Neste ano de 2019, comemoramos o aniversário de um clássico do mundo dos games. Quando lançado trinta anos atrás,
Prince of Persia (Multi), ou em português Príncipe da Pérsia, revolucionou a indústria com as suas mecânicas de corrida e salto realistas obtidas através de uma das primeiras técnicas de captura de movimento. Neste
Blast from the Past, vamos recordar as principais características que o tornaram uma referência no mercado e discutir sobre o legado que o título deixou.
Um título revolucionário
Embora a chance de você, leitor, ter jogado Prince of Persia (ou alguma de suas versões oficiais/genéricas) ser muito grande, vamos aqui lembrar um pouco sobre o game. No controle de um herói sem nome, o jogador deve salvar a princesa da Pérsia capturada pelo maligno vizir
Jaffar. Para isso, o protagonista deve se aventurar por uma série de catacumbas repletas de espinhos, inimigos, plataformas e vários outros obstáculos.
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Capa original de Prince of Persia para Apple II |
Como o rei da Pérsia estava ausente devido a uma guerra, o vizir tentou casar à força com a princesa. Devido à negativa da jovem, que ama o protagonista, o vilão acaba amaldiçoando-a: se a mesma não for salva em 60 minutos, ela irá morrer. Logo, mais do que habilidade para superar os desafios do game, o jogador precisa ter velocidade para completar o título dentro do tempo de uma hora.
Apesar da premissa comum (cruzar fases cheias de armadilhas e inimigos para salvar uma princesa raptada), o game trouxe dois elementos chave para o seu sucesso. O primeiro, e mais importante, são a fidelidade e qualidade das animações e dos movimentos dos personagens. A física dos saltos e escaladas, apesar de desafiadoras, eram corretas e bem acabadas, trazendo uma sensação de realismo pouco vista na época.
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Prince of Persia em toda a sua glória |
O segundo elemento é o seu excelente nível de desafio. Embora pareça difícil inicialmente, justamente pelas mecânicas realistas do personagem, Prince of Persia é muito divertido de se jogar. Isso porque ele exige atenção e bons reflexos, mas sempre de forma justa. Com alguma prática e um pouco de planejamento antes de executar os movimentos, avançar no game se torna uma experiência recompensadora.
Por trás do sucesso
O criador do título é
Jordan Mechner, que começou a desenvolvê-lo em 1985 utilizando elementos de histórias das Mil e Uma Noites e do filme Os Caçadores da Arca Perdida. O programador já havia lançado, no ano anterior, o game
Karateka (Multi), que consistia em uma mistura de jogo de luta e plataforma. Este título teve uma boa recepção e serviu como suporte para que
Mechner pudesse produzir Prince of Persia.
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Caixa, manual (rosa), disquete de 3.5 (azul, jogo completo) e disquetes de 5.25 (branco e preto, dividido em duas partes). |
Para criar as animações dos personagens, sobretudo dos protagonistas, o criador dos games utilizou a técnica chamada rotoscopia. Podendo ser vista como uma das primeiras formas de gerar mídia através da captura de movimento, ela é um processo para criar desenhos feitos à mão utilizando como base quadros de um filme. Através dela, ele pôde, por exemplo, utilizar filmagens de seu irmão pulando e correndo para aplicar no game.
A boa popularidade levou Prince of Persia a receber muitas versões diferentes. Do ponto de vista oficial, Prince of Persia, inicialmente lançado para
Apple II, recebeu
ports para dispositivos mais antigos como o videogame
TurboGrafx-16, computadores
Amiga e
PCs com sistema
DOS, consoles clássicos como
NES,
Master System e
Super Nintendo, e aparelhos modernos como
Nintendo 3DS e a família
iOS.
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A versão de Super Nintendo teve várias melhorias em relação à original |
Já do ponto de vista não oficial, o game tem um grande número de versões genéricas, cópias e adaptações. Tudo isso graças às suas interessantes mecânicas de jogo do tipo plataforma, gênero muito popular em aplicativos
online. Mas estas variações do game não se limitam a internet. Por exemplo, quem tem um
smartphone com
Android só precisa digitar “Prince of Persia” na
Play Store para encontrar algumas opções.
Com todo o sucesso do primeiro game,
Prince of Persia 2: The Shadow and the Flame (Multi) foi lançado em 1993 seguindo boa parte da fórmula de seu predecessor. Inicialmente lançado para o sistema DOS, em seguida o jogo foi portado para vários outros consoles. Contando com gráficos mais caprichados, cenários e desafios mais complexos, inclusive com um número maior de combates, o título teve boas vendas. Mesmo assim, a franquia não teve mais continuações oficiais, sendo trazida novamente para o mercado somente dez anos depois.
Novas versões para novas gerações
No início de 2003 foi revelado pela
Ubisoft que o nome Prince of Persia iria retornar para o cenário dos games. Com lançamento em novembro do mesmo ano,
Prince of Persia: The Sands of Time (Multi) foi um grande sucesso, sendo considerado um dos melhores jogos da sexta geração de videogames. E se você lembrar quantos títulos excelentes, por exemplo, o
PlayStation 2 possui, verá o quão significativo The Sands of Time foi para a indústria.
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The Sands of Time é considerado um dos melhores do seu gênero |
Trazendo vários conceitos do game original, The Sands of Time baseia-se em três gêneros principais: plataforma, ação e quebra-cabeça. Como maior destaque do game, temos os poderes de manipulação do tempo. Eles permitem ao jogador utilizar diversas habilidades especiais no controle do príncipe sem nome, como retroceder no tempo ao cair em precipícios ou morrer em combates, ou então congelar adversários para poder atacar livremente.
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Assim como seu predecessor, The Sands of Time é divertido e desafiador na medida certa |
O enredo do game gira em torna das areias do tempo, manipuladas através de uma adaga mágica. O sucesso de The Sands of Time garantiu a criação de uma trilogia de sucesso, também composta por
Prince of Persia: Warrior Within (Multi) em 2004 e
Prince of Persia: The Two Thrones (Multi) em 2005. Mesmo após um novo
reboot em 2008 (como veremos a seguir),
Prince of Persia: The Forgotten Sands (Multi) foi lançado em 2010, se passando entre o primeiro e o segundo título da trilogia.
Em 2008, a franquia recebeu um novo
reboot com o mesmo nome.
Prince of Persia (Multi) trouxe novamente os combates dinâmicos, os desafios do tipo plataforma e vários quebra-cabeças. A história do game foi sobre um embate entre duas divindades diferentes e seus exércitos, sendo que o herói (novamente sem nome) teve que auxiliar no fim do conflito. Outro ponto interessante foi a presença da jovem
Elika, que auxilia o protagonista durante o jogo com várias habilidades mágicas.
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Um novo design para o Príncipe sem nome |
O game Prince of Persia também foi adaptado para o cinema em 2010 com o nome em português de
Princípe da Pérsia: As Areias do Tempo. Entretanto, como
já vimos antes, o longa-metragem não alcançou a qualidade dos jogos nos quais ele foi baseado (The Forgotten Sands, lançado no mesmo ano, também não foi bem recebido). Assim, ele teve baixa recepção do público e más avaliações da crítica. Ainda assim, é interessante observar alguns dos conceitos da série serem trazidos para a telona através de belos efeitos especiais.
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O filme Prince of Persia, apesar de promissor, não fez jus ao games |
Um game clássico direto das arábias
Completando trinta anos em 2019, Prince of Persia foi um sucesso graças às suas mecânicas realistas, belas animações e um bom equilíbrio entre diversão e desafio. Baseado principalmente nas histórias das Mil e Uma Noites, sua popularidade foi elevada ainda mais com a ajuda das suas versões para vários dispositivos, tanto oficiais quanto genéricas. O seu legado já lhe rendeu vários títulos, dois reboots e um filme longa-metragem. Prova do quão importante as aventuras do príncipe sem nome são para a indústria do entretenimento, estando sempre presentes na história dos games.
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O final feliz do Príncipe e da Princesa |
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Revisão: Link Beoulve