bastante interessantes |
No final das contas, graças à alta qualidade dos combates e exploração, acabei aceitando tudo o que a história mostrava. Afinal, eu só queria liberar novas missões com mais inimigos para enfrentar, seções de plataforma para percorrer e segredos para descobrir. É uma pena, pois creio que se ela fosse um pouco mais envolvente, o game se tornaria uma aventura ainda mais épica.
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"Eu tenho a força!" |
Não que o jogo precise disso para se destacar, mesmo em um ano tão cheio de grandes lançamentos. Saindo no final da atual geração de videogames,
Final Fantasy VII Remake (PS4),
Cyberpunk 2077 (Multi),
The Last of Us Part II (PS4) e
Marvel’s Avengers (Multi) são alguns bons exemplos de potenciais sucessos. Doom Eternal, embora não tão chamativo, certamente merece muitos reconhecimentos por ser divertido, desafiador e muito bem implementado.
Highway to Hell
Doom Eternal (Multi) é uma incrível aventura cheia de ação. Destaque para a excelente jogabilidade, a grande quantidade de recursos e o equilíbrio quase perfeito na dificuldade. Combater toda sorte de monstros e explorar cenários repletos de segredos é sempre uma experiência incrível. Ainda que a história não faça favores ao título, ele certamente é um dos melhores shooters da atualidade e mais um acréscimo aos candidatos a melhores do ano.
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Prós
- Gráficos e trilha sonora excelentes;
- Jogabilidade refinada e intuitiva, com muitos recursos para serem explorados;
- Grande quantidade de segredos, customizações e desafios para continuar jogando;
- Seções de plataforma são ótimas;
- Equilíbrio entre desafio e diversão é praticamente perfeito.
Contras
- Nível de dificuldade não é para todos os jogadores;
- História do game é discreta demais e confusa em certos pontos.
Doom Eternal - Multi - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
E você, leitor? O que achou do incrível Doom Eternal? Já havia curtido algum jogo da franquia? Deixe a sua opinião.
Revisão: Thiago Monte
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bethesda