O primeiro PlayStation recebeu mais um título, que mais tarde seria rodeado de nostalgia, chamado MediEvil 2, continuação da jornada de Sir Daniel contra as forças nefastas do mal. Os jogadores que gostaram do jogo original vão se sentir em casa aqui, mas vão notar algumas mudanças positivas e outras negativas nessa nova aventura. Então vamos conhecer se vale a pena revisitar os cantos de Londres com Sir Daniel Fortesque. Atenção para alguns spoilers adiante.
Futuro, mesmos problemas
Depois do final do primeiro game, Daniel finalmente é bem vindo ao Hall of Heroes e descansa em paz por muitos anos. Isso não dura para sempre. 500 anos depois da derrota de Zarok, em uma Londres vitoriana do século XVIII, seu livro de feitiços foi encontrado por mais um feiticeiro, interessando no seu poder para conquistar o país, ele se torna um terrível vilão, Lord Palethorn. Felizmente ele não está com todas as páginas, mas ele já possui poder o suficiente para invocar os mortos, demônios e outras criaturas.Em um museu de Londres, Sir Daniel Fortesque descansa, até ser acordado novamente pelos poderes malignos do livro de Zarok. Confuso, ele é recebido pelo fantasma Winston, um gentil e amigável espírito, que lhe conta o que está havendo. Com isso ele toma para si a missão de impedir Lord Palethorn, e encontrar as páginas perdidas do livro antes dele. Agora ele irá passar pelos mais diversos perigos em Londres, com a ajuda do professor Hamilton, que lhe dá instruções e equipamentos novos, e uma antiga múmia, chamada Kiya.
A decisão dos desenvolvedores de passar o enredo dessa sequência no futuro faz algum sentido e até dá algumas liberdades interessantes, como o uso de tecnologias mais modernas no enredo, como: balão, pistolas, entre outras coisas. Mas sinto que a fantasia, tão marcante e legal do jogo original, não se encontra aqui. Temos mais personagens, diálogos, e textos de mais qualidade, mas o carisma do reino de Gallowmere ficou para trás.
Claro, isso não faz o enredo do MediEvil 2 menos divertido de se presenciar. Temos bons momentos com o professor e até mesmo com Kiya. Essa última sendo uma personagem sem muito propósito no enredo em geral, servindo como uma princesa em perigo de “roupas curtas”. Mas o que ameniza um pouco esse problema, é seu relacionamento crescente com Sir Daniel, indo de agradecida, a um sentimento mais profundo. Não é possível dizer o mesmo com o Lord Palethorn, que é um vilão genérico, assim como foi com Zarok.
Londres linear
Diferente do reino de Gallowmere, com seus vales, vilas, florestas, cemitérios e fazendas, Londres é composta por muitos prédios e pouca variedade em seus cenários cinza. Além do acesso das fases serem feito de forma bem linear, em uma espécie de lobby, onde escolhemos qual jogar por um projetor do professor Hamilton. O sentimento de jornada não é mais tão presente nesse sentido, já que no original escolhemos os estágios por um mapa, até existindo a possibilidade de escolher a ordem de algumas.Em contrapartida, as fases seguem o mesmo escopo de exploração visto no jogo original, até possuindo mais opções de como fazer isso. Se no passado em Gallowmere temos muitas paredes quebráveis, agora muitos buracos pequenos estão espalhados por aí. A mecânica nova é usar a cabeça de Dan em algumas mãos verdes espalhadas no cenário, assim controlando-as desengonçadamente. Sendo possível acessar cantos secretos e esse mesmo modo é usado por alguns inimigos voadores, onde eles a roubam, ou para resolver alguns puzzles.
Já os cálices não parecem estar tão escondidos quanto no primeiro game, fazendo quase ser improvável não pegar a grande maioria deles. Quando conseguimos um, o professor nós dá uma arma nova. Uma mudança bem estranha, já que o Hall of Heroes é um lugar chave, principalmente para o desenvolvimento de Sir Daniel como um herói. Não que ele precise se provar novamente, mas seria bacana ver outros personagens eternizados neste grande salão, até com novos diálogos. Infelizmente essa chance foi perdida para a modernidade de Londres.
Ataques mais modernos
Esse jogo se passa mais de 500 anos depois do final do primeiro jogo, então teremos alguns equipamentos um pouco mais evoluídos. Ainda empunhamos uma espada, martelo, machado, e outras armas mais medievais, mas também fazemos o uso de pistolas, e outras armas de fogo mais poderosas, como bombas. Com essa nova possibilidade, também foi adicionado a mecânica de trocar entre duas armas previamente selecionadas rapidamente com um comando, o que deixa as batalhas mais dinâmicas.Os inimigos também evoluíram, trazendo algumas dificuldades no decorrer da jornada. Os zumbis por exemplo, vão perdendo partes do seu corpo com seus ataques, fazendo necessário alguns golpes para pôr um fim neles. Temos também algumas abóboras carnívoras, que são extremamente difíceis de derrotar usando uma arma diferente do machado. Então testar o que funciona melhor em um inimigo é uma boa opção, e trás um mínimo de estratégia para as lutas.
Tecnicamente evoluído
Esse é um jogo mais bonito e funcional que seu título anterior. Logo nos primeiros minutos é possível notar isso pelos detalhes do interior do museu, ou nas ruas da cidade de Londres, claro, ainda sendo um jogo de PSOne. As inspirações continuam sendo bem visíveis, apesar de não ser tão claro como o original, sendo construções menos góticas e mais modernas. O trabalho de áudio se manteve, e possui uma ótima variedade e qualidade, trazendo o sentimento certo em suas faces.Mesmo sem todo o carisma
Esse é um ótimo jogo, pois possui qualidades muito interessantes de se avaliar, como seus gráficos, enredo, trilha sonora, e até o humor, mas esse é um bom MediEvil? Difícil dizer, mas é óbvio que o jogo se passar num futuro tão distante, fez se perder alguns aspectos tão legais na fantasia da franquia. Mas, mesmo com tudo isso, esse ainda é um bom game, e merece ser experimentado por todos os fãs de Sir Daniel.Fico no aguardo para um possível remake desse jogo também. Quem sabe eles melhoram os pontos negativos citados aqui. Então, para qualquer novidade, fiquem ligados no GameBlast.
Revisão: Henrique Moreno