Bang bang: um histórico dos jogos inspirados no Faroeste

O faroeste é tema clássico em várias mídias, desde os cinemas às HQs, por isso não demorou muito para chegar aos videogames virando um clássico, também, na 10ª arte.

em 09/12/2018


Com a indicação de jogo do ano para o Red Dead Redemption II (Multi), a temática do faroeste voltou com força ao mercado de consoles caseiros. O que poucos sabem é que o “Velho Oeste” sempre esteve presente, mais precisamente desde a segunda geração de videogames.


O tema é forte, clássico e recorrente, sempre atraindo milhões de apaixonados de várias gerações, e muitas vezes contando histórias dramáticas da época da colonização norte-americana.

Esta matéria pretende fazer um breve histórico sobre ele, abordando os principais jogos lançados em cada geração e acompanhando o desenvolvimento deles conforme o evoluir tecnológico dos videogames.

Gun Fight (Astrocade/Atari 2600)

Primeiramente lançado em 1975 pela Taito Corporation e Midway Games para os arcades e, posteriormente, para os consoles caseiros, Gun Fight é um shooter em tela fixa onde dois pistoleiros faziam um tradicional duelo de armas ao pôr do sol. Quando um deles era atingido os dizeres “you got me” aparecia em cima do derrotado.

Este foi o primeiro jogo a retratar combate mano-a-mano. Também incluía obstáculos entre os personagens que bloqueavam os tiros, como cactos e diligências. As armas têm munição limitada, com seis projéteis para cada jogador. A rodada termina se ambos os jogadores ficarem sem munição. Os tiros também podem ricochetear nas bordas superior ou inferior do campo de jogo, permitindo que disparos indiretos sejam usados como uma possível estratégia.

Outlaw (Atari 2600)

Outlaw foi a resposta da Atari Inc. para o Gun Fight. Segue a mesma premissa do seu concorrente, com dois pistoleiros disputando a vida em um duelo e possuindo poucas diferenças. Entre as que podemos perceber estão a falta de ricochete das balas e a munição infinita dos duelistas.

O cenário muda a cada duelo, alternando o obstáculo que fica entre os dois rivais. Apesar de poder ser jogado solo, esse game é melhor aproveitado no modo para 2 jogadores.

Duelo no Velho Oeste - Showdown in 2100 A.D. (Odyssey²)

A exemplo dos dois jogos anteriores, Showdown in 2100 A.D, ou Duelo no Velho Oeste, como ficou conhecido aqui no Brasil, também é focado no embate entre dois cowboys sem nenhum motivo aparente. Foi a resposta da Magnavox aos jogos de cowboys da Atari.


Ele é bem semelhante ao Gun Fight, porém esta versão do Odyssey² é bem mais dinâmica e dramática. Os duelistas dispõem apenas de seis balas, porém eles podem recarregar ao tocar nas árvores que possuem a mesma cor do personagem (Player 1 azul e Player 2 vermelho). Outras diferenças são o número de obstáculos dentro do cenário, que são diversos arbustos que mudam de lugar a cada duelo e, além disso, as balas que podem ricochetear nesses arbustos.

O jogo foi lançado em 1979 pela Philips e desenvolvido pelo “homem dos jogos” da magnavox, Ed Averett.

Wanted (Master System)

Na terceira geração de consoles, os jogos com pistolas de luz estavam em alta e o Master System soube explorar muito bem isso trazendo vários títulos excelentes como Operation Wolf e Rescue Mission. Wanted também entra nessa lista com uma história bem linear, clichê e muito divertido. Nele você, com uma pistola em punho, sente-se realmente um xerife do velho oeste.

A história do jogo é simples, você é o xerife da cidade e precisa capturar todos os malfeitores que perturbam a paz. Assim como todos os jogos de tiro da época, o seu gameplay se resume a mirar rápida e precisamente nos adversários e atirar neles antes que atirem em você, e ao mesmo tempo se preocupar em não acertar os civis inocentes que cruzam a tela aleatoriamente. No final de cada nível você enfrenta um Boss até chegar ao líder derradeiro da gangue.

Wanted foi lançado em 1989 pela Sega e foi desenvolvido por Nannorio. Uma curiosidade sobre este jogo é que algumas tiragens americanas vieram com erro de impressão e, na descrição da história, acabou sendo printada com a de Cloud Master, o que levou a muitos americanos pensarem que o nome do Xerife seria Michael Chen.

Sunset Riders (Mega Drive/Snes)

Este é um dos jogos mais amados da 4ª geração. Lançado primeiramente para os arcades em 1991 pela Komani, e dois anos depois para os consoles caseiros. Nele pode-se escolher entre Steve, Billy, Bob e Cormano.

O jogo conta a história destes quatro pistoleiros que saem na caça de vários bandidos em busca de recompensa. O game possui oito fases e, conforme o jogador vai avançando, elas vão se tornando mais difíceis e as recompensas maiores. Cada fase representa uma parte dos Estados Unidos, com a primeira na costa oeste, indo a última na costa leste.

Diferentemente da versão dos arcades, onde se podia jogar com até quatro pessoas, as versões caseiras só permitem dois jogadores simultâneos, sendo a versão do Mega Drive mais “capada”, uma vez que possui apenas dois personagens jogáveis, Steve e Cormano.

Uma curiosidade deste jogo é quando enfrentamos o inimigo chamado El Greco. Ele é arqui-inimigo de Cormano e quando o derrotamos como tal, o nosso herói mexicano pega o sombreiro do seu rival e passa a usá-lo até o final do jogo.

Wild Guns (SNES)

Wild Guns foi um grande sucesso do Super Nintendo. Lançado em 1994, foi desenvolvido pela Natsume e publicadoa pela Titus Software. Adota um gameplay diferenciado, num cenário de faroeste com toques futuristas e câmera em 3ª pessoa, onde devemos mirar nos inimigos que aparecem na tela e, ao mesmo tempo, desviar da chuva de balas disparada por eles.

Existem dois personagens selecionáveis, Clint e Annie, porém não existe qualquer diferença de habilidade entre os dois. Além disso, é permitido jogar tanto com um ou dois jogadores. Seu gameplay é frenético e conta com seis fases, cada uma delas subdivididas em três, cuja dificuldade vai aumentando conforme se avança no jogo.

Os pontos fortes do games são seus gráficos muito bem detalhados, que contam inclusive com a possibilidade de se destruir praticamente tudo na base do tiro, e sua trilha sonora empolgante composta por Hiroyuki Iwatsuki e Haruo Ohashi. Este é um dos grandes clássicos do Snes e item obrigatório na biblioteca de quem ainda tem um.

Mad Dog McCree (3DO)

Um grande clássico dos arcades e um dos principais títulos do mal aproveitado 3DO. Seu gameplay é simples, um clássico jogo de pistola onde devemos rapidamente mirar, atirar e acertar os adversários antes que eles atirem em nós.

O diferencial deste jogo é que ele foi feito totalmente em Full Motion Video, ou seja, ele é praticamente um filme interativo, com atores de verdade, que reagem conforme acertamos ou não os adversários com a Light Gun.

A história do jogo conta que um bandido chamado Mad Dog McCree e seu bando de assassinos sanguinários tomaram conta da cidade, sequestrando o prefeito e sua filha. A partir daí cabe a você, como herói da cidade, derrotar o bando de McCree e salvar a cidade.

Mesmo com essa história clichê o jogo é muito divertido, precisando muito de foco e concentração do jogador para conseguir chegar até o final. Este é um dos grandes clássicos dos videogames, feito no auge da American Laser Games (produtora do jogo) que abusou – e acertou muitas vezes – dos jogos de tiro em FMV nos anos 1990. Em 2013 o jogo ganhou um remaster para PS3, disponível apenas para download pela PSN.

Red Dead Revolver (PlayStation 2/Xbox)

Antes de estourar com Red Dead Redemption (X360/PS3), a Rockstar havia lançado, em 2004, Red Dead Revolver, dando início à série. Se existe o faroeste spaghetti nos cinemas, este é o faroeste spaghetti dos videogames.

O jogo conta a história de Red Harlow, um caçador de recompensas. Já se inicia com o protagonista em meio a um tiroteio contra a gangue de Blood Tom. A partir daí o enredo vai se desenvolvendo, com Red, após derrotar a gangue, indo receber sua recompensa em Widow’s Patch, onde é atacado por outra gangue, a de Ugly Chris, comseguindl derrotá-los com a ajuda do xerife da cidade.

O enredo deste jogo não é tão rico como o dos seus sucessores, primando muito mais pela ação. É um jogo bastante violento e cheio de tiroteios, muito inspirado no Faroeste Italiano – ou Faroeste Spaguetti. Este primeiro título teve uma recepção até boa pela crítica, recebendo uma pontuação média de 75% no GameRankings, e vendendo em 12 de março de 2008 mais de um milhão e meio de cópias.

Gun (Multi)

Produzido pela Activision e lançado em 2005, o jogo conta a história de Colton White, que procura vingar a morte de seu pai. Ele é ambientado na cidade de Quivira, no Novo México.

Usando a perspectiva de 3ª pessoa, ele coloca o jogador em um mundo aberto e com várias missões a serem cumpridas, desenvolvendo o enredo da história. Além disso, pode-se optar em fazer missões paralelas como capturar bandidos e até caçar animais. Um destaque para este jogo é a modalidade do Quick draw que deixa o tempo mais lento e facilita o encontro com todos os inimigos com velocidade e precisão (mudando a visão para a primeira pessoa ).

Gun é um jogo bem interessante e divertido, e apesar de não ter uma história cativante, ele prende o jogador muito mais pela ação. Vale destacar que a dublagem do personagem principal é feita por Thomas Jane, o ator que deu vida ao Justiceiro do filme de 2004.

Call of Juarez: Bound in Blood (Multi)

Feito em primeira pessoa, Call of Juarez é um FPS alucinante, conseguindo trazer a melhor experiência possível de entrar em um verdadeiro filme de faroeste. É mais um Spaguetti da lista, usando elementos bastante similares aos de Gun.

O jogo traz dois personagens jogáveis, Ray e Thomas McCall, e cada um deles traz uma história diferente, e dependendo de qual dos personagens você escolha o jogo vai tomando rumos diferentes no enredo, além de cada um ter habilidades diferentes. Por exemplo, Thomas pode usar o laço para escalar locais altos para proteger Ray, enquanto ele ataca ou joga dinamites em diferentes áreas.

Um diferencial é que o jogador, no final de algumas fases, terá a oportunidade de duelar com o líder do grupo rival no melhor estilo bang bang, onde os dois permanecem em um círculo com o revólver preso ao coldre. Quando o sino badalar, ambos devem sacar a arma, vencendo aquele que disparar mais rapidamente um tiro letal no oponente. Um jogo bastante divertido e frenético que coloca você dentro de um verdadeiro faroeste italiano

Red Dead Redemption (X360/PS3)

Desde o seu lançamento, nunca tinha se falado tanto em um jogo de faroeste. Red Dead Redemption foi realmente uma redenção a este gênero. Se seu antecessor teve uma recepção um tanto morna, Redemption conseguiu elevar muito o status da franquia trazendo uma nova cara ao gênero.

Ambientado em 1911 e trazendo uma perspectiva em 3ª pessoa, o jogo foi logo batizado de GTA do Velho Oeste. Inovando com uma história bastante complexa, cheia de reviravoltas e um final, chocante e inesperado, RDR foi um grande sucesso. Recebeu elogios de crítica e de fãs, e inclusive venceu o Video Game Awards de 2010.

Um Tema Fascinante

A história do Velho Oeste Americano sempre fascinou gerações de pessoas. Seja por seu lado violento nas disputas de terra, nas guerras do final do século 19, ou, até mesmo, pelo seu lado romântico do velho cowboy protetor e heroico, o tema foi muito bem explorado por anos e sempre trazendo histórias incríveis.


Nos cinemas e nas HQs o faroeste é fonte riquíssima de história e não demoraria muito para que este tema mergulhasse na nova mídia, os videogames. Claro que no começo era bem acanhado, não passando de jogos inspirados no velho duelo de pistoleiros. Porém, com o avançar tecnológico, as histórias destes jogos puderam evoluir, chegando a um ponto de se tornarem tão reais, tão críveis e tão tocantes quanto àquelas contadas por John Ford e interpretadas magistralmente pelos eternos John Wayne e Clint Eastwod.

Por isso esse tema é eterno, e com o atual estágio de evolução dos videogames, ele ganhou mais um lugar para ser apreciado do modo que merece: prendendo ainda mais o jogadores, vivem e se emocionam com cada uma dessas histórias ambientadas no Velho Oeste Americano.

Revisão: Francisco Camilo

Jornalista, advogado e músico, ofícios que exerço com paixão. O amor pelos videogames veio no mesmo período que me apaixonei pela música, quando ganhei meu primeiro console - o Philips Odyssey - foi amor a primeira vista, é uma relação eterna com o mundo dos games
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.