Análise: Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] (PS4/Switch) traz poucas adições, mas ainda se mantém um jogo excelente

Título traz novos balanceamentos e um personagem inédito, se consolidando como indispensável para quem curte uma boa disputa 2D.

em 25/02/2020
Uma prática que já tem se tornado rotina entre os jogos de luta é lançar uma edição atualizada, com ajustes e personagens adicionais. É possível adquirir tanto o "jogo novo" quanto o pacote de atualizações (caso você possua a versão anterior). Essa prática já havia sido adotada por Street Fighter e BlazBlue, por exemplo. Agora chegou a vez da French-Bread vir com Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] (PS4/Switch), visando melhorar o equilíbrio entre cada personagem e até aproveitar a oportunidade de apresentar seu jogo para quem ainda não o conhece a franquia. Apesar de ser novidade no console da Nintendo, os donos de PS4 já estão familiarizados com seu estilo de jogo desde 2018, com a versão Late[st], que foi lançada originalmente para os arcades japoneses em 2015.

Por dentro da noite vazia

Um fenômeno chamado Hollow Night (Noite Vazia) tem alterado a realidade, liberando monstros sombrios chamados Voids em diversos locais do Japão. Além disso, ele também tem influência em certos humanos, que ganham habilidades e poderes extraordinários, e um deles é detectar a presença dos Voids. Caso essas pessoas sejam atacadas pelas criaturas e sobrevivam, elas passam a ser chamadas de In-Births. Para monitorar o aparecimento desses seres extremamente poderosos, alguns grupos se formam, sendo os principais as organizações particulares, e rivais, Night Blades e Licht Kreis. Ambos possuem a mesma intenção, erradicar os Voids e restabelecer a ordem durante a caótica noite, mas diferem da sua filosofia e metodologia de ação. Porém, os envolvidos não sabem que uma vilã chamada “Paradox” (que na verdade é a personagem Hilda) arquiteta um grande plano enquanto os grupos se confrontam a fim de resolver antigas rivalidades.


Um formato clássico

Under Night tem uma disposição nostálgica, que relembra os jogos de luta das gerações passadas. O menu principal já dispõe todos os modos disponíveis: Arcade, Chronicle, Versus, Network (para as disputas online), Time Attack, Score Attack, Survival e Practice. O jogo ainda conta com um Tutorial, que possui mais de 170 lições que explicam o funcionamento básico dos elementos das lutas, e o Mission, que serve para praticar os combos de cada personagem. Por fim, temos a Galeria, onde é possível ver as ilustrações e ouvir testes vocais dos dubladores, e a Customização, que serve para alterar sua ficha de dados e comprar novas cores para cada personagem.

Destes modos destacam-se o Arcade, onde cada personagem tem o seu final específico, e o Chronicle, que é uma espécie de Visual Novel que conta o prelúdio de cada um dos lutadores e quais as suas interações e rivalidades entre si. Porém, ele se limita a diversas cenas com falas e só, sem nenhuma luta para ilustrar os conflitos de cada momento. Tanto os finais do Arcade como cenas específicas do Chronicle liberam quadros especiais na Galeria.

O modo Mission também é bastante divertido, trazendo cerca de 40 combinações diferentes de movimentos para cada personagem. Os combos básicos são bastante similares entre cada lutador, o que facilita muito em como lidar com todos eles. Lógico que alguns mais avançados podem oferecer uma certa dificuldade na hora da execução, ainda mais pela precisão em seu tempo de execução, mas eles não se tornam vitais para usufruir do potencial dos personagens.

O manuseio básico de cada lutador é quase que universal, com comandos gerais para os ataques especiais e supers, aqui chamados de EXS. São três botões de ataque (A,B e C) e um de ação (D), similar ao que se encontra em Guilty Gear, por exemplo. Sendo assim, os movimentos especiais podem ser feitos com qualquer um dos três, fazendo com que a intensidade e efeito do golpe varie com a força do botão escolhido. Desta maneira, fica bem divertido experimentar um pouco de cada um e sentir qual se encaixa melhor no estilo de jogo. Tem os espadachins de médio e longo alcance, os que lutam a curta distância de mãos limpas e até um especialista em agarrões.

Quanto às disputas em rede, deu para sentir uma leve diferença entre as casuais e as ranqueadas. Procurar e entrar em uma sala é algo simples e rápido e as partidas que acontecem fluíram muito bem, quase como se fosse o multiplayer local. A única coisa que às vezes ocorria sem explicação era ser removido da sala enquanto esperávamos nossa vez, mas isso ocorreu poucas vezes. Já a disputa por ranking demorou bastante para encontrar adversários algumas vezes, com tempos de espera de até dois minutos, e as lutas apresentaram diversos momentos em que ocorreram lags que atrapalharam bastante a diversão.

O que mudou?

A maior diferença entre Late[st] e Late[cl-r] é a adição de Londrekia Light, um combatente que manipula o gelo e é rival direto de Erika Wagner. Ele já havia sido introduzido no enredo do jogo, através das narrativas de outros personagens no modo Chronicle, mas somente agora tornou-se jogável. Logo, ele vem acompanhado dos itens de praxe que os outros integrantes do elenco possuem, como uma música tema para si e para os duelos com sua rival, sua lista de movimento no modo Missão e ilustrações próprias na Galeria.

Por falar em Galeria, este foi o modo mais incrementado, ganhando diversos itens novos, como conceitos de arte não utilizados, teste de voz dos dubladores e diversas ilustrações estilizadas. Agora são 365 itens para serem desbloqueados. O que não é liberado pelo Arcade e Chronicle tem que ser comprado com os pontos ganhos em qualquer modo de jogo.


Ainda houve o acréscimo de mais um cenário, a possibilidade de colocar as canções de abertura como trilha sonora das batalhas e 10 novas cores para os que já integravam o elenco, totalizando 40. Também houve uma leve melhora visual nos sprites de cada personagem, mas nada que apresente muita diferença da primeira versão do jogo, de 2015. No final das contas são poucos elementos novos de fato, mas quem possuir a versão anterior tem a opção de adquirir apenas o pacote com os incrementos, sem precisar comprar o novo jogo pelo preço cheio.

Entre os grandes

O título anterior pode ter chegado de maneira discreta ao PS3 e PS4, mas agora Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] tem tudo para cativar um público enorme. Seu funcionamento simples e de fácil aprendizado o torna ideal para jogadores novatos que querem algo para experimentar. Já os veteranos vão adorar o quão complexo cada personagem pode se tornar. Junte tudo isso a uma trilha sonora excelente e uma fama em ascensão recente após um bom desempenho da franquia entre os jogos principais da EVO 2019, tão bom que Late[cl-r] estará lá novamente na edição deste ano. Se você procura um excelente jogo de luta em 2D, essa é a sua chance.

Prós

  • Sistema de luta de fácil aprendizado;
  • Grande variedade de modos de jogo;
  • Vários itens desbloqueáveis;
  • Tutorial bastante completo e explicativo;
  • Trilha sonora excelente.

Contras

  • Poucas adições práticas em relação à versão anterior;
  • Modo Chronicle poderia ter algumas lutas para ilustrar a tensão entre os personagens em certos momentos;
  • Disputas ranqueadas apresentaram diversos momentos de instabilidade e demora para achar oponentes;
  • Por se tratar de mais uma atualização de um jogo originalmente lançado em 2015, o visual geral pode parecer datado em relação a outros títulos 2D desta geração.
Under Night In-Birth Exe:Late[cl-r] — PS4/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Farley Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Aksys Games


é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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