Resident Evil 2 (Multi) e as lições da Capcom para um possível remake de RE3: Nemesis

"Tão" deixando a gente sonhar...

em 28/02/2019

A expectativa criada em cima de Resident Evil 2 (Multi) para seu lançamento foi  algo surreal. Desde a confirmação de seu desenvolvimento em 2015, muito se especulou como seriam trama e jogabilidade, e se o game deveria ser tratado como remake ou remaster. Lançado em 29 de janeiro deste ano, RE2 provou ser uma reimaginação de um clássico que marcou gerações de jogadores, trazendo nostalgia e inovação para dentro da proposta de seus desenvolvedores. Sucesso absoluto de público e crítica, é questão de tempo até que a Capcom traga para os fãs uma reimaginação de Resident Evil 3: Nemesis.

Honrando as origens com diferenças notáveis

Muito foi adaptado ou modificado para que a reimaginação de Resident Evil 2 funcionasse nos tempos atuais. A nova perspectiva de câmera é a principal mudança, permitindo que os jogadores tenham maior controle sobre os protagonistas Leon Kennedy e Claire Redfield. Muito se pensou que tal perspectiva mais livre tiraria bastante do aspecto de terror do jogo, o que se provou um engano. RE2 é tão assustador quanto o original justamente por utilizar sua câmera livre para explorar pontos cegos dos jogadores e incluir nos cenários zumbis e outras criaturas que se estreitam pelos corredores atrás de carne fresca.

Trazer um estilo de jogo com mira sobre os ombros também foi outra mudança encarada com ceticismo pelos fãs. Tendo sido estreada na série com Resident Evil 4 (Multi), a mira sobre os ombros foi encarada como uma maneira de transformar RE2 e mais um shooter genérico, algo que aconteceu frequentemente dentro da franquia na última década (cof cof Resident Evil 6 cof cof). Graças ao feedback dos fãs durante todos esses anos, os produtores tiveram todo cuidado de deixar claramente explícito de que o novo sistema de mira não significa que RE2 seja um jogo focado em tiro e matança. Seu sistema de sobrevivência é bastante competente e prioriza a economia de recursos acima de tudo.



A introdução de novos quebra-cabeças ajuda Resident Evil 2 a ser novidade tanto para marinheiros de primeira viagem quanto para os fãs veteranos. Há inúmeros segredos e easter-eggs espalhados pelos cenários, e muitos foram introduzidos apenas nesta nova versão, incentivando aqueles mais familiarizados com o título clássico da década de 90 a explorarem a Delegacia de Raccoon City, o Esgoto, o Orfanato, e todos os outros cenários com um olhar mais atento. É uma viagem nostálgica e repleta de novidades.

Momentos icônicos do Resident Evil 2 de 1998 são recriados de maneira belíssima, ainda que com diferenças pontuais. Cenas importantes de Leon e Ada juntos, Claire e Sherry, Willian Birkin e o Chefe de Polícia Brian Irons retornam com algumas alterações, mas que não agride de nenhuma maneira a memória dos jogadores saudosistas.

Lições para um futuro Resident Evil 3

Ficou mais do que provado de que a Capcom sabe trabalhar suas franquias quando ela escuta os fãs. Ou, melhor dizendo, quando ela filtra da maneira correta o feedback do público através do entendimento de que Resident Evil é uma franquia do gênero survival horror. As esperanças dos fãs residem hoje em dois possíveis títulos: uma continuação numerada da série principal, sendo um possível Resident Evil 8; e uma delicada, mas provável reimaginação de Resident Evil 3: Nemesis aos moldes do RE2 de 2019.

Resident Evil 3: Nemesis completa 20 anos de existência em setembro deste ano. Muito se especula que, devido ao sucesso de RE2, a Capcom já deu sinal verde para a produção de um novo RE3. Em teoria, o game abordaria uma jogabilidade semelhante ao título deste ano, assim como teria a possibilidade de incrementar a jogabilidade com novidades particulares (quem sabe a volta do modo Mercenaries?).

A RE Engine, motor gráfico utilizado para trazer vida a Resident Evil 2 e outros títulos atuais da Capcom (como o vindouro Devil May Cry 5), é capaz de recriar cenários e personagens com qualidade fotorealista. O maior temor seria ver a recriação de personagens icônicos como Jill Valentine sendo feita de forma equivocada. Sendo uma técnica de modelagem muito diferente da utilizada em RE3, lá em 1999, há de se esperar diferenças notáveis aqui e acolá, mas nada que retire a identidade dos personagens, como aconteceu com Chris Redfield em Resident Evil 7 (Multi).



Resident Evil 2 (2018) acabou tendo problemas em sua linha temporal, criando incongruências narrativas e incoerências na trama principal do game, bem como deixando "pepinos" a serem resolvidos para uma possível continuação. RE3 utiliza de um sistema básico, mas eficiente, de pequenas escolhas em certos locais, que determinam os cenários e a forma a serem encarados. A Capcom precisa ser mais atenciosa na hora de manter a coesão das histórias. Puristas estão aí para criticar, e qualquer movimento em falso nesse aspecto, estarão prontos para apedrejar os produtores e a desenvolvedora.

A perspectiva de ter de volta Nemesis perseguindo os jogadores e ver Jill encarando monstros absurdos, como um verme gigante, é animadora, especialmente após o lançamento de um título de tamanha qualidade quanto Resident Evil 2 (Multi). Há muito o que se replicar em uma continuação, mas também há alguns pontos a serem considerados importantes e que carecem de melhorias. Seja como for, esperamos poder noticiar o anúncio de um novo Resident Evil 3 o mais logo possível.

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