1º. Graveyard Keeper: Breaking Dead
De longe, Graveyard Keeper: Breaking Dead (Multi) foi a maior surpresa desse ano. Outrora oferecido como um simples “simulador de gerenciamento de cemitério”, o título se provou um dos melhores — e maiores — indies que já tive o prazer em experimentar.Para começar, o jogo possui um enredo interessante, os personagens são carismáticos e as tiradas são engraçadíssimas. Um complexo sistema de habilidades faz com que o jogador aprenda desde a arte da carpintaria e artes plásticas, passando pela alquimia e religião e concluindo pela necromancia e fabricação de bebidas alcoólicas.
Parece exagerado, mas o jogo é tão bem estruturado que basicamente todas as habilidades desenvolvidas são plenamente utilizadas em todo o jogo, não havendo um único momento em que o jogador sinta que “perde tempo” em aprendê-las. O DLC Breaking Dead, por sua vez, auxilia consideravelmente o jogador na necessidade de "grindar" itens e cuidar de plantações.
2º. Red Dead Redemption 2
Há algo mais a ser dito sobre Red Dead Redemption 2 (Multi)? O sucesso do título certamente deve se atribuir à equipe de desenvolvimento (que, novamente, sofreu os males do crunch time) com um enredo primoroso e um dos protagonistas mais carismáticos de todos os tempos: Arthur Morgan, um fora-da-lei dividido entre os atos criminosos e a busca pela redenção.A prequela consegue ser ainda melhor que seu antecessor, com controles precisos, sistema de combate impecável e uma trilha sonora marcante. O mundo aberto empregado no jogo possui vida própria nas mais diversas regiões, com diversas atividades e missões extras, segredos macabros e violência na medida certa. Inesquecível.
3º. Magic: The Gathering Arena
Sou um grande fã do jogo de cartas colecionáveis Magic: The Gathering desde que soube de seu lançamento na cada vez mais longínqua 4ª edição, de 1995. A despeito de diversas tentativas da Wizards of the Coast (detentora dos direitos sobre o jogo) em transportá-lo para o mundo eletrônico, Magic: The Gathering Arena (PC) pode ser considerada a versão definitiva, especialmente em se tratando dos formatos Standard e Brawl.Com jogabilidade simplificada, visual atraente e um ótimo tutorial para iniciantes, Arena prova todos os dias que é um forte concorrente a um dos melhores e-Sports de todos os tempos. Embora ainda existam problemas quanto ao RNG responsável pelo embaralhamento das cartas, o título é recomendadíssimo não apenas para os fãs do jogo físico como também para todos aqueles que apreciam jogos desta natureza.
4º. Bloodstained: Ritual of the Night
Bloodstained: Ritual of the Night (Multi) é um título controverso em muitos sentidos. Tomado como o “sucessor espiritual de Castlevania”, ele demandou mais de quatro anos para ser finalizado e consumiu mais de 5,5 milhões de dólares arrecadados mediante financiamento coletivo. No entanto, versões para Wii U e PlayStation Vita foram canceladas e não entregou todo o conteúdo extra prometido durante a coleta de recursos junto ao público.Embora o enredo, gráficos e canções sejam consideravelmente inferiores aos trabalhos outrora desenvolvidos por Koji Igarashi, Michiru Yamane e Ippo Yamada, é um bom jogo que agradará não apenas os fãs de Castlevania: Order of Ecclesia (Bloodstained é fortemente inspirado nele), como também aos apreciadores do formato metroidvania.
5º. Redeemer: Enhanced Edition
Sim, um “simples” beat 'em up pode ser considerado como um dos melhores títulos desse ano — especialmente pelo fato de que jogos do gênero estão cada vez mais raros atualmente.Redeemer: Enhanced Edition (Multi) é a versão definitiva do jogo originalmente lançado em 2017, sendo finalmente lançado também para os consoles. A despeito do enredo simplório, o título possui um dos melhores sistemas de combate que já tive o prazer em experimentar — e, quanto mais inimigos para enfrentar, mais divertido se torna.
O combate físico é fortemente influenciado pela franquia Arkham e pelo jogo Mad Max (Multi), com finalizações simplesmente brutais, especialmente quando utiliza elementos do cenários, como caldeirões, piscinas ou paredes com espinhos. Os mais variados tipos de armas, de pistolas a fuzis de assalto complementam a chacina.
6º. Days Gone
Days Gones (PS4) poderia soar como "mais um jogo de futuro apocalíptico com zumbis", no entanto, possui um enredo focado em relacionamentos — afetivos e fraternais —, além de senso de humanidade, justiça e sobrevivência. Meu início com o título foi bastante conturbado, em especial pelos bugs e mecânicas falhas, como a seleção de itens na "roda de criações" ou bugs no sistema de combate (armado ou físico) e, mesmo, em parte do jogo — me forçando a reiniciá-lo por travamentos ou eventos pertencentes ao enredo que não iniciavam.Somado a isso, está o pouco carisma inicialmente apresentado pelo protagonista, Deacon St. John, um enredo um tanto "forçado" no início e que levou um bom tempo para "engatar". No entanto, essa é a recomendação que faço aos jogadores: se o título não for "injogável", como bugs que "crasham" saves ou impedem o progresso no jogo, tenham um pouco mais de paciência. Tão logo o enredo chegou ao "ponto crítico", fui agraciado com momentos divertidos, alguns tensos e outros que me fizeram importar com o futuro de St. John e as pessoas que ama. A despeito dos aspectos negativos, é um bom título para se dedicar.
Nem só de lançamentos viverá o jogador
É claro que algo que não faltou nesse ano foram bons lançamentos, no entanto há títulos outrora disponibilizados que também tomaram meu coração neste ano, valendo a experiência a qualquer momento.- Hotline Miami 2: Wrong Number
No controle de diversos protagonistas, o jogador passará por diversos eventos no tempo, compreendendo as ocorrências em Hotline Miami e os efeitos dos atos praticados pelos protagonistas do primeiro título, com uma conclusão surpreendente.
Mortal Kombat
É claro que há uma queda brusca na qualidade gráfica em relação às versões “maiores” (o que é plenamente compreensível) e que os botões do console são um tanto pequenos para esse tipo de jogo, no entanto, fui agraciado com um sistema de combate fluído, bom enredo, finalizações criativas e mini-games divertidíssimos (muitos dos quais possíveis somente em razão da tela touch frontal do portátil). Recomendado para qualquer fã da franquia que ainda o desconheça ou de apreciadores de um bom jogo de luta.
Revisão: Farley Santos
Meu agradecimento a Matheus Senna pela linda capa que ilustra esse artigo.