O game é simples em sua proposta e dá uma experiência completamente casual desde o início, mas executa muito bem sua proposta, dando imersão na medida, controles precisos e bons modos de jogo. Entretanto, existem alguns pontos, no mínimo, estranhos na jogatina, mas vamos falar de cada um de forma mais clara no decorrer da análise.
Golfe para todos
O que já agrada bastante à primeira vista em Everybody’s Golf VR é o quanto o jogo funciona para diversos públicos. Com textos em português, legendas e menus fáceis, o título já alcança seu público-alvo com facilidade. Mas além disso, ainda temos outros pontos que garantem ainda mais essa “acessibilidade”, como controles simples e instintivos, tutoriais bem feitos e quase nenhuma sensação de movimentação, diminuindo para quase zero as chances de cinetose.Inicialmente temos um tutorial no campo de treino que passa ao jogador todas as mecânicas básicas do jogo de forma simples e interativa. Isso faz o aprendizado ser bem rápido e prático. Claro que esse aprendizado não depende somente do tutorial em si, mas também dos comandos do jogo, que são muito práticos e instintivos.
Claro que não esperamos controles muito complexos em um jogo de golfe, mas a precisão dos sensores de movimento ajudam bastante a tornar o que é simples, muito mais imersivo e divertido. Aqui é impossível não lembrar de Wii Sports (Wii) e Wii Sports Resort (Wii). Mas claro que estamos falando de uma espécie de evolução da experiência que tínhamos nestes jogos por conta do controle de movimento.
Todas essas características combinadas fazem de Everybody’s Golf VR um jogo próprio para vários públicos, com fácil aprendizado, diversão casual, controles instintivos e linguagem simplificada. Mas claro que, como estamos falando de um jogo de golfe, alguns detalhes do esporte precisavam estar presentes no jogo para fazer dele um bom exemplo do gênero.
Antes de tudo, um bom jogo de golfe
São nos detalhes que Everybody’s Golf VR mais agrada em sua experiência com o esporte. Inicialmente temos partidas mais rápidas, com apenas 3 buracos com distâncias medianas e apenas um ambiente. Com mais partidas jogadas, mais conteúdo passa a ser liberado para que os jogadores coloquem em teste as habilidades aprendidas com as partidas mais fáceis.
Na prática de cada tacada, temos acesso a um minimapa do campo todo, informações sobre a direção do vento no momento, além da oportunidade de praticar a tacada antes de realmente arremessar a bolinha por jardas e mais jardas de distância. Isso é um diferencial muito bom do jogo, já que podemos com isso ter mais noção do movimento que precisamos fazer, em qual direção, com qual velocidade e vários outros detalhes.
Esse modo “prática” é ativado automaticamente em cada tacada, mas pode ser pulado a qualquer momento pelos jogadores, caso achem necessário. Junto a isso, temos o realismo dos terrenos para influenciar ainda mais o modo de jogar. A física aplicada na tacada quando a bolinha está em um bunker de areia, na grama alta, média ou baixa, num declive ou próximo ao buraco é totalmente diferente uma da outra, tornando a jogatina mais rica em detalhes e mais próxima da realidade do esporte.
Além disso temos vários tipos de tacos, desbloqueáveis ou não, disponíveis desde o início do jogo. Estes são próprios para cada tipo de terreno e podem ser trocados automaticamente com a ajuda de nossa NPC auxiliar das partidas. Essa, infelizmente, é uma das características mais negativas do jogo.
NPCs bastante incômodos
Aqui temos um dos elementos mais questionáveis de Everybody’s Golf VR, a construção dos seus NPCs. No contexto do game, estamos numa estação de golfe semelhante a um resort, que nos permite acessar vários campos distintos e vários modos de jogo diferentes. Assim, temos contato basicamente com duas NPCs inicialmente, uma atendente do resort, responsável pelo menu principal do jogo; e uma ajudante que nos acompanha durante as partidas.
O problema dessas personagens é vai desde a aparência delas até o modo que elas se comportam e falam conosco. São o reflexo daquele modelo de mulher delicada, histérica e pronta para servir, como se o jogador fosse o máximo e elas estivessem ali única e exclusivamente para nos atender. Se fosse somente até aí, tudo bem, mas temos as famigeradas cenas de evento que são desbloqueadas ao longo do jogo. Essas sim deixam tudo muito mais estranho.
Isso porque essas cenas de evento são todas voltadas para o nosso “relacionamento” com a nossa ajudante das partidas. São situações, no mínimo, ridículas, como a atendente comendo uma caixa de chocolates e oferecendo um para nós; ela ouvindo música e nos oferecendo um de seus fones enquanto dança timidamente na nossa frente e outras situações ainda mais embaraçosas.
Todos esses eventos aparentemente servem para que o jogador tenha aproximações físicas da NPC um tanto quanto invasivas, como chegar bem perto de seu rosto ou coisa parecida. Lembra que estamos falando de um jogo de golfe? Pois bem, nada mais desnecessário do que todo esse conteúdo extra voltado para a nossa ajudante, que inclusive pode ser personalizada com novas roupas e até ser trocada por outras mulheres mais ocidentais ou com cabelos diferentes.
Tudo isso é potencialmente ofensivo para mulheres e até incômodo para qualquer jogador. Além disso, temos todo o contexto do jogo que torna absolutamente desnecessário todo esse conteúdo presente, que poderia ser trocado por um tour no carrinho de golfe pelos campos do resort ou uma loja onde pudéssemos personalizar nossos tacos, algo muito mais condizente com a proposta do título.
Visual que complementa a imersão
Voltando para os pontos positivos de Everybody’s Golf VR, temos o seu visual. Seja pela iluminação, pelas cores vivas ou pelo realismo do ambiente, os campos de golfe na realidade virtual se tornam belíssimos aos olhos, com uma resolução o suficiente para conseguirmos acompanhar a bolinha voando mesmo a muitas jardas de distância de nossa vista. Claro que com a devida prática para isso.
Outros aspectos visuais bem detalhados como as diferenças entre terrenos e os próprios tacos de golfe agradam ainda mais, fazendo com que a sensação de imersão seja muito boa. Junte a isso uma trilha sonora bem casual mas divertida e temos ótimos complementos para a experiência de jogar golfe.
Golfe para suar a camisa
O mais incrível de toda a experiência de Everybody’s Golf VR (PSVR) é a sensação que o jogo nos dá de realmente estarmos em um campo de golfe praticando o esporte. O resultado disso é uma camisa suada após uns 40 minutos de jogatina e, talvez, alguns braços doloridos. Isso porque, seja pela movimentação realista dos controles de movimento, seja pela imersão que a realidade virtual propicia no jogo, aqui temos a oportunidade de praticar um esporte pouco acessível com alto nível de realismo e precisão bem na sala de nossas casas.
O jogo possui um modo “sentado” que pode agradar alguns, mas não é recomendado justamente por quebrar boa parte dessa imersão e desse realismo do qual estamos falando aqui. Claro que isso torna o jogo ainda mais acessível, o que é ótimo. Mas aconselhamos que não utilizem este modo para alimentar a preguiça, pois a graça do jogo está justamente em se empenhar nos resultados, jogando-o como se realmente estivesse praticando o esporte ao ar livre.
Prós
- Controles precisos e bem realistas;
- Casualidade do título agrada bastante;
- Qualidade gráfica agradável aos olhos;
- Variedade de tacos dinamiza o jogo;
- Vários modos de jogo deixam a experiência mais completa;
- Configurações acessíveis a praticamente todo tipo de jogador;
- Nível de desafio interessante.
Contras
- Caracterização dos NPCs potencialmente ofensiva;
- Eventos extras totalmente desnecessários e incômodos;
- Jogo pede um modo competitivo online, não apenas um ranking.
Everybody’s Golf VR - PSVR - Nota: 7.0
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sony.