Uncharted foi uma série que passou batida por mim por um bom tempo. A despeito de não ignorar sua existência e saber que cada novo título anunciado pela Naughty Dog gerava um frisson entre os jogadores, só passei a olhar com mais cuidado as aventuras de Nathan Drake quando adquiri uma cópia de Golden Abyss para meu PlayStation Vita e, dois anos após, ao experimentar pela primeira vez um dos jogos “grandes” da franquia: A Thief's End, que veio em bundle com meu PlayStation 4. Desde então, foi amor à primeira jogada.
Entusiasmado com aquela que seria a última e fatídica aventura do ladrão de artefatos históricos, busquei a coleção remasterizada então lançada para a 8ª geração da família PlayStation: The Nathan Drake Collection, que reúne os três primeiros jogos lançados para o PlayStation 3. Após praticamente maratonar os títulos, concluí que Among Thieves era, de longe, o melhor jogo da trilogia e tão bom quanto A Thief’s End, com as devidas proporções. Mas o que torna o segundo episódio das aventuras de Nathan Drake tão especial?
Tudo o que existia no primeiro Uncharted, mas muito melhor
Faz 12 anos que Drake's Fortune, o primeiro título Uncharted foi lançado e dez que Among Thieves veio a público. O jogador é novamente inserido na pele do caçador e ladrão de artefatos históricos Nathan Drake que, ao lado de Chloe Frazer (uma das protagonistas de The Lost Legacy), procura a entrada da cidade perdida de Shambhala, onde terão acesso à lendária Pedra Cintamani, numa corrida contra o criminoso sérvio Zoran Lazarević.Uma das questões interessantes dos enredos de Uncharted é que sempre há alguma conexão com a história e figuras icônicas reais. Em Among Thieves, o script se refere à viagem de Marco Polo para a Pérsia após passar 20 anos na China. A viagem consistia em uma frota constituída de 14 navios e mais de 600 homens, no entanto, ao chegar ao seu destino, havia tão somente um navio e 18 homens — dizem que Marco Polo jamais informou qual o fim dos que jamais chegaram a desembarcar.
Nathan tentando solucionar um dos vários quebra-cabeças do jogo. |
Boa parte do jogo é composta por flashbacks, contando a história em como Drake se envolveu em um acidente de trens e em como, para sua decepção, descobriu que a Pedra Cintamani jamais esteve na embarcação de Marco Polo, levando o enredo a seguir até Shambhala.
O enredo, como um todo no universo Uncharted, é bem construído, com pouquíssimas ou nenhuma ponta solta, com todos os personagens e respectivas motivações devidamente justificadas e críveis, algo que sempre levo em consideração a jogos de tamanha magnitude.
A presença de personagens carismáticos como Chloe, Elena Fisher — que depois se casaria com Drake — e Tenzin contribuem na diversão, a despeito do caráter, digamos, um tanto “torto”, de Chloe. Sully, um dos meus personagens favoritos de jogos de todos os tempos, se ausenta em considerável parte da aventura por razões próprias. Contudo, é tocante a aproximação, carinho e cuidados que este despende a Nathan.
Nathan, Elena e Sully: sentirei saudades desse trio. |
Os gráficos, que já eram belíssimos no primeiro jogo, mostram uma evolução natural. Na remasterização, no entanto, a diferença é mínima, infelizmente. A trilha sonora, em mesmo sentido, é simplesmente impecável, colocando o jogador no clima de cada um dos ambientes que visita.
Mas a maior e melhor alteração foi no sistema de combate físico e armado: tudo o que poderia ser melhor a partir de Drake’s Fortune foi transmitido em Among Thieves, sendo algo que reclamo constantemente sobre Drake's Deception: como conseguiram destruir o sistema de combate armado tão bem encaixado no jogo anterior? Felizmente esse erro foi corrigido em A Thief’s End.
O quase perfeito sistema de combate em Among Thives foi desfigurado em Drake's Deception. |
É claro que uma das principais características do jogo, os quebra-cabeças, estão presentes. E, como sempre, todos muito inteligentes e que dão uma sensação real de vitória ao jogador quando solucionados. As dublagens, por sua vez, continuam grandiosas como sempre, sendo de longe uma das melhores de todos os jogos que já tenha experimentado, uma característica intrínseca nos trabalhos apresentados pela Naughty Dog.
A batalha final é bastante desafiadora e a despeito de Lazarević atuar no presente como um caçador de recompensas, busca os poderes da Pedra Cintamani para se tornar “invencível”, que é um dos clichês mais batidos de qualquer mídia de entretenimento. Algo interessante de sua personalidade é o fato de que o mesmo é tão inteligente quanto todos os outros caçadores de artefatos e, embora seja um líder, é o tipo de personagem que “coloca a mão na massa”, não deixando o trabalho em exclusividade com seus mercenários.
Zoran Lazarević. |
Uncharted 2 se provou um dos grandes jogos da geração anterior e uma grande recomendação na versão remasterizada não apenas para aqueles que aspiram por um bom título de ação e aventura nesta geração de consoles, mas para qualquer um que aprecie um bom jogo. Dadas as suas características, dificilmente se tornará um jogo “datado” ou ultrapassado e, sendo uma das poucas aventuras de Nathan Drake, é quase que obrigatório para qualquer jogador. E quanto a vocês, quais suas experiências com Among Thieves?
Revisão: Giba Hoffmann