Análise: Dusk Diver (Multi) tem visuais bacanas, porradas de montão, mas cansa um pouco

Se aventure no lado sombrio de uma cidade nesse título que lembra bastante episódios de anime.

em 13/11/2019
Uma mistura que sempre aparece agradar de maneira certeira é ação e visuais nipônicos e coloridos, como se colocassem o jogador no controle de um episódio de anime. Dusk Diver (Multi) aposta nessa junção e, apesar de não trazer aquele ponto que o destaque na multidão, consegue ter seu charme.

Cidade dupla

Em Dusk Diver controlamos Yang Yumo, uma estudante que mora na cidade de Ximending. Este local possui uma estranha energia que possibilita a aparição de fissuras que levam a Youshading, uma versão sombria da vizinhança. Esta versão avessa está repleta de mistérios e criaturas malignas chamadas Chaos Beasts. Agora caberá a Yumo a tarefa de descobrir o que está acontecendo.

Ela contará com a ajuda dos Kunluns, criaturas místicas que existem em uma dimensão à parte e ajudam a investigar casos sobrenaturais como este, de Ximending. Eles estão instalados na cidade em uma loja de conveniência, onde estão Boss, que tem a forma de uma estátua de cerâmica, e Leo, uma espécie de guardião que resolve emergências locais. Ao longo da aventura, a jovem ainda contará com a ajuda de outros dois Kunluns: Bahet e Le Viada. Ao atravessarem cada fissura, eles não conseguem manter sua forma humanoide, então incorporam seus poderes ao corpo de Yumo, que os utiliza como invocações e armas.

O lado pacato

Os dois ambientes do jogo são bastante distintos entre si. Quando estamos em Ximending, tudo fica por conta da exploração de cada canto, realizando as missões primárias, que abrem as fendas. Para poder entrar nelas, precisamos ter um número específico de Dragon Shards, que estão espalhados pelo ambiente. Sempre que estamos perto de um desses estranhos fragmentos reluzentes, Boss mandará uma mensagem para ficarmos atentos. O problema é que alguns deles são grandes e bem óbvios, enquanto outros são difíceis de serem visualizados, uma vez que tudo é bastante colorido.

Existem também missões secundárias que rendem mais alguns Dragon Shards e liberam diversos restaurantes pelo mapa. Eles são um ponto chave no andamento do jogo. Cada um desses locais oferece um tipo de alimento que surte um efeito diferente na hora da batalha, e à medida que compramos suas refeições vamos ganhando estrelas de fidelidade. Ao atingirmos cinco estrelas, o dono do estabelecimento nos presenteia com nada mais, nada menos, que um Dragon Shard (imprevisível, não?)

Ximending foi projetada para ser um pequeno centro comercial e seu visual com cores fortes é bem bacana. Porém, algo que causa uma certa estranheza são os NPCs, que de longe são apenas silhuetas coloridas e ao ficarem próximos não possuem rostos, aparentando ser manequins. Mesmo ficando acostumado após um certo tempo de jogo, não deixa de ser algo bizarro. O som ambiente se repete frequentemente, o que pode ser bem cansativo para os ouvidos nos capítulos de tensão do jogo, já que a melodia se estende por todo o ambiente e até mesmo quando estamos dentro da loja de conveniência.

O lado caótico

Se Ximending traz algo mais tranquilo, na base de ficar conversando com todo mundo, Youshanding é pura ação. Entrar em uma fissura é como se fosse começar a parte final de uma missão primária. O mapa é idêntico ao "lado normal" da cidade, só que todo corrompido e limitado por algumas barreiras, que variam de um caso para outro. Essas fases têm sempre como objetivo básico eliminar as Chaos Beasts com socos, chutes e ataques especiais, como em uma espécie de beat'em up. Ao longo do percurso, Boss informa se algo mais precisa ser feito, como proteger um lugar específico ou derrotar um chefão. Cada etapa pode ser ranqueadas de C a S dependendo do tempo de conclusão.

Controlar Yumo aqui é algo bem simples e básico. Ela corre, pula, se esquiva e possui ataques fracos e fortes. O diferencial está no uso dos seus amigos como invocações. Eles causam mais dano e podem ser utilizados para quebrar armaduras dos oponentes, aumentar o dano dos ataques e prolongar efeitos de status. Se bem calculados, os combos vão se estendendo e quanto mais acertos, mais chances de ganhar esferas que recuperam energia, mágica e enchem sua barra de especial. Em uma tela cheia de criaturas, foi possível passar dos 700 hits com uma certa facilidade. A lista de golpes, combos e movimentos especiais de Yumo e seus amigos pode ser expandida através de pontos de habilidade, conquistados a cada missão.

Porém, Youshanding também possui seus deslizes. A câmera é livre para ser controlada a todo momento, mas em diversas situações ela colocou a protagonista em pontos cegos durante a batalha. Outra ponto um pouco frustrante é a inexistência de checkpoints durante cada etapa. Se morrer é game over e volta do começo ou retorna para a cidade. Isso pode tornar a tarefa de tentar passar de novo por alguma fase algo estressante, visto que algumas trazem labirintos confusos. E sim, é necessário jogar cada fase mais de uma vez para obter todos os Dragon Shards do local (sim, essas coisas de novo).

Para um pouquinho, descanse um pouquinho

Dusk Diver não é mais do mesmo, mas também não é surpreendente. É uma boa ideia que merecia um pouco mais de refinamento. O título tem praticamente um ponto forte e um fraco em cada aspecto, fazendo dele um daqueles jogos para ir avançando aos poucos, de tempos em tempos. As dublagens japonesa e chinesa também chamam atenção, aumentando a sensação de controlar uma série de animação, mas não poder pular as falas de conversas mais desnecessárias, como das missões secundárias, também torna tudo um pouco arrastado. Porém, para os fãs de combates frenéticos e golpes enfeitados, vale a experiência.

Prós

  • Visuais cartunescos e personagens bastante carismáticos;
  • Combate fluido;
  • A cidade de Ximending é muito interessante e um elemento de destaque.

Contras

  • A câmera te deixa em pontos cegos durante a luta;
  • Ter que recomeçar cada trecho de batalha do início em caso de falha tira a graça de prosseguir;
  • Achar Dragon Shards pela cidade sem auxílio pode ser uma tortura visual;
  • NPCs são visualmente esquisitos;
  • Trilha sonora repetitiva incomoda bastante nos momentos de maior tensão.
Dusk Diver — PC/PS4/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS4
Revisão: Farley Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela PQube Games

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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