Análise: Stranger Things 3: The Game (Multi) — ótimo para fãs, raso para os demais

Muita exploração e pancadaria em Hawkins, Indiana.

em 19/07/2019

Jogos baseados em filmes, séries e afins deixaram de ser uma presença constante no mundo dos games há um bom tempo. Stranger Things 3: The Game (Multi) resgata essa "cultura" de maneira bastante competente e divertida, ainda que seja voltada para aqueles que já são fãs da série homônima.

Para bom entendedor...

Stranger Things 3: The Game adapta diretamente os acontecimentos da terceira temporada da série homônima original da Netflix. O jogo não se preocupa em explicar nada sobre o universo de ST para o jogador, e assume que ele tem conhecimento prévio sobre o material exibido no serviço de streaming.

A estrutura do jogo é a mesma da série, e oferece oito capítulos que “emulam” os oito episódios disponíveis na temporada atual. A história é seguida à risca, porém com uma narrativa mais aberta que permite que o jogador cumpra os objetivos na ordem que quiser. É divertido ver cenas icônicas do seriado reproduzidas em 16 bits com uma atmosfera familiar e ao mesmo tempo inédita.

Cada capítulo conta com missões principais e secundárias espalhadas por diversas localidades marcantes de Hawkins, condado fictício do estado americano de Indiana, onde a série é situada.



Diálogos são diretamente extraídos de cada um dos episódios da série, com algumas novas falas para encaixar melhor a história neste formato de mídia. Há poucas cenas de corte, com uma narrativa embasada em caixas de diálogos e batalhas contra inimigos diversos e chefes. Em todas as batalhas, incluindo aquelas que mimetizam fatos importantes do seriado, é possível utilizar qualquer personagem desbloqueado, dando maior liberdade ao jogador para escolher seus favoritos a todo momento.

Com uma duração de seis a sete horas, Stranger Things 3 quase exagera em sua duração.  Isso acontece por causa dos combates e cenários, que se repetem e se estendem à exaustão, especialmente durante a última hora de jogo. Felizmente, as batalhas contra chefes compensam por exigirem estratégias únicas para conclusão. São estratégias simples, é verdade, mas que ajudam a variar, ao menos um pouco, os momentos de combate.

Diversos inimigos com ataques próprios

Stranger Things 3 é um jogo que mistura beat’em up com pequenos elementos de RPG. Cada personagem possui ataques próprios, sendo um golpe padrão e uma habilidade especial, esta sendo de ataque direto, radial ou suporte. Habilidades especiais consomem energia, que pode ser recarregada com globos azuis deixados por inimigos derrotados ou ao consumir uma latinha de Coca-Cola.

O game conta com uma bela variedade de inimigos, desde monstros do Mundo Invertido, controlados pelo Devorador de Mentes (antagonista principal da terceira temporada), até soldados e cientistas russos. Cada tipo de inimigo possui diversas variantes, que se diferem em cores e padrões de ataque. Quando atacam em grupo, oferecem uma boa dose de desafio, mas, no geral, o combate é simples, direto e sem muitas dificuldades. Uma ressalva, no entanto: os momentos finais do jogo são repletos de grupos enormes de inimigos, preenchendo a tela de maneira louca e dando bastante dor de cabeça ao jogador.



Cada personagem possui características próprias que alteram suas especificidades nos combates. Eleven, por exemplo, utiliza golpes telecinéticos com dano elétrico; Dustin, por outro lado, utiliza ataques que envenenam os inimigos; já Will usa um lançador de foguetes para dano de fogo. Contudo, não existem momentos que exijam a utilização de danos específicos, o que acaba minando a função dessa variedade de tipos de ataque.

Durante a jornada, é possível construir Presentes, que nada mais são do que equipamentos que melhoram características como pontos de vida, defesa, poder de ataque e velocidade de movimentação. Cabe ao jogador escolher aqueles que casam melhor com seu estilo.

Progredir na história principal desbloqueia novos personagens. Além das habilidades de combate, muitos deles contam com habilidades que podem ser utilizadas nos cenários para abrir portas e explorar novos locais. Não há nenhum tipo de segredo maluco ou hiper especial escondido mas, para os complecionistas, explorar Hawkins em sua totalidade irá exigir que o grupo esteja completo.

Alguns enigmas aqui e acolá dão um toque especial à exploração e progressão de alguns cenários.


Stranger Things 3: The Game oferece visuais simples em 16 bits, que recriam de maneira competente os personagens e cenários da série. É uma jornada divertida e nostálgica, visto que simula um estilo gráfico predominante da década de 80 e 90. Se destaca também especialmente por sua trilha sonora, bastante reminiscente do que pode-se ouvir no seriado, e que criam um clima de mistério enquanto o jogador perambula por Hawkins.

Stranger Things 3: The Game (Multi) não será uma unanimidade. É um jogo simples e divertido, mas claramente voltado para os fãs da série que a acompanham desde a primeira temporada e têm maior apreço e carinho pelo universo criado pelos Irmãos Duffer. Desta forma, aqueles que não estão familiarizados com Stranger Things terão à sua disposição um jogo raso e que não pode ser aproveitado sem entender as referências nele presente. Para os fãs de carteirinha de Eleven e companhia, no entanto, é diversão garantida.

Prós

  • Jogabilidade simples e direta, sem muitas firulas;
  • Diversos personagens icônicos da série à disposição do jogador;
  • Localidades marcantes a serem exploradas;
  • Batalhas contra chefes contam com mecânicas diferentes para serem completadas;
  • Visual e trila sonora reminiscente do clima oitentista da série.

Contras

  • Bastante restrito aos fãs;
  • Última hora de jogo com combates excessivamente repetitivos e extensos.
Stranger Things 3: The Game — PS4/XBO/PC/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Xbox One
Análise produzida com cópia digital gentilmente cedida pela Bonus XP

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