Análise: Corpse Party: Blood Drive (Multi) traz ao PC a melhor versão do jogo de terror

Com um gameplay sólido e uma excelente performance no PC, o jogo se mostra uma boa pedida para fãs de terror apesar de seu roteiro ruim.

em 25/11/2019
Corpse Party é uma série de jogos de terror cujo desenvolvimento de personagens é um elemento fundamental de sua receita. A história dos jogos, com exceção de Dead Patient, gira em torno da escola Heavenly Host para a qual um grupo de crianças acaba sendo transportado após um ritual chamado Sachiko Ever After.

Corpse Party: Blood Drive é a conclusão da saga que envolve a escola, colocando os personagens novamente em uma situação assustadora e fatal. Aumentando a escala da história ao máximo, serão os personagens capazes de reverter as tragédias dos jogos anteriores?

Uma nova chance


Depois dos eventos de Book of Shadows, Ayumi Shinozaki continua investigando uma forma de reverter as tragédias que ocorreram quando ela e seus amigos foram parar em Heavenly Host. Em meio a várias reviravoltas, ela descobre que a escola está novamente de pé graças a uma nova força maligna.

Essa presença sombria começa a se infiltrar no mundo real e apenas a garota seria capaz de recuperar os poderes do livro de magia negra voltando novamente aos corredores sinistros daquela outra dimensão. Conforme a história vai se desenvolvendo, mais personagens começam a se envolver e o jogador terá controle sobre uma boa parte do elenco, assim como nos jogos anteriores.

Em termos da história, a localização é muito bem feita, dando vozes bastante particulares para cada personagem que se encaixam bem com suas personalidades e o que foi desenvolvido nos jogos anteriores. No entanto, a história em si acaba evoluindo de uma forma estranha.

Em Corpse Party (Multi) e Corpse Party: Book of Shadows (PC/PSP), existe uma grande fragilidade dos personagens principais e é fácil sentir empatia pelo sofrimento deles. Mas em Blood Drive, a história vai cada vez mais tomando proporções tão épicas e absurdas que, ao invés de aumentar a sensação de impotência do jogador, reduzem o peso emocional dos eventos.

Apesar das escolhas ruins de roteiro, o gameplay se mostra bastante competente. Agora em 3D, a escola está mais sombria e perigosa do que nunca. Enquanto explora os corredores da Heavenly Host, o jogador terá que lidar não apenas com espíritos sanguinários, como também com chãos quebrados, cacos de vidro, fios cortantes e até mesmo tentáculos que sugam a sua sanidade.

Tudo isso fica ainda mais complicado porque tudo é bastante escuro e sem usar sua lanterna é difícil notar esses obstáculos no cenário. Cada personagem tem seu próprio HP, que é reduzido ao esbarrar neles, mas é possível também alternar entre membros da equipe para evitar receber um game over por chegar no fim da vida de um deles. A lanterna também tem baterias limitadas, o que significa que para explorar as áreas no seu tempo, o jogador pode precisar encontrar novas baterias.

Em alguns pontos, correr pode ser fundamental também, mas é importante se atentar à existência de stamina. Apesar de não ser representada por uma barra, ela determina o quanto o jogador pode correr. É necessário alternar entre corrida e caminhada normal com frequência para evitar o consumo total da energia do personagem, o que o levaria a parar para recuperar o fôlego.

Como tradicional da série, há também vários finais ruins baseados em realizar escolhas erradas nos capítulos. Ver essas possibilidades é parte importante da experiência, assim como explorar os capítulos extras (que desenvolvem um pouco mais o contexto dos personagens em paralelo aos eventos principais) e pegar as tags dos mortos na escola (que expandem os horrores vivenciados e, mais do que puros colecionáveis, até mesmo corroboram com pontos da história).

No seu lançamento original para PS Vita, o título contava com vários problemas técnicos. Em especial, loadings demorados demais e uma sensação geral de lentidão. Sem esses problemas na nova versão de PC, é impressionante como o gameplay se mostra bastante competente e fluido.

Com maior resolução e taxa de quadros travada em 60fps que em nenhum momento caiu durante meu tempo com o jogo, as animações e os modelos se mostraram bastante detalhados e charmosos, mesmo com a escolha estilística de fazer com que os personagens tenham aparência chibi.

Definitivamente é a melhor versão do jogo, e mesmo não gostando da história me diverti bastante explorando novamente Blood Drive. Para fãs de terror, o jogo é recomendado já que o gameplay por si só é sólido, oferecendo um bom desafio com seus obstáculos e iluminação propositalmente precária. No entanto, é importante ter um conhecimento básico dos jogos anteriores pelo menos para aproveitá-lo um pouco melhor.

Prós

  • Gameplay sólido de horror com bom desafio;
  • Performance perfeita, corrigindo os problemas da versão de PS Vita;
  • Vários finais ruins, capítulos extras e tags dos mortos expandem a experiência de jogo;
  • Animação e modelagem charmosos;
  • Tradução que valoriza as características individuais dos personagens.

Contras

  • Escolhas ruins de roteiro acabam enfraquecendo o peso emocional da experiência;
  • História pode ser confusa ou de pouca relevância sem conhecimento prévio dos jogos anteriores.
Corpse Party: Blood Drive – PC/PS Vita/Android/iOS/Switch - Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
 Revisão: Farley Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela XSEED Games

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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