Desenvolvido pelo Studio Namaapa (Nusakana), Ciel Fledge é um jogo de simulação em que o jogador deve controlar a agenda de atividades de sua filha adotiva. Inspirado na clássica série Princess Maker, mas em uma ambientação tecnologicamente avançada, o jogo apresenta várias possibilidades para criar a garota e buscar oferecer a ela um bom futuro.
No século XXX, os resquícios da humanidade vivem em sete cidades no céu após uma raça alienígena, conhecida como Gigant, ter exterminado quase toda a superfície. Essas cidades, conhecidas como Arks, são as bases da humanidade, e muitos de seus cidadãos nem sabem como é viver na superfície.
Nesse contexto, você assume o papel de um habitante de Ark-3 selecionado para cuidar de uma garota de origem desconhecida. Encontrada durante uma expedição militar, ela ainda tem 10 anos e não se lembra de nada. Como menor de idade, ela precisa de alguém que cuide dela e garanta que ela tenha uma boa educação.
Um detalhe interessante aqui é que, apesar do personagem do jogador não ter uma aparência, é possível fazer algumas escolhas sobre quem ele é. Ao selecionar o nome, é possível escolher o honorífico utilizado (Mr., Mrs., Mx., etc.), o que implica em uma escolha do gênero do personagem (masculino, feminino, não-binário). Também há opções de origem (ser da superfície, nativo da Ark ou criado in-vitro), que atribuem bônus às várias atividades do jogo.
Uma vez montado o seu personagem, o jogador precisa então fazer escolhas para treinar a garota durante os 10 anos em que ela estará em sua tutela. A ideia básica é algo similar aos jogos da série Princess Maker ou, por exemplo, Roommates (PC), em que a personagem tem uma agenda semanal e é necessário escolher o que ela irá fazer. Por exemplo, para que a personagem possa se tornar mais forte, é interessante que ela faça aulas de atletismo ou natação. Já se o objetivo é fazer com que a garota se torne inteligente, o jogador precisa investir em aulas de raciocínio lógico ou fazer com que ela treine sua escrita.
No início, poucas são as atividades possíveis, e é importante focar em uma área para poder aumentar as habilidades da personagem e fazer com que novas oportunidades sejam desbloqueadas. Isso vai mudando ao longo do tempo e, conforme avança no jogo, é necessário que o jogador planeje bem as combinações adequadas para atingir seus objetivos.
Para avançar em estudos sociais, por exemplo, a garota pode precisar de habilidades sociais (que ela consegue na aula de etiqueta) e capacidade de escrita (que é desenvolvida na aula de línguas). Com isso, ela consegue uma habilidade chamada empatia, que é associada a um terceiro eixo de técnicas.
Não basta apenas escolher as atividades e deixar a garota fazer tudo. Algumas vezes, é possível realizar minigames para aumentar os pontos recebidos no treinamento. Com um funcionamento de match-3, essas seções são bem divertidas e ajudam a quebrar um pouco a repetitividade das tarefas. Há uma boa variedade de objetivos diferentes, como “execute tal tipo de combinação” ou “faça tantos pontos”, e até alguns casos ultraespecíficos bem divertidos, como uma espécie de morte súbita contra uma barata quando a garota está fazendo faxina.
Além desses minigames, o jogo também abre novos trechos de história de acordo com o avanço da garota nas diversas áreas de aprendizado. Em um contexto bastante cotidiano, mas com um twist futurista, os diálogos são simples, mas apresentam bem os personagens e o contexto em que eles vivem. Assim, é possível, por exemplo, conhecer uma garota da superfície super agitada em um ponto e depois descobrir que ela é amiga de outro personagem ou que seu ofício parece um tanto estranho, etc. São pequenos trechos que vão permitindo conhecê-los cada vez mais.
Nesse contexto, não é de se estranhar que o jogo também apresente um sistema de laços de amizade. Nem só de esforço vive uma pessoa, afinal. Por esse motivo, boa parte do tempo de Ciel deve ser dedicado a descansar, e uma das formas de fazer isso é através de seu convívio social no fim de semana. Curiosamente, nesses momentos, em geral não acontecem cenas de diálogo, mas são uma boa forma de melhorar o relacionamento entre os personagens.
Em determinados níveis, Ciel aprende certas técnicas que se referem às habilidades dos personagens com quem conversa. Ou seja, gastar um tempo com a menina que sonha em ser uma artista pode levar Ciel a aprender técnicas sociais de imaginação. Amigos também costumam enviar presentes de aniversário que ficam guardados como itens-chave.
Também é possível escolher trabalhar mais para ganhar mais dinheiro às custas de afeto ou simplesmente trabalhar em meio-período, o que ganha bem menos dinheiro, mas não custa afeto. Assim como as atividades, todas essas opções precisam ser equilibradas para garantir que a personagem não se sobrecarregue. Na build que tive oportunidade de jogar, é até tranquilo garantir isso, e o estresse costuma ser bem baixo nos primeiros anos.
Um elemento que ajuda a equilibrar esses fatores são os equipamentos. Com efeitos diversos, eles podem reduzir as oscilações das barras ou trazer outros benefícios. Além disso, eles mudam a aparência da personagem, que também cresce ao longo do jogo. Afinal, há uma diferença muito grande entre uma garota de 10 anos e uma jovem de 20.
De forma geral, o jogo se mostrou bastante interessante, com várias possibilidades de escolha para montar a rotina da garota em busca de um dos vários finais possíveis. O uso de puzzles para reduzir a repetitividade foi uma excelente escolha e o contexto e seus personagens se mostram instigantes e carismáticos. Para quem é fã de jogos de gerenciamento de tempo e se interessou pela ambientação cotidiana em um cenário futurista, vale a pena ficar de olho. Ciel Fledge será lançado para PC e Switch no dia 21 de fevereiro.
Revisão: Davi Sousa
Teste feito com cópia digital cedida pela PQube Games