Análise: Erica (PS4) é, literalmente, um filme interativo cheio de suspense e jogabilidade bastante simples

Primeiro projeto da Flavourworks traz um thriller que atrai até os jogadores mais casuais.

em 08/02/2020

Nos últimos anos surgiram diversos jogos focados na narrativa, nos quais as escolhas do jogador fazem total diferença na construção da história. Títulos como Until Dawn, Detroit: Become Human e Heavy Rain são ótimos exemplos do gênero que ficou conhecido como “filme interativo”.


Mas Erica, lançado em agosto de 2019, chegou para deixar claro o verdadeiro conceito de filme interativo. Com curtíssima duração e jogabilidade simples até demais, Erica traz um thriller cheio de mistérios que cercam a vida de uma jovem. Confira nossa análise!

Suspense no maior estilo "você decide"!

Erica conta a história de uma jovem de mesmo nome que se encontra no meio de um grande mistério envolvendo o desaparecimento de sua mãe e o assassinato de seu pai, quando ainda era criança. Já na sua juventude, Erica é levada para a Casa Delfos, uma clínica e centro de pesquisas criado por seus pais para o desenvolvimento de alguns estudos. Traumatizada pelos eventos de sua infância, Erica parte em uma jornada para descobrir a verdade sobre todos os acontecimentos que cercam sua vida.


Durante toda a história o jogador é submetido a diversas escolhas, sejam ações a serem tomadas ou diálogos, que irão definir o rumo da trama. A atenção aos detalhes e o senso analítico são fundamentais para definir o melhor caminho a se seguir, se deve confiar ou não em certos personagens e ajudar Erica a chegar o mais próximo da verdade sobre sua família e história.

O jogo (ou filme, como preferir) foi gravado em live action e conta com boas atuações, principalmente da protagonista Holly Earl. O enredo é confuso durante boa parte da trama e não é difícil se perder nos diálogos em certos momentos, mas os pontos começam a se ligar mais pro final da história. Em alguns momentos é possível perder alguns detalhes da trama dependendo das escolhas feitas, mas que não afetam tanto a evolução do enredo.


A trama não é uma das melhores no gênero, mas consegue prender a atenção do público a cada novo personagem que é apresentado, tornando cada escolha ou diálogo mais difícil e sempre trazendo aquela sensação de não saber em quem confiar.

A “campanha” gira em torno de duas horas mas há diversos caminhos a serem traçados, ajudando no fator replay, assim gastando algumas horas extras no jogo, o que se torna um bom desafio para os platinadores de games, já que cada caminho gera um troféu diferente.


Jogabilidade simples até demais!

O jogo nos permite utilizar um recurso pouquíssimo adotado nos jogos de PS4: o PlayLink. Com o PlayLink podemos interagir com determinados jogos usando o celular, através do aplicativo próprio do game. Em sua maioria são jogos no estilo “party games”, como That’s You, Knowledge Is Power e Hidden Agenda.

Através de gestos com o dedo na tela do celular, ou no touchpad do DualShock 4, o jogador/espectador interage com itens nos cenários, como girar chaves, abrir gavetas e tirar poeira de objetos, além de tomar decisões e escolher opções de diálogos. Se jogado no controle, o único botão utilizado é o touchpad, deixando o “jogo” ainda mais com cara de filme interativo, como alguns títulos da Netflix.


Erica será melhor aproveitado com interação na tela do celular. Alguns comandos exigem um espaço que o touchpad do DualShock 4 não suporta muito bem, tendo que fazer um mesmo gesto no controle duas ou três vezes para ser aceito. O ponto fraco de jogar com o celular é o pareamento, que é um tanto quanto confuso, mas que vale a pena por ser um título rápido de terminar e provavelmente só fará uma vez. Porém, a resposta aos comandos no celular são boas e é bem rápido para se acostumar.


Essa forma de jogar os filmes interativos é bastante interessante e positiva. O jogador fica mais concentrado na história, além de ser bastante convidativo para o público que não tem tanta habilidade com videogames, não sendo necessário apertar nenhum botão, além de não contar com os famosos Quick Time Events (aperte o botão certo, na hora certa), que podem ser desesperadores em certos jogos.

Outro ponto que deve ser elogiado é sua localização. O jogo conta com dublagem e textos em português, ambos com ótima qualidade de tradução e interpretação das vozes. Para quem não é fã de live action dublado, como eu, é possível alterar o idioma para inglês.


Vale a pena "jogar" Erica?

Se você busca por uma experiência rápida, diferente e gosta de um bom thriller, Erica é um bom filme para você. A forma como os eventos ocorrem e a atuação da protagonista compensam o enredo, que é confuso durante boa parte da “jogatina”.

Prós

  • Jogabilidade simples;
  • Ótimo fator replay;
  • Atuação em live action;
  • Convidativo para jogadores casuais;
  • Localização.

Contras

  • Enredo confuso em diversos momentos;
  • Mesmo sendo mais filme do que jogo, a duração é muito curta.

Erica — PS4 — Nota: 8.0

Análise produzida com cópia digital adquirida pelo autor
Revisão: Ives Boitano

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