Iniciada em 1979 como uma série de anime de robôs gigantes, Gundam se tornou uma grande franquia ao longo dos anos e referência do seu gênero. Isso implicou em vários jogos ao longo dos anos para aproveitar sua popularidade. Entre eles, temos a série de RPGs estratégicos SD Gundam G Generation, que começou no PlayStation em 1998.
SD Gundam G Generation: Cross Rays é o mais novo jogo da série e o primeiro a ser lançado no Ocidente, apesar de ser o segundo em inglês devido ao lançamento asiático de SD Gundam G Generation Genesis no PS Vita, no PS4 e no Switch. Com a presença de robôs principalmente vindos das séries Wing, Seed, 00 e Iron-Blooded Orphans, Cross Rays é um excelente título para representar a série, mas seus problemas de interface o tornam mais complicado do que deveria.
Vivenciando as séries de Gundam
Após selecionar a dificuldade, o jogo reconta o evento no qual aquela missão é baseado (exemplo: a primeira missão de Heero Yuy na Terra ou a batalha entre Tekkadan e Turbines). A história é apresentada em estilo visual novel, com grandes trechos de fundo estático e diálogo sem voz. Em geral, são reconstruções dos eventos originais que acabam perdendo boa parte da nuance e da atuação dos personagens, visto que não são animados e são representados apenas por balões de fala.
Essa representação simplificada dos eventos é uma forma bem fraca de experimentá-los em comparação com as obras originais e serve apenas para que o jogador que assistiu o anime se lembre do que aconteceu. De qualquer forma, os trechos de história também podem ser pulados a qualquer momento caso o jogador prefira partir direto para a ação.
Nas missões, o jogador tem acesso a mapas que representam as batalhas das obras em questão, sendo possível movimentar os robôs pelo grid do cenário e escolher entre as armas que cada um possui (e que não podem ser alteradas) para atacar os inimigos. Cada ataque tem uma área de efeito diferente no mapa e o inimigo pode optar entre defender, evadir ou contra-atacar. Tudo isso depende de chances de acerto e a mesma ideia vale quando uma máquina do jogador é atacada pelo oponente. Além dos golpes básicos, também há ataques combinados que permitem que aliados pertencentes a uma mesma equipe atinjam até mesmo vários inimigos do mapa ao mesmo tempo.
Assim como em Fire Emblem, esses golpes são representados como uma espécie de cutscene de combate que se separa do mapa e mostra uma animação detalhada dos robôs atacando e recebendo os golpes. Seguindo a estética usual da série Gundam, há também recortes com as faces dos pilotos em que eles gritam frases de efeito enquanto partem para o ataque. Há também alguns ataques que ocorrem diretamente no mapa (as MAP Weapons) e demandam que o jogador fique parado em sua posição inicial para serem ativados, mas seus efeitos (que não se restringem a dano e podem, por exemplo, envolver paralisar inimigos) podem ser muito úteis.
Vale destacar também que, ao destruir uma máquina, o atacante ganha a chance de realizar uma ação extra. Essa estratégia pode ser fundamental para avançar pelo cenário rapidamente com robôs mais lentos ou que estão muito afastados da zona principal de combate.
Além de suas próprias máquinas (que podem vir de qualquer série), o jogador também tem o controle de máquinas específicas daquele mapa que funcionam como “convidados” controláveis (não são de propriedade do jogador) e já estão dispostos no mapa. A ideia é que o jogador pode conseguir esses aliados para si ao encher uma barra de “Get” que aumenta quando a máquina em questão derrota inimigos.
No entanto, além de preencher a barra (que pode demandar repetir várias vezes uma batalha), é necessário pagar para adquirir aquele robô em um menu de loja. Mas a pior parte é que, caso a sua versão do robô seja derrotada em batalha, ela será perdida para sempre sem possibilidade de repará-la, apenas comprar novos robôs que começam no nível 1. Ou seja, é importante tomar bastante cuidado para não desperdiçar o investimento.
Uma equipe própria customizável
Além dos robôs, sua equipe é composta por naves e personagens humanos, cada um com suas aptidões para pilotagem, manutenção, etc. A ideia é que os grupos podem ser feitos de duas formas: Warship ou Raid. Enquanto o primeiro implica no uso de uma nave para garantir um lugar de recuperação total da energia da equipe, o outro costuma ter mais facilidade em ativar ataques combinados por não dependerem de uma base de comando.
Todas essas funções e muitas outras adicionam várias camadas para que o jogador crie o seu próprio time e invista da sua forma no fortalecimento da equipe e há uma grande variedade de opções disponíveis. No entanto, a disposição disso em uma infinidade de menus acaba escondendo muitas funcionalidades e tornando-as menos intuitivas, fazendo com que alguns elementos do gameplay sejam “coisa de quem explorou as possibilidades” quando deveriam ser parte da experiência básica.
No entanto, quando o jogador adquire o controle da sua equipe (mesmo que ainda sem conhecer várias das funcionalidades), a experiência de usar personagens e robôs bastante variados, advindos de vários pontos da história da série, é realmente um sonho para fãs da franquia. Estar em combate e usar um ataque combinado de Gundams muito fortes para esfregar o chão com um vilão desprezível, causando quantidades absurdas de dano, é muito recompensador graças às animações bastante detalhadas e expressivas utilizadas nos combates.
Outro elemento importante é o Group Dispatch. A ideia é que esse sistema implica em enviar uma equipe para uma missão independente, ficando o grupo impossibilitado de ser usado nas missões durante um tempo estabelecido em horas reais. Caso os personagens e suas habilidades estejam afinados com a missão, a porcentagem de vitória aumenta. Não é possível perder, mas os ganhos ao final (novos robôs, peças, dinheiro, etc) variam de acordo com isso. É possível reduzir o tempo do envio gastando itens, mas em geral, o ideal é só escolher uma equipe que não será importante (ou que se queira treinar) para essa missão enquanto joga, e, ao parar de jogar por aquele dia, colocar todas as equipes desejadas (no máximo 3 das 4) nessas missões.
De forma geral, fãs de Gundam, em especial as obras que recebem destaque na história, com toda certeza irão aproveitar muito o jogo. Mas para quem não tem essa paixão, as funcionalidades complexas escondidas nos menus e a história básica são fatores que reduzem o divertimento. Graças a isso, ele acaba sendo apenas mais um bom RPG estratégico no mercado.
Prós
- Animações detalhadas e expressivas nos combates;
- Fases apresentam um bom desafio (com objetivos opcionais extras);
- Grande variedade de opções permite montar equipes bastante diversas e interessantes.
Contras
- Desbloquear novos robôs é um processo mais complicado do que deveria;
- Menus pouco intuitivos escondem muitas funcionalidades;
- Trechos de visual novel muito básicos perdem o impacto dos momentos originais.
SD Gundam G Generation: Cross Rays - PC - Nota: 7.5
Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco