Franquias tradicionais de jogos buscam sempre elevar o nível de qualidade a cada lançamento. Mas o que fazer quando o último título é considerado um dos melhores de todos os tempos? Foi nesta situação que
Resident Evil 5 (Multi) foi lançado: além do peso da sua famosa série, o seu predecessor alcançou um grande sucesso no mercado. Mesmo com essas dificuldades, o game foi muito bem recebido, embora tenha tido algumas críticas pontuais. Neste
Blast from the Past, vamos relembrar um pouco deste título cheio de ação (e uns poucos sustos).
Em time que está ganhando (não) se mexe
Qual seria o principal gênero que define a série
Resident Evil? Certamente
survival horror, ou horror de sobrevivência, é a definição mais lembrada pela comunidade gamer. Afinal, embora os primeiros jogos tenham trazido combates e alguma ação, é inegável que escapar dos inimigos, explorar cenários assustadores com quebra-cabeças e coletar itens eram as principais mecânicas. Estes elementos, inclusive, foram os responsáveis pelo sucesso inicial da franquia.
Foi então que em janeiro de 2005 chegou
Resident Evil 4 (Multi). O game trouxe muitos elementos de
survival horror, sobretudo nas suas ambientações, enredo e personagens. Mas os grandes destaques foram as suas inovadoras mecânica de tiro em terceira pessoa. Através delas, temos um título repleto de batalhas épicas contra grandes hordas de zumbis e monstros terríveis. Junte esses elementos com a excelente história, jogabilidade sólida e produção praticamente perfeita e temos um jogo frequentemente listado entre os 10 melhores de todos os tempos.
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Leon S. Kennedy é a estrela em Resident Evil 4 |
Apesar do sucesso absoluto do game, uma incógnita ficou no ar. Dado a ótima recepção das novas mecânicas, qual deveria ser o enfoque do próximo título da série? Investir mais no elemento ação ou então retornar às raízes do horror de sobrevivência? Lançado em março de 2009,
Resident Evil 5 (Multi) optou pela primeira opção, trazendo ainda mais ação em combates de tirar o fôlego. Os inimigos assustadores e cenários apavorantes ainda estavam lá, mas com menor destaque.
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A dupla dinâmica Chris e Sheva |
Com versões para
PS3,
PS4,
Xbox 360,
Xbox One,
PC e
Android, o aniversariante de dez anos recebeu muitas avaliações positivas da crítica e do público. Trazendo vários personagens clássicos da série, Resident Evil 5 tem como pontos principais seus belos gráficos e história interessante, contando com mecânicas de jogo divertidas e desafiadoras na medida certa. Conforme veremos a seguir, o game conseguiu ser uma ótima experiência, embora tenha se desviado demais da fórmula original (sendo este a sua maior crítica).
Continuando a história da franquia
Se passando cinco anos após os eventos do seu predecessor, Resident Evil 5 tem como protagonistas
Chris Redfield, figurinha carimbada da série, e
Sheva Alomar, estreante na franquia, ambos membros de uma organização de combate ao bioterrorismo. Situado no continente africano, o game mostra como os heróis, durante uma missão aparentemente simples, descobrem um gigantesco esquema para comércio e produção de armas biológicas.Lembrando que por armas biológicas se entendem zumbis e outros monstros mutantes.
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O "chefão final" de Resident Evil 5 |
Por trás do esquema, está a companhia
Tricell, que utiliza as antigas estruturas da extinta
Umbrella Corporation.
Albert Wesker, o vilão mais famoso da franquia, é o responsável por tudo, sendo até mesmo capaz de fazer uma lavagem cerebral em
Jill Valentine, mais uma figurinha carimbada, para realizar seus planos malignos. Diversos personagens secundários ajudam a expandir ainda mais o enredo, tais como a diretora da
Tricell,
Excella Gionne, e o agente especial e mentor de
Sheva,
Josh Stone.
A história, apesar de relativamente linear, é capaz de proporcionar vários momentos emocionantes e reviravoltas interessantes. O jogo, inclusive, foi expandido através de duas campanhas extras.
Desperate Escape mostra as aventuras de
Jill e
Josh, que se encontram em um determinado ponto da história e acabam ajudando a dupla de protagonistas principais do game (de forma semelhante ao
Assignment: Ada em Resident Evil 4).
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Chris e Jill em Lost in Nightmares |
Já
Lost in Nightmares serve como uma espécie de prólogo para Resident Evil 5. Esta campanha mostra
Chris e
Jill em uma investigação secreta dentro de uma mansão que lembra um castelo. Com menos combates, mais quebra-cabeças e momentos assustadores, este DLC pode ser considerado uma versão “raiz” do game base. Tudo porque, neste caso, não dá pra sair atirando em tudo pela frente: estratégia e bons
timings são essenciais, como nos primeiros Resident Evil. Particularmente, achei esta campanha extra uma das melhores coisas do título, principalmente pelo seu ótimo final.
O game tem um enfoque interessante na cooperação dos protagonistas.
Chris e
Sheva atuam juntos em vários momentos como: abrir portões, subir em plataformas e, principalmente, enfrentar as intermináveis hordas de inimigos. A disponibilidade de um modo cooperativo online e local para a campanha é outra opção divertida, onde você e seu amigo podem participar dos combates emocionantes de Resident Evil 5. Mesmo não sendo perfeita, a inteligência artificial do game proporciona um companheiro razoavelmente útil para quem joga sozinho.
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A interação entre os heróis é essencial para avançar no game |
Como novidades, além das mecânicas de cooperação, tivemos a adição de um sistema de cobertura, permitindo um posicionamento seguro para se atirar, inimigos armados, um sistema de inventário mais simples e uma seleção dinâmica de armas. Como opções, temos escopetas, metralhadoras, rifles e até lança-granadas, que podem ser comprados e atualizados ao fim de cada missão. As boas e velhas ervas de cura retornam ao game, sendo que elas e os demais itens podem (e devem) ser aplicados em ambos os personagens.
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Organizar o inventário e adquirir armas é bastante simples |
Além do modo campanha, vale destacar o modo
The Mercenaries (Mercenários), liberado ao se completar a história principal. Também disponível em títulos anteriores da franquia, ele consiste basicamente em matar o máximo possível de zumbis dentro de um intervalo de tempo. A cada novo inimigo derrotado, o contador de tempo recebe um acréscimo, sendo que os mesmos ficam mais fortes conforme a partida avança. O jogador pode selecionar um personagem dentre os disponíveis no game, cada um com seus próprios equipamentos e roupas.
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Ainda mais ação no modo The Mercenaries |
Produção de alta qualidade
O alto nível de qualidade do jogo é um de seus grandes méritos. Os gráficos podem ser considerados entre os melhores da sétima geração de videogames, contando com texturas fiéis, ótima iluminação e personagens muito bem acabados. E se considerarmos protagonistas como
Sheva e
Wesker, a produção é ainda melhor. Os cenários e demais elementos na tela também são muito bonitos, com ambientações que incluem vilarejos intrincados, cavernas misteriosas e até mesmo vulcões.
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Os cenários são sempre bem produzidos e detalhados |
Como de praxe nos jogos da série Resident Evil, a trilha sonora tem a missão de auxiliar na atmosfera assustadora do game, sobretudo nos momentos mais tensos e quando os inimigos aparecem. A dublagem dos personagens também merece destaque: a maioria deles apresenta um trabalho condizente com o seu papel, proporcionando atuações bastante críveis. O som das armas, os grunhidos de monstros e zumbis e demais efeitos sonoros mantém o bom nível do jogo.
A jogabilidade, embora tenha alguns engasgos no combate à curta distância, é sólida em seus movimentos e recursos, que possuem boas respostas e animações. Bebendo diretamente da fonte de seus predecessores, a clássica mecânica que não permite ao jogador andar e atirar ao mesmo tempo também foi utilizada em Resident Evil 5. Este, inclusive, foi um dos poucos elementos tradicionais que restaram no título, devido à predominância maciça do gênero de ação através dos constantes combates e batalhas emocionantes contra chefes.
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Avançar por corredores apertados é sinônimo de perigo |
Mas não quero deixar aqui uma impressão errada: existem quebra-cabeças que devem ser resolvidos, segredos para serem descobertos e diversos momentos de terror. Vale lembrar que vários jogadores começaram a se tornar fãs da franquia através dele, já que foi o primeiro título lançado para a geração PS3 e Xbox 360. Graças ao seu sucesso, o game recebeu uma versão especial chamada
Resident Evil 5: Gold Edition (Multi), que reúne diversos conteúdos adicionais como novas roupas, modo Versus, uma expansão do modo
Mercenaries (trazendo mais cenários e personagens) e as duas campanhas extras que citamos anteriormente.
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Existem muitos fãs dos tiroteios dinâmicos do jogo |
Para concluir, o título recebeu uma continuação (excluindo
spin-offs) em 2012 com
Resident Evil 6 (Multi). E se Resident Evil 5 já havia se afastado da fórmula original da franquia, sobretudo nos elementos de sobrevivência e terror, Resident Evil 6 se desviou ainda mais. Apesar de ter tido uma jogabilidade refinada (alguém aí falou em andar e atirar ao mesmo tempo?), uma história ambiciosa e muito bem produzida, o game foi criticado por ser muito “intenso”, com muita ação, explosões e combates, esquecendo de vez as raízes da série.
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A baixa recepção de Resident Evil 6 motivou as profundas mudanças vistas em Resident Evil 7: Biohazard (Multi) |
Diferente, mas ainda um (ótimo) Resident Evil
Apesar da sombra do seu predecessor, Resident Evil 5 conseguiu entregar uma excelente experiência gamer, digna da sua famosa franquia. Tendo considerável enfoque nos gêneros shooter e ação, o título trouxe uma aventura com combates ferozes e muita emoção. História interessante, produção de qualidade e boas mecânicas de jogo foram os seus grandes atrativos. Mesmo deixando o gênero
survival horror um pouco de lado, este é certamente um item obrigatório para qualquer jogador.
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Resident Evil 5 é um dos melhores da série |
E você, leitor? O que achou de Resident Evil 5? Sua fórmula cheia de ação agradou? Deixe a sua opinião.
Revisão: Raphael Barbosa