Final Fight (Multi), um dos devoradores de ficha mais amados de uma geração

O clássico dos beat’em ups chega a sua terceira década de vida com uma história respeitável e muita coisa para inspirar as novas gerações.

em 13/02/2019
Final Fight (Multi) pode não ter sido o primeiro jogo do gênero a aparecer nos arcades, mas com certeza foi um dos mais populares. Seus personagens carismáticos, estilo bacana e jogabilidade viciante faziam com que fosse um dos gabinetes mais disputados. Nem mesmo a Capcom imaginaria que um loirinho briguento, um ninja de tênis e um prefeito wrestler descendo o sarrafo em um monte de marginais faria tanto sucesso.

Não mexa com a nossa garota

Metro City é uma cidade fictícia nos Estados Unidos que sofria na mão de bandidos da famigerada gangue Mad Gear. Um dos heróis locais era Mike Haggar, um lutador profissional. Após se aposentar dos ringues, ele se candidata às eleições para a prefeitura e ganha facilmente o coração dos cidadãos após prometer combater esses vândalos de frente. O grupo criminoso não gostou muito das atitudes de Haggar e então raptou sua filha, Jéssica.

Cody Travers nunca teve nada fácil na vida. Cresceu nas periferias de Metro City e conquistou tudo o que tinha na base da luta. A única pessoa que lhe trazia alguma paz era sua amiga de infância, que virou paixão na adolescência e então namorada quando cresceram. Adivinha só quem era ela? Jessica Haggar. Seu pai não aprovava o relacionamento dos dois, mas o sequestro dela fez com que os desafetos juntassem forças para resgatá-la.

Deixado de fora da primeira versão para SNES, Guy é considerado um dos personagens mais populares da franquia. Pertencente ao clã Bushinryu, o ninja tem uma amizade incomum de longa data com Cody. Antes de o amigo sair em busca da sua amada, a dupla fazia justiça com as próprias mãos pelas ruas de Metro City. Dizem as más línguas que ele também tinha uma paixonite secreta por Jessica, com quem mantinha uma amizade por ser a namorada do seu camarada.

A mão da referência chega a tremer

O time de produtores não poupou esforços para produzir os visuais não só dos heróis, mas dos capangas e chefões também. Por isso não é difícil reconhecer alguns dos rostos e nomes que aparecem durante a porradaria. Provavelmente, a homenagem mais fácil de ser reconhecida é a da família Andore. Os cinco integrantes (avô, tio, irmão mais novo, pai e Hugo) são especialistas em luta livre de tamanho colossal. Todos eles são uma referência à Andre The Giant, famoso lutador que permaneceu em atividade entre 1963 a 1992.

Outras duas menções honrosas estão em Mike Haggar. Ele é uma amálgama de dois wrestlers. Um deles é Jesse Ventura que, além de lutador, teve uma carreira como ator, participando de filmes clássicos como Predador e O Sobrevivente, ambos estrelados por Arnold Schwarzenegger. O outro é Randy ‘Macho Man’ Savage, de quem Haggar pegou emprestada a sua pose de vitória, em que ele ergue sua filha.

A equipe da trilha sonora também não quis perder a oportunidade de colocar seus easter eggs. A maioria dos bandidos menores possuem nomes bem conhecidos, todos eles baseados em alguma banda ou músico da época. Alguns deles são Simmons (Kiss), Poison (banda de mesmo nome), e a dupla Axl e Slash (Guns’n Roses).

Um dos chefões que também tem inspiração musical é Abigail. Esse é o nome de um dos álbuns mais famosos da carreira solo do roqueiro King Diamond. O gigante ainda usa uma pintura no rosto, idêntica ao cantor dinamarquês.

Universo expandido e fundido

Inicialmente, Final Fight deveria ser uma continuação do primeiro Street Fighter, lançado em 1987. Inclusive ele seria nomeado de Street Fighter ‘89. Porém, os jogos ficaram com estilos tão diferentes que a Capcom decidiu lançá-lo com uma personalidade distinta. Isso fez com que a narrativa das duas franquias se interliga-se.

Tudo leva a crer que o beat’em up se passou bem antes da série de luta. Na série Street Fighter Zero/Alpha, que historicamente aconteceu antes de Street Fighter II (Multi), em meio aos jovens Ryu e Ken temos os personagens de Final Fight já seguindo seu destino. No primeiro jogo, temos o reencontro de Guy contra Sodom, um dos chefes da Mad Gear.

Entretanto, o maior desenvolvimento pessoal fica por conta de Cody. Depois de tanto se meter em brigas de rua, ele acabou preso. A cada vez que era solto, a Mad Gear preparava outra emboscada, ele chegava quebrando tudo e voltava para a cadeia. Isso cansou tanto o rufião que em Street Fighter Zero/Alpha 3 (PS1) ele fugiu da cadeia para acertar as contas de vez com os membros que sobravam da organização criminosa. Isso explica o porquê dele vestir roupa listrada e algemas no game.

Desde então os personagens de Final Fight começaram a integrar de maneira fixa o elenco da série de luta. Além dos dois heróis, Haggar deixou como herança seus movimentos para Zangief. Eles não têm conexão alguma, porém todos os pilões e parafusos do russo foram inspirados nos que o prefeito de Metro City realizava.  
Quanto aos bandidos, além do já citado Sodom, Rolento (Street Fighter Alpha/Zero 2), Hugo (Street Fighter III), Poison (Ultra Street Fighter IV) e Abigail (Street Fighter V) também foram adicionados.

Legado da pancadaria

Completar 30 anos sendo lembrado, citado e constantemente referenciado é para poucos. Final Fight não foi o primeiro beat’em up, mas sua influência em jogos tanto do mesmo gênero, quanto de outros, é inegável. Sua importância é tão grande que sua popularidade supera as suas sequências e até mesmo outros títulos famosos do mesmo gênero e mais novos, como a série Streets of Rage, da Sega, e Cadillacs and Dinosaurs, também da Capcom.  

E aí, leitor? Sente saudades desse clássico dos bons tempos das fichas? Deixe sua opinião nos comentários, mas tome cuidado porque nunca se sabe se a Mad Gear está de olho, não é mesmo?

Revisão: Francisco Camilo

é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no seu twitter @carlos_duskman
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