Análise: Onimusha: Warlords (Multi) mantém a honra dos samurais

Remaster de um dos clássicos da era PS2 é um belo trabalho de adaptação.

em 22/01/2019
A primeira metade dos anos 2000, quando o PlayStation 2 reinava absoluto, foi uma época bastante interessante para os jogos. Novos títulos surgiam e encantavam por sua grandiosidade, comparados aos jogos da década passada. Usando o conhecimento adquirido com técnicas de gráficos 3D dos anos 90 mais o poderio de hardware da então geração atual os desenvolvedores aproveitaram para colocar muitas de suas ideias para fora.


Nesse universo surgiu Onimusha, o “Resident Evil de samurais”. O projeto, desenvolvido por Yoshiki Okamoto, veio da ideia de criar um jogo nos moldes da série de zumbis na época do Japão feudal, ainda no primeiro PlayStation. Eventualmente a produção decidiu movê-lo para o console seguinte da Sony, e em janeiro de 2001 foi lançado Onimusha: Warlords.

Ao contrário do clássico survival horror, Onimusha não carrega tanto a tensão de uma infestação de zumbis, sendo um jogo de ação. Por outro lado, ele traz consigo bastante da estética e várias mecânicas de Resident Evil em suas bases. Nem de longe é uma mera cópia, mas podemos dizer que ele segue a mesma escola de design.

O herói deste conto épico é Samanosuke Akechi, samurai que tem a missão de resgatar sua sobrinha, a Princesa Yuki, raptada pelos demônios conhecidos como Genma. A garota foi sequestrada para completar um ritual que servirá para que Nobunaga Oda, já aliado das criaturas após ser morto e revivido em batalha, consiga ainda mais poder para destruir seus inimigos no Japão Feudal.


Caso a trama seja novidade para você, não espere viradas absurdas. O enredo é bem direto no que precisa ser feito, embora deixe pontas bem soltas, que foram completadas nos jogos seguintes.

Livre para lutar

O remaster de Onimusha é extremamente fiel ao original, com pouquíssimas alterações. A mais notável é mudança no sistema de movimentação com o uso do direcional analógico. Para os saudosistas, os controle de tanque também estão disponíveis pelo direcional digital mas sinceramente, esse é um dos sistemas que fico feliz que tenha ficado no passado.

O direcional livre dá muito mais agilidade na movimentação e nos combates. Não chega a ser um hack’n’slash, mas permite ao jogador se posicionar melhor para defender e atacar os inimigos Dá para dizer até que torna a aventura um pouco mais fácil. Outra mudança importante é a possibilidade de alternar as armas pelo próprio controle — no original era necessário entrar no menu para trocar de equipamento.

Além de Samanosuke, em alguns momentos da campanha, também jogamos com a ninja Kaede, que também têm seu gameplay valorizado de maneira similar com essa movimentação mais livre.


Fora essa questão dos controles, o resto da jogabilidade e outras mecânicas são praticamente os mesmos da edição de PS2. Samanosuke possui três armas e dois tipo de ataques: físico e mágico. Há armas de longo alcance, mas elas continuam bem inúteis e não fazem falta. Não há puzzles complexos e os desafios se resumem a achar uma chave para abrir uma porta que libera para uma nova área que precisa de uma outra chave e assim sucessivamente.

O combate é bastante interessante. Samanosuke pode travar a mira em um oponente e assim se movimentar de acordo com a posição do inimigo, útil para chefes e monstros mais fortes. Há também um modo de bloqueio que, quando feito no momento correto, permite que nosso heróis execute o inimigo rapidamente em um contra-ataque.

A campanha é bem curta para padrões atuais. Sem pressa nenhuma, demorei exatamente quatro horas para terminá-la. O game conta com alguns segredos, desafios adicionais e um sistema de notas ao final do jogo que, dependendo do resultado, pode desbloquear alguns extras. Um sistema pensado para que joguemos a campanha várias vezes.

Sim, a roupa de panda está de volta. Ganhe ela terminando o jogo uma vez.

Atualizando um clássico

Quando falamos de um remaster a parte gráfica geralmente é a primeira coisa no qual prestamos atenção. Onimusha roda a 1080p e 60 quadros por segundo o que é ótimo. Os cenários são os mesmos do original, apenas com as texturas adaptadas à nova resolução, resultando em um bom trabalho. Já os modelos dos personagens, esses ficaram um pouco estranhos.

Em algumas animações nas quais a câmera se aproxima de algum humano é fácil perceber erros nas sombras nos modelos 3D. Outro problema aparece nessas mesmas animações, com os bonecos tremendo no meio da cena. Não é algo tenebroso, mas facilmente perceptível. Felizmente esses momentos são bem rápidos e não influenciam o gameplay. Por outro lado, as CGs receberam um melhor tratamento, adaptadas a resolução em tela cheia.

Outra novidade desse remaster é a possibilidade de alterar a proporção da janela entre 4:3 (letterbox) e 16:9 (widescreen). Inicialmente fui direto mudar o formato widescreen, mas notei que o jogo faz  a conversão dando um zoom na tela, o que me incomodou um pouco. Preferi jogar no modo “quadradão”, mas nesse ponto fica no gosto de cada um. A Capcom poderia ter colocado algumas imagens de fundo para não deixar aquelas barras pretas nas laterais. Os menus, embora visualmente iguais ao original, foram retrabalhados e sempre aparecem em tela inteira, independente do formato da tela.

Tela no formato 4:3

Tela no formato 16:9. Nesse modo a câmera se movimenta suavemente quando o personagem chega a uma extremidade.
Na parte sonora as músicas foram todas refeitas e mostram um bom trabalho de execução. Esse remaster inclui as duas dublagens, em inglês e japonês, o que é um ótimo ponto positivo, visto que na versão de PS2 não havia essa opção. E particularmente recomendo muito jogar em japonês.

Cadê os Genma?

O remaster de Warlords é baseado no jogo de 2001. Em 2002, contudo, a Capcom lançou para Xbox Genma Onimusha, uma versão aprimorada que continha melhorias da parte técnica (como áudio 5.1), novas áreas, itens e localização de inimigos e introduziu as almas verdes. Ao coletar cinco dessas almas o jogador ganhava um período de invencibilidade. Por outro lado, um inimigo também poderia pegar uma dessas almas, adquirindo novos ataques e recebendo um bônus de defesa.

É ótimo a empresa trazer um clássico em sua forma original no que diz respeito a preservação do conteúdo, mas me pergunto se não seria interessante implementar um modo adicional com as mudanças de gameplay de Genma Onimusha.

Esse troféu é ganho ao coletar todas as armas de longo alcance. Melhor nome.

Nobunaga é o próximo

Onimusha foi uma das maiores franquias da Capcom na era PlayStation 2. Embora Warlords não seja o mais grandioso da série, foi e ainda é um jogo bem amarrado e que serviu como base para as sequências. Não à toa, foi o primeiro título da plataforma a vender mais de um milhão de unidades.

Esse remaster faz o mínimo necessário para trazer o jogo às plataformas atuais. Alguns incrementos poderiam ser feitos, bem como a adição de conteúdos extras, mas o pacote final não faz feio. Warlords envelheceu bem e é uma ótima oportunidade para aproveitá-lo, tanto para quem jogou o original, como para samurais de primeira viagem.

Prós

  • Atualizações nos controles;
  • Bom sistema de combate;
  • Trilha sonora
  • Dublagem japonesa disponível.

Contras

  • Falhas nos modelos de personagens em animações;
  • Falta de novos conteúdos extras.
Onimusha: Warlords — PS4/XBO/PC/Switch — Nota: 8.0
Versão usada para análise: PlayStation 4

Revisão:Rui Celso
Análise produzida com cópia digital cedida pela Capcom.


Formado em Game Design, desistente da Matemática Aplicada e atualmente cursando Jornalismo. Ainda aguardo o retorno triufal da Sega, fã de Metal Gear, Dark Souls e várias coisas vindas lá do Japão.
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