Halo (Multi): a lore que sustenta um dos mais importantes FPS de todos os tempos

O título se tornou um grande sucesso e um dos propulsores de vendas da linha Xbox desde sua primeira geração, com um sistema de combate dinâmico e enredo interessante.

em 24/01/2020
O ano é 2001: o PlayStation 2, da Sony, estava há mais de um ano no mercado e o GameCube, da Nintendo, entrou na disputa pelos consoles de 128 bits. A Microsoft já havia anunciado seu próprio console — estendendo seu mercado de softwares ao entretenimento eletrônico físico, como os video games. A outrora novata no ramo tinha contra si concorrentes de peso e, a despeito de um aparelho com potencial para garimpar seu espaço no ramo, não possuía um título de lançamento com um chamariz para o público.




O que muitos ignoravam é que, no ano anterior, a Microsoft havia adquirido a Bungie, Inc., famosa desenvolvedora norte-americana que fez fama principalmente com Myth e Marathon, um FPS espacial. A companhia de Bill Gates acompanhou com bons olhos o novo projeto desenvolvido pela Bungie, denominado Halo, e percebeu seu potencial como “arrasa-quarteirão” para promover seu console. Com mais de 65 milhões de cópias e US$ 3,4 bilhões em vendas (até 2015), provou que o título — e a consequente franquia — foi uma aposta não menos do que certeira. Halo foi lançado junto com o Xbox em 15 de novembro de 2001.

Uma nova geração de consoles — e de jogadores

A 6ª geração de consoles causou um enorme impacto na indústria do entretenimento eletrônico: novas mídias de armazenamento, tecnologia para se jogar online (que, embora não fossem uma novidade, ao menos se provavam consideravelmente mais eficazes), novos gráficos, máquinas que faziam mais do que reproduzir jogos (Sony e Microsoft trabalharam para que seus respectivos consoles fossem mais do que reprodutores de jogos, mas também aparelhos multimídia) — todo esse esforço exigiu que as desenvolvedoras aprimorassem os respectivos negócios e fizessem jus ao potencial dos video games com que trabalhavam.
O primeiro console da Microsoft fez história.


A 6ª geração foi a definição de que jogos precisam de profundidade e bom enredo, algo que outrora se observava mais comumente em jogos de RPG. Jogos de ação, aventura e mesmo os FPS exigiam amadurecimento dos respectivos enredos para acompanhar um público que cresceu jogando video games e, a certa altura da vida, não seriam convencidos com encanadores salvando princesas ou um ataque genérico de forças alienígenas apenas para justificar uma ação desenfreada nos televisores. Isso serviria também para atrair um público mais velho que outrora ignorou os jogos eletrônicos porque os achava “bobos”. Contudo, para acompanhar uma boa história, talvez valesse a pena a dedicação de algumas horas diárias com um joystick na mão. Nesse aspecto, Halo saiu à frente de muitos FPS, repletos de “exércitos de um homem só”, cujo “protagonista” sequer possuía um nome.

Como o enredo de Halo estipulou padrões para a indústria

Um dos aspectos mais interessantes da franquia é o fato de que todo um novo universo (com o perdão do trocadilho não intencional) de realidades foi desenvolvido para o enredo de Halo. Humanos e alienígenas coexistem, criados há um milhão de anos por uma raça chamada de “Precursores”, responsáveis pela criação de humanos e Forerunners — que são uma das diversas espécies extraterrestres então existentes. Além destes, criaram um tipo de “parasita”, denominado Flood, que era basicamente empregado para testar o potencial das outras espécies.
Precursor: aparência questionável, intelecto invejável.


Os Forerunners, extremamente inteligentes e altamente tecnológicos, derrubaram seus criadores e passaram a desenvolver tecnologias que buscavam extrair a energia de estrelas, ocasionando uma série de catástrofes contra planetas habitados “próximos” a estes astros. Um desses desastres extinguiu a vida no planeta Ghibalb (planeta onde os criadores se originaram), outrora conhecido como “O Planeta Paraíso”. Isso fez com que os Precursores optassem por entregar o Manto da Responsabilidade — responsável pela proteção da galáxia e de qualquer vida — aos humanos, outra raça com enorme potencial que ainda estava sob desenvolvimento dos Precursores.

A decisão dos Precursores enfureceu os Forerunners, que decidiram atacá-los, eliminando-os em sua maioria, enquanto os poucos sobreviventes foram exilados na galáxia Path Kethona. Desde então, os Forerunners se autoproclamaram “herdeiros do Manto”.
Membros da espécie Forerruner.


Do outro lado, estavam os humanos, uma espécie com desenvolvimento tecnológico equivalente e grandes desbravadores da galáxia, que viviam pacificamente com outra espécie, os San’Shyuum, com os quais mantinham uma aliança. Contudo, ignoravam completamente a existência dos Forerunners, até que uma série de eventos colocou as espécies em um embate.

A guerra entre humanos e Forerunners se iniciou com a expansão intergalática daqueles que, ao se depararem com o parasita Flood, iniciaram uma campanha para exterminá-los de uma vez. Contudo, isso provocou a ira dos “herdeiros do Manto”, ocasionando a quase total aniquilação da espécie humana e a destruição de todo o conhecimento até então obtido, forçando-os a viver como na Idade da Pedra.
A ameaça intergalática toma o controle de hospedeiros: Flood.


Ironicamente, os Forerunners foram exterminados em uma guerra contra o parasita que, na tentativa de contê-lo e examiná-lo, acabou reconhecendo tardiamente que a eliminação deste “ser” seria o único meio de manter as galáxias a salvo.

Tão somente no ano 2080 é que os humanos apresentavam seu status originário, novamente investindo na colonização de planetas, sendo Marte o alvo da nova empreitada. Em 2162, houve uma rebelião no planeta colonizado, dando origem ao United Nations Space Command, que se encarregou de desenvolver ciborgues originados de engenharia biológica, então denominados Spartans.
A elite dos soldados humanos: Spartans.


Com um exército de “espartanos” e o constante desenvolvimento da tecnologia, os humanos desenvolveram veículos espaciais capazes de ultrapassar a velocidade da luz, permitindo que colonizassem mais de 800 planetas. Em 2517, a expansão humana foi reconhecida como uma “afronta” pelo Covenant, uma aliança extraterrestre firmada entre raças que se reconheciam como sucessoras dos Forerunners e que os reconheciam como deuses. E é neste exato momento em que o primeiro jogo se situa.

Halo: Combat Evolved

O United Nations Space Command e membros do projeto Spartan-II, iniciado em 2517, intentam derrotar o Covenant em seu próprio território antes que a aliança extraterrestre encontre a localização da Terra, com o alvo sendo a colônia espacial Reach. No entanto, ataques inimigos fazem com que apenas uma aeronave sobreviva ao fogo cruzado — sendo esta tripulada pelo soldado Master Chief John-117 —, a qual acaba por cair em uma estação espacial chamada pela aliança de Halo.

Master Chief e a inteligência artificial Cortana precisam não apenas resgatar o capitão Jacob Keyes, como igualmente descobrir qual o objetivo da estação. Durante os combates entre humanos e extraterrestres, o parasita Flood foi libertado, fazendo com que a inteligência artifical da aliança, 343 Guilty Spark, ative os sistemas de segurança de Halo, tais como os Sentinels.

Master Chief: pouquíssimas aparições sem o elmo (e todas oriundas de sua juventude).


O que John ainda ignoraria por boa parte do tempo é que a estação em si era uma enorme arma de destruição em massa, com capacidade de destruir qualquer objeto a uma distância de 25 mil anos-luz, considerando que qualquer matéria viva serve como alimento do Flood. A missão de resgate e reconhecimento, no final das contas, acabaria por se encerrar numa tentativa emergencial de destruir Halo antes que ele iniciasse a extinção de qualquer vida na galáxia.

Gostaram? O que acharam deste início da saga Halo? Continuem a acompanhar na parte 2 deste artigo!

Revisão: Ives Boitano

Mineiro, apaixonado por livros, música, filmes, discussões, Magic: The Gathering e, claro, jogos eletrônicos.
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