Touché, Nintendo!
O NGP foi um ótimo console e consideravelmente superior ao Game Boy: seus 16 bits (exatamente isso) eram possíveis em razão de uma CPU Toshiba TLCS-900H, ao passo que havia outra CPU Z80 de 8 bits apenas para a reprodução de sons. A tela, de 256 x 256 pixels, embora em preto e branco (com escalas em cinza), apresentava maior suavidade visual do que de seu concorrente.Uma diferença considerável — em todos os sentidos. |
Enquanto isso, o Game Boy, com sua CPU baseada em um processador Sharp LR35902 de 8 bits e tela de 160 x 144 pixels, impunha aos seus jogos severas limitações visuais, tradicionalmente representadas nas paletas esverdeadas — e cansativas aos olhos — que saltavam da tela.
É claro que são produtos com uma diferença de dez anos entre os respectivos lançamentos, contudo, ao analisar a capacidade do Game Boy Color, lançado em mesmo ano do NGP, é perceptível que a Nintendo ofereceu menos do que a tecnologia permitia à época.
Alegações de custos operacionais e de execução são questionáveis, visto que, o NGP era mantido com duas pilhas AA que comportavam até 40 horas de jogatina — contra quatro pilhas exigidas para o Game Boy para utilização em mesmo período.
Além da retrocompatibilidade, muitos dos jogos lançados para o NGPC eram compatíveis com seu antecessor. |
O lançamento do Game Boy Color, por si, foi suficiente para a SNK revisar toda sua política para o portátil, não apenas suspendendo suas vendas apenas um ano após seu lançamento para se dedicar a um novo portátil — limitando sua biblioteca de jogos a somente dez títulos —, como também lançar seu sucessor no mercado ocidental.
do lançamento do Game Boy Color no mesmo ano do NGP e o impacto que jogos exclusivos, como
Agora vai!
A despeito das dificuldades enfrentadas pelo NGP, a SNK fez questão em levar para o portátil dois jogos de suas principais franquias: King of Fighters R-1 — que possuía o mesmo enredo de King of Fighters ‘97 e Samurai Showdown!. Os demais títulos se limitavam a esportes ou puzzles.O Neo Geo Pocket Color foi a resposta da SNK ao Game Boy Color, contudo, sofreu diversos reveses, não apenas em razão do histórico de sucesso de seu principal concorrente, como também por falhas em parcerias com desenvolvedoras de jogos externas, dificuldades com distribuidores no Ocidente e a concorrência de um novo console lançado exclusivamente em território asiático: o WonderSwan, desenvolvido pela Bandai em parceria com Gunpei Yokoi (sim, o criador do Game Boy) e que angariava um público considerável diante de seus jogos baseados em animes de sucesso, como Digimon e Gundam, além de ports dos primeiros Final Fantasy.
O primeiro entrave se deu com a ausência de third parties para desenvolverem para o console: apenas a Sega se mostrou inclinada a atuar junto à SNK no Ocidente, resultando em Sonic the Hedgehog Pocket Adventure, o segundo título do ouriço a pousar em outro console que não um exclusivo da empresa (o primeiro, Sonic Jam, foi para outro portátil, o Game.com).
O Dreamcast, inclusive, se conectava com o Neo Geo Pocket Color, o que permitia a transferência de informações em diversos títulos, tais como King of Fighters R-2 (que se conectava com King of Fighters '99 Dream Match e King of Fighters Evolution), SNK vs. Capcom: The Match of the Millennium (que se conectava a Capcom vs. SNK) e SNK vs. Capcom: Card Fighters Clash (que se conectava a King of Fighters Evolution), respectivamente entre o Neo Geo Pocket Color e Dreamcast.
Bundle com Sonic the Hedgehog Pocket Adventure. |
Outros títulos (a maioria dos jogos ocidentais integrando o gênero luta ou card games dos mesmos) compartilhavam informações entre portátil e console de mesa, mas, considerando que um console não vive de apenas um estilo de jogo e tampouco pode se permitir depender de desenvolvedoras externas, a SNK se dedicou a lançar toda sorte de jogos além-luta: esportes, RPGs, puzzles e ports de seus títulos de ação oriundos dos arcades, como Metal Slug.
Desenvolvedoras como a Aruze também se dedicaram a lançar jogos para o portátil, no entanto, se focaram exclusivamente em jogos de pachinko, os famosos caça-níqueis asiáticos. Curiosamente, a Aruze adquiriu a SNK após sua derrocada financeira, mas com sua inexperiência sobre jogos eletrônicos, acabou por ruir com o histórico da empresa e fulminar sua presença no mundos dos jogos — incluindo seus consoles.
Infelizmente, não foi dessa vez
O Neo Geo Pocket — bem como sua versão Color — são portáteis excepcionais. Os mais de 80 jogos lançados para o portátil, embora a maioria desenvolvidos pela própria SNK e dotados de qualidade, não foram suficientes para manter o console no páreo, sendo descontinuado no ano 2000.Quando chegou ao Ocidente, o Neo Geo Pocket Color foi oferecido ao público ao preço sugerido de US$ 69,99 — o mesmo do Game Boy Color em seu lançamento —, ao passo que os jogos custavam entre US$ 24,99 e US$ 34,99.
As cores apresentadas no portátil de 16 bits da SNK eram superiores às de seu principal concorrente; seu direcional, baseado no manche dos arcades, era mais confortável e apresentava melhor resposta, especialmente em jogos de luta. Contudo, a Nintendo possuía franquias com muito mais apelo e variedade, em especial com o apoio recebido de desenvolvedoras externas, além de já possuir um público cativo não apenas no mercado asiático, como também no ocidental.
Apesar de todos os infortúnios, o Neo Geo Pocket, assim como sua versão em cores, possuem um carinho especial por todos os amantes de consoles portáteis, merecendo a devida atenção e, tanto quanto possível, no mínimo algumas partidas, afinal, oferece tudo aquilo que um jogador procura: diversão. E é por essa razão que homenageamos o portátil em seu vigésimo aniversário. Quanto a vocês, quantos já conhecem o console e seus jogos? Compartilhem suas experiências conosco!
Revisão: Ivanir Ignacchitti