Análise: Dragon Star Varnir (PC/PS4) eleva o nível dos RPGs da Compile Heart

Com uma história mais séria, gameplay sólido e fanservice mais controlado, o jogo é claramente um dos melhores RPGs da desenvolvedora.

em 17/10/2019

Subsidiária da Idea Factory, a Compile Heart já desenvolve RPGs há mais de uma década, sendo sua obra mais popular Hyperdimension Neptunia. Ao longo do tempo, a empresa ficou conhecida especialmente pelo uso de fanservice nas suas obras.

Esse tipo de apelo não impede a empresa de fazer bons títulos, como Moero Chronicle Hyper (Switch). No entanto, isso acaba tornando seu público mais restrito. Fugindo dessa tendência usual, Dragon Star Varnir se apresenta como uma obra mais séria e envolvente. Possivelmente o melhor RPG da empresa, junto com Death end re;Quest.

Bruxas e dragões


Dragon Star Varnir conta a história do jovem cavaleiro Zephy. Como parte do império, ele odeia profundamente os dragões que destroem o mundo e as bruxas que dão à luz essas criaturas.

No entanto, durante uma missão ele acaba se separando de seu grupo e se tornando alvo dos ataques de um dragão. À beira da morte, ele é resgatado por duas bruxas. Com quase nenhuma chance de sobreviver, ele recebe sangue de dragão e se transforma em um bruxo (algo que não existe no mundo de Varneria).

Perseguido pelos seus antigos companheiros, ele passa então a viver com as bruxas. Isso faz com que ele possa enxergar um pouco do mundo pelos olhos delas e compreenda melhor o que elas passam.

Bruxas nesse mundo carregam dentro de si um dragão. Por causa disso, elas precisam consumir constantemente o sangue de outros dragões para poder manter sua sanidade. Mas isso também fortalece o dragão, que fica cada dia mais próximo de nascer (e matar a bruxa no processo).


Mas o mundo carrega muitos outros segredos em relação a essas criaturas. As reviravoltas da história são um ponto alto do que torna o jogo envolvente. Em um certo ponto, fiquei realmente embasbacado com a qualidade de uma das revelações, que muda totalmente o sentido da jornada dos personagens.

Camadas de estratégia

Boa parte do jogo envolve levar a equipe de bruxas por dungeons até pontos específicos do mapa. Lá o jogador tem acesso a um novo bloco de história e muitas vezes acontece uma batalha de boss.

No meio do caminho é possível encontrar vários itens e inimigos comuns. Também é possível voar e ativar habilidades especiais que abrem novas áreas do mapa ou tem outros tipos de utilidade (sair da dungeon, por exemplo).

Em batalha, o jogador tem uma equipe de três personagens sob seu comando. Além de terem suas afinidades elementais, cada aliado pode ser customizado em termos de habilidades e equipamentos. Um elemento importante para isso é a possibilidade de comer os inimigos.


Antes de derrotá-los, é possível usar a técnica de devour e, caso esta seja bem sucedida, desbloquear uma nova árvore de skills. Nelas é possível gastar pontos para obter golpes mágicos, habilidades passivas e melhorias de atributos como ataque e defesa.

Outro elemento estratégico importante é o posicionamento, já que o campo de batalha é dividido em três layers verticais. Além de dar um senso de escala impressionante em lutas contra grandes inimigos, esse posicionamento dos personagens pode implicar em áreas de efeito diferentes. Golpes como armadilhas ou aqueles que forçam a movimentação do inimigo, por exemplo, tem sua utilidade atrelada a isso.

É bom destacar que falhar em batalha tem consequências. O jogador tem uma barra de loucura e, caso ela ultrapasse um certo nível, o jogador será forçado a obter o final ruim. Durante a história também há escolhas que alteram esse medidor, exigindo cautela do jogador.


Outro fator para definir o final são as little sisters. Como já foi falado, as bruxas precisam estar constantemente consumindo sangue de dragão. No entanto, nem todas conseguem sair para caçar dragões. Algumas delas são muito novas para a tarefa, o que é o caso desse grupo grupo de “irmãzinhas”.

Cabe ao jogador então trazer comida para elas e garantir que elas mantenham a sanidade até o fim do jogo. Na prática, isso limita a quantidade de vezes que o jogador pode sair para as dungeons em busca de se fortalecer caso queira garantir a sobrevivência delas. No entanto, transformá-las em dragão também é uma forma de obter itens raros em detrimento do melhor final.


Com todos esses elementos, o jogo oferece um gameplay sólido e bem executado que se encaixa bem com a proposta mais sóbria de história. A única reclamação que tenho é a pouca presença de vozes na dublagem em inglês, que é bem executada, mas cortada em comparação com a japonesa. Nesse sentido, também teria sido bom se o jogo possuísse legendas em português para ser mais acessível aos brasileiros, apesar de não ser algo essencial.

Utilizando as vozes originais e a legenda em inglês, a experiência é bastante fluida. É um RPG de alta qualidade que oferece um rico mundo, uma história envolvente e um gameplay sólido. E o melhor de tudo é que ele pode ser aproveitado muito bem por qualquer jogador interessado no gênero por utilizar bem menos fanservice do que os outros jogos da empresa.

Prós

  • História envolvente;
  • Mundo bem construído;
  • Gameplay sólido com vários elementos estratégicos;
  • Finais diferentes associados à performance do jogador facilmente manipuláveis.

Contras 

  • Dublagem em inglês reduzida em comparação à japonesa.

Dragon Star Varnir - PC/PS4 - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC

 Revisão: Henrique Moreno
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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