Lançado primeiramente em 2018 para PC, Underhero chega aos consoles para tornar-se uma ótima opção de jogo de plataforma misturado com RPG e um sistema de batalhas baseado no tempo.
Com fortes inspirações na franquia Paper Mario, o game proporciona uma história envolvente e inusitada, com gráficos simples e ótima jogabilidade! Confira nossa análise completa para descobrir por que Underhero merece sua atenção!
A Jornada do Herói nem um pouco tradicional
Underhero se passa no Chestnut Kingdom, um reino onde, a cada geração, a princesa é raptada por forças do mal. A cada ciclo, um novo herói é escolhido por um punho mágico para partir em uma aventura, coletar três pedras mágicas e enfrentar o terrível Mr. Stitches em seu castelo.
A história já inicia-se ao final da jornada do herói, no castelo do vilão que está prestes a ser confrontado. No meio do caminho, ele encontra três capangas do Mr. Stitches e, quando um confronto está para começar, um dos pequenos vilões acidentalmente mata o herói e seus colegas.
Desesperado, o pequeno vilão, chamado de Masked Kid, se aproxima do desastre que causou e encontra Elizabeth IV, a arma mágica que elege o novo herói do reino. Ao perceber que seu parceiro está morto, Elizabeth nomeia o Masked Kid como novo herói para resgatar a princesa e derrotar o vilão.
Porém, Mr. Stitches, sabendo do "grande feito" de seu empregado, dá ao seu empregado a missão de devolver as pedras mágicas aos seus respectivos mundos. Para que o vilão não suspeite de nada, Elizabeth cria o plano de seguir com a tarefa do Stitches para treinar o novo herói e derrotar o grande mal mais uma vez.
A primeira coisa que você percebe com a introdução da história é que o protagonista age dos dois lados ao mesmo tempo. Enquanto viaja os três mundos para devolver as pedras mágicas aos seus respectivos chefões, ele deve eliminar os monstros em seu caminho que também são seus colegas de trabalho e suspeitam de nada.
Como o Masked Kid não fala, as conclusões plausíveis são que o novo herói não tem opção a não ser aceitar sua nova função, ou a timidez e o desespero do novo protagonista não o deixam negar seu novo destino. É um ponto que pode te deixar com um pé atrás em relação ao enredo, mas que é trabalhado em um ritmo lento e entrega uma boa explicação ao final da jornada.
O tempo é seu maior aliado!
O jogo é uma mistura de plataforma side-scrolling com RPG "por turno". A parte de plataforma é bastante similar a diversas franquias consagradas no estilo, sem muitas novidades se comparado com outros jogos. Fora dos combates, enquanto exploramos os mundos, os comandos do herói se resumem a pular, se pendurar em cordas, interagir com objetos e planar com sua capa.
Já o sistema de combate é um dos atrativos de Underhero. Ao encontrar um inimigo (que também é seu colega de trabalho), há três opções de interação: lutar, iniciar uma conversa (que é bastante interessante para saber mais do enredo) e pagar moedas para evitar o confronto.
O combate acontece por meio de "turnos" baseados em tempo, um tanto quanto similar ao que podemos ver na franquia Paper Mario. O herói possui, além da barra de vida, uma barra de stamina que é esvaziada conforme você ataca o adversário. Elizabeth pode se transformar em três tipos de armas durante o combate: uma espada, um estilingue e um martelo, sendo que cada uma tem seu poder de dano e custo de stamina para ser executada. Se você gastar muita energia de uma vez, o protagonista ficará cansado e vulnerável a ataques. Por isso, o controle do uso das técnicas e da sua energia são cruciais para o sucesso nas batalhas.
É possível recuperar a stamina mais rapidamente ao conseguir se defender dos ataques do adversário no tempo ideal. Cada tipo de inimigo possui um padrão de ataques diferente, que podem ser esquivados com saltos e agachamentos ou defendidos com a Elizabeth em forma de escudo.
Apesar de criativo e interessante, algumas falhas acompanham este modo de confronto em Underhero. Os inimigos possuem uma durabilidade alta para o começo do jogo, sendo necessário aplicar vários golpes até no mais fraco dos monstros. Como os inimigos também possuem um tempo de recarga de seus ataques, e se coincidir com sua recuperação de energia, pode acontecer de ambos ficarem um tempo sem ação. Esses dois fatores tornam as batalhas mais lentas que o necessário, diminuindo o ritmo do jogo e deixando-o cansativo em certos momentos.
O jogo também conta com um sistema de níveis, que permite aprimorar o ataque, a barra de vida ou a stamina do herói a cada nível alcançado. Masked Kid ainda conta com um inventário onde estão disponíveis itens de cura e coletáveis, upgrades e um jornal com o progresso da campanha.
A exploração é bastante incentivada com caminhos alternativos e baús espalhados nos cenários, nos quais podemos encontrar fitas cassetes com músicas para colecionar e chaves de quartos do castelo. Algo que não faz o menor sentido e incomoda um pouco é o fato das chaves dos quartos continuarem no inventário mesmo após serem usadas, ainda por cima utilizando mais um espaço como "chave usada", deixando o inventário confuso e desorganizado.
A dificuldade do jogo aumenta de forma coesa e empolgante, tanto no formato plataforma quanto nos combates. Os chefões são bastante criativos e desafiadores em sua maioria. Algumas missões secundárias e minigames estão disponíveis e são bem divertidos, mas que devem ser feitos antes de ir à missão final, pois não é possível fazê-los ao finalizar a história, o que atrapalha também na conquista de troféus.
Humor e ousadia são os destaques da aventura
Um dos pontos mais fortes de Underhero é a construção de seus personagens, todos carregados de bastante personalidade e com seus dramas particulares que te fazem simpatizar até com o mais simples dos minions. O Masked Kid é tímido, medroso e desesperado; já Elizabeth é sarcástica e mandona. Isso sem contar os chefões e personagens secundários que ajudam a manter a comédia e o bom humor presentes durante toda a jornada.
Seu visual é simples, com visual 16 bits e cenários não muito diferentes do que já conhecemos no gênero. Já a trilha sonora é impecável, trabalhando em harmonia com o momento em que se encontra a história e as emoções transmitidas pelo solitário protagonista. Infelizmente, o jogo está totalmente em inglês, então muita atenção aos diálogos para não perder nenhum detalhe da história, principalmente em sua conclusão.
O título pode parecer curto levando em consideração o objetivo inicial de entregar três pedras mágicas a seus respectivos donos, mas a extensão dos mundos e os novos desafios que aparecem deixam a aventura com uma ótima duração em torno de 12 horas.
Até certa parte da campanha a história evolui de forma lenta e sem muitas surpresas no enredo, mas consegue manter o interesse do jogador apresentando novos personagens carismáticos e situações hilárias. No momento que passa ao seu ápice, o enredo é carregado de reviravoltas e surpresas completamente inesperadas.
Uma história que no começo parecia ser simples, e até contraditória por conta do objetivo inicial do novo herói, acaba por se tornar uma experiência inusitadamente extraordinária, emocionante e com um final bastante satisfatório que já deixa uma sensação de saudade logo nos créditos.
Prós
- Enredo criativo e envolvente;
- Jogabilidade simples;
- Personagens carismáticos e cheios de personalidade;
- Repleto de bom humor e comédia;
- Trilha sonora impecável;
- Conclusão emocionante e satisfatória.
Contras
- Muitos combates podem ser mais lentos que o necessário;
- Inventário confuso e desorganizado.
Underhero — PC/PS4/XBO/Switch — Nota: 9.0Versão utilizada para análise: PS4
Análise produzida com cópia digital cedida pela Paper Castle Games
Revisão: Ives Boitano